A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Enquanto se espera o vôo WEBJET 6790 - Rio de Janeiro - Brasília

O Rio de janeiro amanheceu chorando. A chuva que desce pode ser o pranto sobre um mundo desolado, mas ainda sim estou feliz. Casamento é felicidade (o do Diogo, meu irmão), apesar de que o mundo não grite isso, casamento ainda é o suspiro esperançoso sobre a vida em conjunto. Santos Dummont fechado para pousos e decolagens. Meus intestinos dão sinais da angústia que percorre o teólogo que não se refugia na “doutrinação” caótica de uma igreja arcaica. É verdade, faz quinze dias que estou descompensado intestinalmente, as dúvidas de duas perguntas que me foram feitas me assolam e me desregulam o intestino.

1 – Professor Osvaldo soltou essa na aula de teologia e método: “Como podemos pensar teologia, cristologia, eclesiologia, teísmo, deísmo no século XXI sem nos omitirmos do século XIX”? É, mais uma profecia “osvaldiana” se cumpre. A teologia se for levada a sério causa angústia e “meche com as tripas do indivíduo”. O bagulho é doido, rs... O século XIX abala a teologia e os alicerces da igreja de tal forma que o mais renomado teólogo do século posterior simplesmente se ilude na tentativa de impor a inexistência de um século inteiro. Desculpe-me Karl Bath, os “cavaleiros do apocalipse” existiram, e o preço da sua existência é a morte de “Deus” com todo o medievalismo que acompanhou o conceito simbólico “DELE”.

2 – Priscila, colega de seminário e futura “esposa de pastor” (rs...) perguntou-me curta e grossa: O que é pregação? É, mais uma vez sinto um barulho “surdo” do movimento peristáltico na extensão final cólon intestinal. Outra pergunta que meche com o interior do ser, me permiti passar esses quatro anos de formação encarando de forma mais sincera e visceral possível por esse tempo de formação teológico.

Para tais perguntas só me vêem à mente uma frase: “PEITO ABERTO, CORAÇÃO ESCANCARADO E CERTEZA DA DÚVIDA. E essa frase é de minha autoria. A única possibilidade de responder as duas é assumir que teologia é “vento no rosto”, no sentido de que é um caminho único e solitariamente seu. Ninguém vai à sua frente, todas as duvidas são suas e devem ser vividas até à próstata (palavra que no STBSB ganha a conotação de mais profunda intimidade possível ao gênero masculino).

Peito aberto na intenção obrigatória de assumir uma postura que seja realmente sua, e não falsamente implantada em sua mente como forma de doutrina “humanamente inspirada”.

Coração escancarado na intenção de se abrir sem a pretensão de ser o “representante legal” de Deus na Terra. Assumir o fato de que tanto a teologia como a pregação são “seus discursos” numa clara intenção de que em primeira instância o discurso possa atingir o autor do próprio discurso, e portanto apresenta com franqueza do “SER” apenas suas palavras. Dizer aos ouvintes ou leitores que são palavras suas, mas com uma intenção sincera de que esse discurso seja tão enfático no coração de quem escuta como foi no coração de quem proferiu o discurso, e que pode mudar. A teologia como a pregação é como o maná do deserto, não serve para a posteridade, mas é único e se renova com o profeta discursivo.

A certeza da dúvida por não ter a mínima certeza ou intenção de saber sobre a eternidade, mas se dar à pesquisa e à busca, com uma sinceridade avassaladora. “È dizer a cada instante: Não sei se Deus é esse símbolo que vos apresento, mas é, a mais sincera forma que busquei e que me arrebatou, portanto apresento-lhes ELE como"EU" o vejo”.

Como pensar isso em uma igreja não sei. Espero conseguir pensar e escrever isso em quatro anos. Meu consolo é que nem Bonhoeffer conseguiu (morreu ou foi morto antes de concluir sua teologia).

Enquanto isso apenas me entrego, em busca da razão e da fé. Deixa-me ir que está na hora do meu vôo, o aeroporto finalmente voltou a operar.

Thiago Barbosa

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Dissenções sob um olhar ontológico (pastoral rs...)

Dissensões relatadas na igreja primitiva e a contemporaneidade junto às igrejas reformadas


Algo facilmente notado junto ao movimento eclesiástico protestante moderno são a formação e reformulação de dezenas, centenas e porque não milhares de denominações.
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Mesmo não sendo grande conhecedor dos escritos paulinos é inegável sua contribuição junto ao ministério da palavra a respeito do reino de Deus. Observando as igrejas “primitivas” penso ter duas com um contexto cultural, histórico e religioso extremamente difícil de serem trabalhadas. Naquele momento, fatos concernentes à igreja vêem acontecendo sistematicamente. A separação dos discípulos diretos de Jesus e a disseminação do evangelho da Graça de Deus por intermédio de Jesus Cristo começam a ser pregado junto ao mundo antigo. Localidades como Jerusalém e Roma, sob minha perspectiva, deveriam ser os locais mais difíceis de serem alcançadas com os ensinamentos puramente cristãos, pelo fato de o judaísmo legal de Jerusalém, bem como o paganismo e o sincretismo com a sociedade grega observada junto ao império romano fazerem que com certeza tais localidades fossem importantíssimas no âmbito de se fazer crescer as verdades do Messias. O evangelho prosperando em solo tão inóspito com certeza animaria e alavancaria os trabalhos dos lideres da igreja primitiva
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Jerusalém apresenta uma cultura onde a religião se funde a conceitos políticos. O judaísmo assume não apenas um aspecto religioso, mas social, econômico e histórico. A liturgia do judaísmo ganha grande relevância ante a pratica simplista do cristianismo. Dois pontos deveriam ser observados indubitavelmente: Amarás a Deus acima de todas as coisas e de forma igualitária a esse primeiro “mandamento” amarás ao teu próximo como a Ti mesmo. Não seriam necessários novamente os sacrifícios, oferendas e sacerdotes. Apenas amor incondicional a Deus e como fruto do amor incondicional a Deus o amor ao próximo.
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O politeísmo grego associado ao paganismo e animismo de todas as nações colonizadas pelo império romano faz com que esta cultura se perca e seja um ponto onde tudo é possível. A miscelânea entre culturas, sociedades e povos tão distintos tornam Roma “mãe de todos os males”.
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Podemos observar essas preocupações nas cartas de Paulo direcionadas aos romanos (Rom. 1, 18-32) na sucinta descrição em relação à sociedade romana vigente. Interessante que na continuação da mesma epístola observamos que o senso de justiça humano é desaprovado com a instituição da justiça divina. Sim, não há um só homem instituído como juiz sobre a humanidade, o sacrifício de Cristo é eficaz na remissão e salvação do homem já que não existe um só justo e a justiça se dá por intermédio de Jesus Cristo (Rom.3, 21-24).
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Nesse contexto de conturbação social apresentado na cultura romana seria salutar que os cristãos residentes zelassem de forma exacerbada contra toda a forma de deturpação do genuíno evangelho de Cristo. Esse zelo seria inclusive aconselhável para que a integridade das mensagens e dos ensinamentos fosse mantida. Todavia esse fator de considerável relevância no contexto histórico e social da época causa uma facção junto à igreja devido à ação aos líderes locais. Paulo enfatiza o fato de nos auxiliarmos no processo de maturidade e crescimento espiritual. “Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos. Um crê que pode comer de tudo, já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais. Aquele que come de tudo não deve condenar aquele que come vegetal. Já o que comem vegetais não deve condenar aquele que come de tudo, pois Deus o aceitou. Quem é você pra julgar servo alheio? É para o seu Senhor que ele está em pé ou cai” (Rom. 14, 1-4a).
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Sim, a manutenção da doutrina a todo e qualquer custo é menos importante que a manutenção e auxilio do meu irmão junto à maturidade e crescimento espiritual. A comparação com o trato disgestório realizada por Paulo foi extremamente peculiar no ponto em que analisamos as possibilidades da digestão e a comparação entre organismos essencialmente herbívoros e onívoros.
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Grosso modo herbívoros são organismos que se alimentam unicamente de vegetais. Existem adaptações anatômicas e fisiológicas que permitem que esses organismos se adaptem a esse nicho ecológico. Organismos onívoros além de suas adaptações anatômicas e fisiológicas notam também variações mais profundas como as sociais. As adaptações sociais não dependem apenas de si, mas da relação entre organismos de diferentes grupos. O desenvolvimento pleno de um onívoro é mais complexa no âmbito biológico que o herbívoro. As interações sociais são as respostas e perguntas, as dúvidas e questionamentos, a liberdade de cada ser humano tornar-se único e individual na coletividade da igreja. Sim, a genialidade comparativa de Paulo prossegue ao nos comparar a um corpo onde Cristo é a cabeça. Nas subdivisões biológicas por complexidade observamos que indivíduos são células, unidades básicas, morfofisiológicas formadoras de organismos vivos. Sim novamente observamos que a importância orgânica da igreja não se dá apenas com uma célula, mas sim no desenvolvimento maduro e eficaz de um órgão. É verdade, somos células na nossa individualidade, mas, necessitamos ser órgãos para o desenvolvimento do corpo onde a cabeça é Cristo. A maior notoriedade da simplicidade herbívora em detrimento da complexidade onívora torna-se um ponto de união sob a ótica paulina e não um ponto para dissensões.
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Sim, nós onívoros devemos nos apiedar, amar e auxiliar nossos irmãos herbívoros, de modo que todos sejamos apenas organismos sem complexidade alguma na eterna e sobrenatural simplicidade do evangelho de JESUS CRISTO.
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O que observamos na igreja moderna novamente é um verdadeiro oceano de dissensões em seu âmago. Novas denominações simplesmente brotam da noite para o dia pelo simples fato de não concordarem com seus dirigentes. Somos ovelhas pastoreando ovelhas, cegos guiando cegos para um abismo de idéias puramente humanas vestidas em trapos denominados evangelho. O Evangelho não provoca separações, provoca o amor. E na ponta oposta existem os que se agarram a uma denominação tal qual os romanos e hebreus exortados por Paulo. Não somos cristãos, somos nossas denominações, nos formamos como um amontoado de rancor e legalismo histórico e falho. Se na sua essência as denominações são humanas e a humanidade é falha, as denominações são invariavelmente falhas. Por isso Paulo incentiva e fomenta o auxilio entre os irmãos, para que deixemos a soberba e prepotência denominacional de lado no intuito de gerarmos o arrependimento e salvação do homem através de Jesus Cristo como denominação pura e infalível em nossos corações.





NA PAZ QUE EXCEDE TODO O ENTENDIMENTO.

Thiago Barbosa

Quando a catequese é maior que o prazer..."divinamente inspirado"

A deturpação de um conceito
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Na época da Igreja apostólica, o celibato possui um valor positivo e é reconhecido como estado de vida ao lado do matrimônio. Tanto um como o outro eram vistos como carismas particulares. É possível que tenha havido casos de matrimônios “espirituais”, em que homem e mulher viviam juntos como irmãos (Paulo fala de uma situação como esta em sua primeira epístola aos Coríntios, por volta do ano 57). No final do séc. I e no séc. II existem muitos homens e mulheres celibatários (ascetas e virgens) “em honra da carne do Senhor” (Inácio de Antioquia). A princípio, havia uma ambigüidade entre a virgindade e o estado de viuvez permanente. Por volta de 150, Justino se refere a homens e mulheres que se conservaram “incorruptos”, alcançando a idade de 60 ou 70 anos. O mesmo diz Atenágoras, em torno do ano 177. Apesar disso, ainda não existe no séc. II uma forma definida para o celibato cristão.
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Na virada do segundo para o terceiro século, sob influência da gnose e do encratismo, surgem apologias a favor do celibato como estado de vida melhor do que o matrimônio. Clemente de Alexandria defende a santidade do casamento e ensina que a continência só é virtuosa quando vivida por amor a Deus. Aos poucos começa a se impor um novo ponto de vista, que considera a virgindade como uma forma de matrimônio místico com o Senhor. Após o ano 200, as “virgines Deo devotae” usam véu para indicar suas núpcias espirituais (Tertuliano, Sobre a oração, 22, escrito entre 200 e 206). Mas o voto de virgindade não possui caráter de ordenação, como atesta Hipólito em sua Tradição Apostólica.
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Para Orígenes (que havia se castrado depois de ler Mt 19,12, detalhe peculiar) a virgindade supera o matrimônio porque enquanto este é figura da união de Cristo com a Igreja, aquela é sua realização mística e mais perfeita. Novaciano compara a virgindade com o estado angélico e Tertuliano leva ao extremo a sua exaltação, influenciado pelo montanismo. Cipriano vê a consagração virginal como esponsais com Cristo. Ele é o primeiro a usar o termo “virgindade” para se referir ao celibato masculino. Metódio de Olimpo (+311) fala dos celibatários Elias, Eliseu, João Batista, João Evangelista e Paulo, entre outros.
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Atanásio (295-373), que conhece o ideal monástico de Santo Antão, define o matrimônio como “via mundana”, enquanto a virgindade é o caminho mais eficaz para alcançar a perfeição.
Quando se encerrar o terceiro século, o celibato terá finalmente encontrado seu lugar na vida e na espiritualidade cristãs: estado superior ao casamento, comparado com a condição angélica, esponsais com Cristo, núpcias místicas, oferecimento total e perfeito a Deus. O monarquismo lhe dará forte impulso.
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No ano 300, o Concílio de Elvira, na Espanha, determina a obrigatoriedade do celibato para os padres e bispos da província. Com o passar do tempo esta disciplina se estenderá a toda a Igreja.
Para encerrarmos este assunto notamos em Gênesis 1:28 que uma ordem direta ao homem é dada: Frutifica, multiplica e sujeita a Terra. Antes mesmo da queda da humanidade por intermédio de Adão o sexo havia sido instituído como forma crescimento e manutenção da espécie pelo próprio Deus. A sacralidade do sexo é obra divina, a deturpação do sexo é obra humana. O prazer na relação sexual entre marido e mulher denota a intimidade do casal, portanto não devemos imaginar também a obrigatoriedade do sexo somente para atitude de reprodução, mas também como forma de prazer e intimidade de um casal.
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O livro de Gênesis, capítulo dois, a partir do verso dezoito observamos o ato de criação da mulher, ainda antes da queda. A instituição da família como molde eficaz de conduta e relacionamento entre a humanidade e o Criador é efetiva e demonstrada pela santidade do “HOMEM” antes da queda. Imaginar que um processo de santificação se dá diretamente proporcional à abstinência sexual em detrimento da formação familiar é afirmar a possibilidade do próprio homem estabelecer uma conexão viável e verídica entre humanidade e Divindade, desta forma, menosprezando o sacrifício de Jesus Cristo.
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Puxa, ainda bem que não me prendi nessa doutrina e hoje a Carol é minha...UFA... Escapei...
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Thiago Barbosa

sábado, 23 de maio de 2009

Aquele que procura amigos sem defeitos, termina sem amigos.

"Se morreres antes de mim, pergunte se podes levar um amigo" - StoneTemple

Sabe, sou um cara feliz. Não pelo imediatismo de um prêmio na loteria, o que seria de uma alegria talvez imensurável, mas pelo fato de ter amigos. E é nisso que vago nesta manhã.

Lembro ainda de Goiânia, cidade onde nasci e me criei e dos amigos que lá tenho. Ok são poucos, mas fiéis e indissolúveis. O primeiro que cito é meu tio Vagner.

Ele já se foi prematuramente, tudo que é bom dura pouco, e isso foi verídico para com ele. Um acidente o tirou de nós no mundo físico, mas na minha mística cristã ele ainda se faz presente na metafísica da memória. Seus ensinamentos hoje são mais fortes que nunca. A iconoclastia aprendi com ele, “trace seus próprios caminhos, e se você quebrar a cara fala comigo”. Sábias palavras, hoje me ajudam a quebrar tudo, me tornei um iconoclasta, para o beneplácito da teologia que se constrói a golpes de marreta e picareta. A necessidade do trabalho, braçal ou intelectual que fosse para dignificar o homem. “ O que tem que ser é porque é, e não porque te falam”. E finalmente a necessidade de ser você mesmo, doa a quem doer, para que não destrua a única coisa que realmente nos pertence, o pensamento próprio. (acho que a dor da perda me impede de lembrar a data exata de seu falecimento, mas lembrar pra que?)

Depois vêm os primos, Ighor e Ikaro, hora próximos, hora distantes, mas sempre presentes. A infância constrói e fomos construídos juntos. Com os chás de canela (eca!) e pão fresquinho depois dos esportes na Praça de Desportos do St. dos Funcionários. Bem como as idas e vindas do Antonio Acciolly pra ver o Dragão jogar. Ou as corridas dos "malas" do jd. Guanabara, as pipas e bicicleta no cemitério Parque. Construção é construção. Fora os "delitos" do morro do além.

Enfim o triunvirato da IBC. Diogo (meu irmão de sangue), Thiaguinho e Cidão (meus irmãos de alma). Faça chuva ou sol, levante ou bonanza. As Brigas foram inúmeras, mas decidimos ser amigos uns dos outros, mesmo que os "outros" não quisessem, e agora se aproxima o casamento do último “garrote”. Nossas histórias acabam se chocando, conto histórias que penso serem minhas, e quando forço na memória são deles. Noites, madrugadas, somos os morcegos do bate-papo. Noites infindáveis na “padarosa”, as reuniões na sombra noturna do abacateiro do Acampamento da IBC. Abacateiro que nos viu nascer, crescer e transitarmos de meninos a homens. A data que iniciou essa peregrinação por nossos "EUS" eu me lembro bem, carnaval de 1993, CONJUBEG. Daí em diante é quatro em uma só carne, e em breve seremos oito em uma só carne.

Crescemos, amadurecemos e eu saí. Palmas foi o destino e quando pensei que os amigos estavam completos e totalmente selecionados vem o “bastardo”, a rapa do tacho. Davi aparece nesse contexto. Ontologicamente Deus me olhou e teve misericórdia, e em suas “gracinhas” divinas trouxe-me o "monsenhor" de Pv. 17:17.

Novamente fugi, agora, como Jonas visualizou o aparelho digestório do “grande peixe” eu visualizo uma nova realidade que constrói desconstruindo. Nisso surgem dois iconoclastas, com histórias diversas e que se prontificam ao cargo de amigos, por enquanto saem-se muito bem nas avaliações. Mas o futuro não nos pertence, pertence à subjetividade. A avaliação vocês que lêem podem acompanhar pois se dá nesse humilde e pretencioso (paradoxo novamente) BLOG.

E na finalização só poderia ocorrer uma poesia magistral que retrata esse momento saudosista, caricato e esperançoso, de que o futuro seja tão agradável, ou mais, quanto foi o passado.



Composição: Fernando Brant e Milton Nascimento

Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.

Thiago Barbosa

SEXO X LUXÚRIA. Uma abordagem pastoral

LUXÚRIA - A luxúria é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material.

Segundo a Doutrina Católica consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema, lascívia e sensualidade. No caso da luxúria há diversas ramificações como, por exemplo, a prostituição, sodomia, pornografia, incesto, masturbação, pedofilia, zoofilia ou bestialismo, fetichismo, sadismo e masoquismo, desvios sexuais, e tantos outros pecados relacionados com a carne. A luxúria segundo a mesma doutrina pode acarretar em consequências como por exemplo o estímulo ao aborto (no caso de gravidez indesejada), transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, abuso sexual (no caso de pessoas com desvios sexuais que buscam na submissão do outro o seu prazer ou em pessoas que sofreram na infância tais abusos).
Portanto a Luxúria seria uma porta de acesso à outros pecados (Desvios Morais).

Em Bhagavad Gita o Senhor Krishna disse: é a luxúria, nascida dentre a paixão, que se transforma em ira quando insatisfeita. A luxúria é insaciável, e é um grande demônio.

Asmodeus (em grego: Asmaidos, em latim: Asmodaeus, Asmodäus, em hebraico: Aschmedai (Talmud)) é um demônio da mitologia do Judaísmo (Livro de Tobias 3,8,17).
Asmodeus é considerado um dos cinco príncipes do inferno abaixo de Lúcifer. É o demônio regente do sexo e da Luxúria. Também influi nas brigas entre casais. No livro deuterocanonico de Tobias, é citado como o assassino dos noivos de Sara. Deus envia o Arcanjo Rafael para guiar Tobias, encontrar Sara e prender o dêmonio nos mais altos picos terrestres. Depois de completar sua missão, o Arcanjo cura Tobit pai de Tobias e retorna para a Corte celeste. Seria um ponto de partida pensarmos em uma entidade demoníaca unicamente responsável por trabalhar os problemas de convivência entre cônjuges bem como a distorção e exarcebação de qualquer conduta sexual.

Observamos como nos dias atuais ocorre uma deturpação do sexo, com frequêntes disturbios de condutas sexuais, diversas “orientações” sexuais abordadas com naturalidade entre todas as ramificações sociais. A orientação homossexual sai de um campo biopsicológico e entra em um terreno puramente socio-econômico. Ser gay “vende”. Crescem em nosso meio o apoio a gupos homossexuais e isso é notável em novelas, filmes, seriados, debates com personalidades brasileiras ou internacionais. O problema é que como nós “evangélicos” assumimos uma conduta de total repudia mesmo sem buscarmos conhecimentos sobre o assunto, tudo embasado em pastores televisivos que assumem o “rosto” do povo evangélico. Não estou aqui fazendo apologia aos homossexuais até porque sou contrário á conduta esboçada por eles. Não concordo com a homossexualidade, mas como cristão devo amar os homossexuais. Falo veementemente contra a conduta homossexual, mas não contra a “pessoa” homossexual, esta precisa de auxilio, conselhos, e principalmente nossas incessantes orações para o abandono das práticas más, tanto quanto o assassino, o estelionatário, o mentiroso, o adúltero e o omisso.

Cria-se a partir da década de 1980 um movimento não fomentando a homossexualidade, mas fomentando o homossexualismo. O homosexualismo é a utilização de uma conduta homossexual para cunho político-econômico-social utilizando-se dos próprios homossexuais como massa de manobra como toda a população em torno de um assunto de cunho biológico ou psicológico.

Portanto afirmo categoricamente, devemos amar os homossexuais buscando mostrar-lhes o caminho da luz, mas a HOMOSSEXUALIDADE É PECADO, e o HOMOSSEXUALISMO É ABOMINÁVEL.

A luxúria como exacerbação do extinto sexual deturpa o sexo criado pelo próprio Deus antes da queda do homem. O sexo é santo é a simbologia da união de homem e mulher em uma só carne, portanto o próprio casamento não se dá em um templo religioso ou sob a benção de um pastor, em minha opinião pessoal tudo isso é importante, tanto a benção quanto a parte ritualística do matrimônio, mas ele só é de fato consumado no ato sexual do casal. É nas núpcias que nos tornamos veridicamente casados.

Por isso notamos tantas vezes no texto sagrado passagens que nos alertam sobre os casamentos em “julgo desigual” ou mesmo sobre o sexo antes do casamento, simplesmente pela sacralidade existente no ato sexual.

Gênesis 2:24
Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne.

Mateus 19:4
Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez,

Mateus19:5
E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?

Mateus 19:6
Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.

ll Coríntios 6:14 - Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?

Paulo na epístola aos gálatas adverte que a imoralidade sexual, a impureza e as ações indecentes são frutos de uma natureza humana decaída e, portanto, carente de um relacionamento saudável com Deus.

Prostituição é um termo amplo, que descreve relações sexuais ilícitas. Sua origem, como pode ser entendida pela tradução comum, "prostituição", vem de uma palavra que descrevia "amor" que pode ser comprado e vendido, onde uma pessoa é usada e descartada. Em vez de restringir as relações sexuais como Deus tencionava (somente a um casamento legal, por toda a vida, de um homem com uma mulher, Gênesis 2:24; Hebreus 13:4), aqueles que praticam a prostituição fazem do sexo uma paixão carnal barata e vazia.

Impureza significa basicamente sujeira. Ela fala da impureza que corrompe a moralidade e a alma de uma pessoa. Ela pode ser usada para falar de impureza religiosa, mas também veio a significar corrupção moral. Esta impureza separa uma pessoa de Deus, que é puro e santo.
As ações indecentes são usualmente traduzidas em algumas versões de exemplares bíblicos como lascívia que sugere um amor ao pecado, de quem perdeu sua vergonha e imprudentemente viola a lei de Deus. É normalmente usada para falar de tal atitude para com os pecados sexuais.
l Coríntios 6:16-18 - Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo. Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne. Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito. Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?

Mateus 5:27-28 – “ouvistes o que foi dito aos antigos, não cometeis adultério, eu porem vos digo que se olhares para uma mulher com mal pensamento para com ela já cometestes adultério com ela em seu coração”.

Incrível, Jesus, proferindo o afamado sermão da montanha mostra o nível de intimidade que deveria apresentar o homem junto a Deus. Um relacionamento não sedimentado em apresentações, visualizações ou mesmo dogmas de um conceito meramente religioso ou legal para os Judeus. Agora existe uma intimidade inerente na relação Deus-Homem, Ele sonda nossos pensamentos, ronda nosso coração. Está interessado não somente no que apresentamos junto à sociedade mas o que realmente habita nosso pensamento mais intimo.

Um convite pertinente à vigilância; olhos, ouvidos e pensamentos, todos vertidos em uma busca pela relação intimista e duradoura com Deus.

Em contraposição à luxuria encontramos a castidade que é o comportamento voluntário de abstinência de prazeres e de prática de atos sexuais, seja por motivos religiosos ou sociais.

Entende-se também uma busca pelo “puro”, casto.
Castidade diz respeito aos prazeres sensuais, e nisso já se acha outra fonte de constantes equívocos. Pois sensual não é necessariamente o mesmo que sexual, embora possa haver conexão entre ambos. Sensual é tudo aquilo que diz respeito aos sentidos (os cinco clássicos ou tantos quantos possam ser identificados).

Assim, ao se falar que "castidade é abstinência total dos prazeres sensuais (sendo isso um compromisso ou voto de castidade), é preciso ter em mente o significado preciso de "sensualidade", muito embora, a compreensão esperada e sugerida, na maioria das vezes, seja de sensualidade no sentido de atributo de atração sexual.

O fato da castidade ser uma manifestação da virtude da temperança não significa que esteja desvinculada de outras virtudes humanas, na verdade a castidade se relaciona com qualquer manifestação da vida humana. Segundo Giulia Veronese "a castidade é mais do que a simples continência. A castidade sexual expressa a renúncia consciente e vigilante da sexualidade (entendida como exercício do sexo ou que pode conduzir a ele) por parte da pessoa, obedecendo a fins mais elevados. A castidade é o resultado normal de uma eleição humana; representa a exigente coerência com valores superiores, requer o compromisso pleno de si mesmo e o coração que quer permanecer na sua integridade. Pressupõe sempre uma consciência, mais ou menos clara, do valor da sexualidade na sua dupla finalidade de procriação e amor”. Quando observamos o termo castidade junto ao dicionário notamos uma conotação de pureza e não somente de abstenção do ato sexual. Portanto, podemos afirmar que a castidade não é a fuga da sexualidade, mas o desapego à toda forma que proporciona a deturpação dessa sexulidade, lembrando sempre da sacralidade do sexo intra-matrimonial.

É visivel uma confusão entre os termos castidade e celibato. O celibato é o estado de uma pessoa solteira, sexualmente abstinente, que fez voto de castidade. Tal voto é exigido pela Igreja Católica a todas as hierarquias sacerdotais, e também aos probacionistas (padres e freiras) por algumas escolas iniciáticas ocultistas.

Thiago Barbosa

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O pior cego é o que não quer ver. ("fator abridor de olhos")

Brincando pela internet consegui encontrar o texto de Anselmo Borges. Mandei para o e-mail da turma justamente com o título que posto aqui. Não deu outra, teve gente que não entendeu. Portanto, tento explicar.
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1 - O pior cego é o que não quer ver. Vemos exposto um intento desesperado para mostrar a manutenção da religião no século XXI. Em minhas vistas é cegueira por confundirmos cristianismo com religião. Concordo que errôneamente ele virou, mas o intento aqui apontado é dizer que mesmo as reações críticas abordadas no século XIX não causaram danos na "igreja". Falácia, o século XIX causou crateras que sangram. E nem Karl Barth, Rudolf Bultmann e Paul Tillich com todos os sacerdotes católicos juntos conseguiram reconstituir tais lesões.
2 - fator abridor de olhos - vide "fator Melquisedeque".
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Aproveite a leitura, sempre serve como incentivo a uma "hermenêutica alegoricamente livre".
Thiago Barbosa
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opiniao
O SÉCULO XXI SERÁ RELIGIOSO?
por Anselmo Borges padre e professor de Filosofia06 Setembro 2008
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Há aquele dito, constantemente repetido, atribuído a André Malraux: "O século XXI será religioso ou pura e simplesmente não será." Mas ele negou ser o seu autor. Prevenindo para o perigo do vazio espiritual da civilização ocidental - "civilização das máquinas e da ciência superpotente, mas incapaz de dar ao Homem uma razão de viver" -, o que disse foi: "Nunca disse isso. O que digo é mais incerto. Não excluo um acontecimento espiritual à escala planetária."
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Segundo a revista Philosophie magazine, no número de Setembro, donde tiro as citações, a expressão de Malraux acabaria por antecipar o grande abalo, à escala do planeta, da passagem do racionalismo das Luzes ao retorno do religioso nas suas múltiplas facetas. Ainda no quadro do Iluminismo, E. Renan escreveu, em O Futuro da Ciência, que "a humanidade que sabe" iria substituir "a humanidade que crê". Depois, os "filósofos da suspeita", Marx, Nietzsche e Freud, denunciarão a religião não apenas como superstição, mas como neurose colectiva, ópio do povo, ódio da vida, concluindo o seu processo com a sentença da "morte de Deus". Mas, como escreve Martin Legros, afinal, "o século XXI parece estruturar-se mais à volta das identidades e das crenças religiosas do que da razão". Para Max Weber, a modernidade caracterizava- se pelo "desencantamento do mundo", entendido como "o abandono da magia como técnica de salvação".
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Tinha, no entanto, a convicção de que o processo de racionalização deixaria em aberto a questão do sentido. A secularização não responde às perguntas metafísicas. Assim, outro sociólogo, Peter Berger, reviu a sua tese da secularização no sentido de secularismo, escrevendo que "o mundo actual é tudo menos o mundo secularizado que tinha sido anunciado, para gáudio de uns e lamento de outros, por tantos analistas da modernidade. Não existe nenhuma razão para pensar que o mundo do século XXI será menos religioso". Os dados estão aí, quando se considera "a geopolítica da fé". Há um progresso fulgurante do islão, com 1300 milhões de fiéis, ultrapassando o número dos católicos, e do neo-protestantismo - sobretudo do evangelismo pentecostal, "centrado na adesão pessoal, no milagre e no cuidado da cura espiritual" -, com milhões de conversões na África, na Ásia e na América Latina e que será "a grande religião do século XXI (maioritária a partir de 2050)". A Europa constitui a excepção. Mas, mesmo aqui, atente-se, por exemplo, nas declarações dos políticos, impressionantes. "O pensamento das Luzes quis fazer-nos crer que o progresso irresistível da humanidade era sinónimo da extinção das religiões. Que erro!" (Tony Blair). "Foram as religiões que primeiro nos ensinaram os princípios da moral universal" (Nicolas Sarkozy). "A cooperação entre as nações, as religiões e as culturas, é a base do Estado russo"(Dimitri Medvedev).
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Certamente, trata-se de agradar aos eleitores, mas, por outro lado, reflectindo uma atenção crescente ao papel das religiões nas sociedades actuais. De qualquer modo, mesmo na Europa, apesar da continuidade do processo da secularização, a fé não desapareceu e o ateísmo confesso é minoritário. Segundo a sondagem sobre os valores dos europeus (European Values Survey), 6% declaram-se ateus, 31% não-religiosos e 57% religiosos. Dizem acreditar em Deus 69%, ainda que só 40% lhe atribuam carácter pessoal, pois 30% concebem-no como uma força vital. Entre os católicos, 53% acreditam na vida depois da morte. O que está em causa é sobretudo a religião institucional, no quadro de uma individualizaçã o da fé, muitas vezes em autogestão.
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Para Marcel Gauchet, conhecido pela obra O Desencantamento do Mundo, há três inquietações que explicam o retorno do religioso contemporâneo: quando o futuro parece afundar-se, "a procura de um laço identitário com o passado", essencialmente religioso; face à solidão, sobretudo moral, dos indivíduos, a necessidade de "um laço de convicção com os outros"; depois, frente à desgraça, à dor, ao sofrimento, ao trágico da existência, a procura de "um discurso sobre a verdade da existência na sua ambivalência" e de sentido último.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Os Batistas e a Teologia SOCIAL. (se é que existe...)


(...)”Tenho um sonho que um dia esta nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado de sua crença: “Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais.”
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Tenho um sonho de que um dia nas montanhas rubras da Geórgia os filhos dos antigos escravos e os filhos dos antigos proprietários de escravos poderão sentar-se à mesa da fraternidade.
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Tenho um sonho, que um dia o estado do Mississipi, um estado deserto, sufocado pelo calor da injustiça e da opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça.
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Tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pela qualidade de seu caráter.
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Tenho um sonho, hoje.(...)
Discurso de Martin Luther King, Jr. em Washington D.C., a capital dos estados Unidos da América, em 28 de agosto de 1963, após a marcha para Washington.

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O sonho americano, nesse momento era oculto pelo nevoeiro do preconceito, da intolerância. O breu da ignorância nos remetia a distorção da falta de conhecimento. Em minha medíocre opinião todo nesse momento e contexto, no que se remete à segregação racial ou intolerância étnica, é conscientemente formado pela deturpação de um conceito do sr. Charles Darwin.
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O darwinismo social surge no afã das ciências humanas se recomporem como pensamento evidente, já que o pensamento biológico e empírico se erguia como o novo titã epistemológico. “Os mais fortes sobrevivem, os mais fracos morrem”. Durante anos essa afirmação arregimentou e embasou o imperialismo, e não o faz até hoje?
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Esse é o conceito notado no discurso de Luther King, um grito de protesto, regado a choro, suor e sangue, ou não são sempre essas substâncias que regem o orgulho de sermos humanos? Sim, somos orgulhosos do choro que nos leva à rebeldia, do suor que apresenta a vontade internalizada de mudança e o sangue de nossas vidas como sacrifícios a uma causa. A causa somos nós, em essência somos o que motiva nosso viver. Se somos cristãos, o cristianismo deve nos motivar a viver.
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No curso de princípios Batistas vemos que esse documento foi escrito, curiosamente, no ano de 1964 e curiosamente também foi redigido pelos “BATISTAS DO SUL DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA”. O sul dos EUA que abriga o Mississipi, afamado estado exortado por Luther King.
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Puxa, que orgulho que deu ao ver que a denominação que digo pertencer um dia teve um notável envolvimento cívico, mostrando que os cristãos não são extra-terrenos assim, nem mesmo tão inertes como marxistas europeus pensaram desde o século XX.
“A igreja e o cristão, individualmente, tem obrigação de opor-se ao mal e trabalhar para a eliminação de tudo o que corrompa e degrade a vida humana. A igreja deve tomar posição definida em relação à justiça e trabalhar fervorosamente pelo respeito mútuo, a fraternidade, a retidão, a paz em todas as relações entre os homens, raças e nações.”(documento batista – Pacto & Comunhão)
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Enfim, o clamor de Martin Luther King rasga de alto a baixo os EUA e atinge, em cheio, os Batistas em suas concepções. Pena esses princípios não serem copiados por todos e, inúmeras vezes, ser esquecidos por nós.
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Thiago Barbosa

terça-feira, 19 de maio de 2009

PECADO sob a ontologia

Um tempo atrás me coloquei a imaginar sobre a conduta do pecado à luz da ontologia, aqui apçresento a vocês parte desses escritos, idealizados ainda fora do seminário...
Vejo hoje que já mudei bastante a forma de pensamento. Posteriormente gostaria de abordar minha atual percepção sobre esse assunto.
Algo que de uns tempos pra cá tem me chamado a atenção é como o pecado tem ganhado importância em nossos cultos, pregações e conversas. O mais interessante ainda é como nunca nos referimos aos “nossos” pecados, mas sempre aos pecados de nossos “irmãos”. Claro, afinal temos uma hierarquia velada de pecados que vão dos mais brandos como a omissão ou a fofoca até os mais inconcebíveis e imperdoáveis como assassinatos e o adultério. Existe uma hierarquia para todos os pecados? Partiremos de um ponto conturbado que é a analise dos pecados conhecidos como capitais. Mas, o que é pecado?
Em uma análise rápida pelo dicionário encontramos as seguintes definições:
PECAR – Transgredir preceito religioso, faltar a qualquer dever, delinqüir, errar, ser deficiente, ser reduzido. Do Latim peccare.
O interessante de notarmos os conceitos adotados pelos dicionários é que todas as aplicações do termo pecar apresentam uma conotação de algo que está incompleto, mal realizado, feito de forma não esperada. Como se o esperado fosse realmente a incapacidade ou impossibilidade de um erro ser imputado à raça humana. Talvez observando assim possamos notar que o homem não tenha sido “criado” para o pecado mas para uma proximidade intimista com a Divindade, de forma que a Divindade não peca, por tanto o homem também não peca.
Percebemos que no livro de gênesis uma intima relação do homem e Deus, criador e criatura se correlacionando sem que nada pudesse quebrar essa harmonia existente entre ambos. Deus propõe uma regra ao homem no capítulo dois do livro de gênesis, verso 16 e 17 dizem:
16
¶ E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente,
17
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

A regra era clara, “não comerás da árvore do conhecimento do bem e do mal.” A partir de um comportamento inadequado por parte do homem houve uma ruptura da relação harmoniosa existente entre Deus e o homem. Isso seria conhecido como “PECADO ORIGINAL”, é o que faz de todos nós humanos pecadores e carentes da glória proporcionada por uma relação íntima com o criador. Esse relacionamento íntimo e harmonioso será propiciado através do sacrifício de Jesus, estabelecendo novamente a sinergia DEUS – HOMEM. Disse Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. - João 14.6 Jesus é o elo que restabelece a relação harmoniosa entre criatura e criador, gerando uma relação de pai e filho observada claramente em Gênesis 1; 26-30.
Agora que temos uma noção sobre o que é o PECAR e como nos restituímos desse pecado focaremos a análise sobre OS PECADOS.
O pecado no antigo testamento era a inobservância das leis apresentadas por Moisés ao povo no processo de êxodo do cativeiro egípcio. Lei Mosaica é composta de todo o código de leis formado por 613 disposições, ordens e proibições. Em hebraico a Lei é chamada de Torá, que pode significar lei como também instrução ou doutrina. O conteúdo da Torá são os cinco livros de Moisés, mas o termo Torá é aplicado igualmente ao Antigo Testamento como um todo.
• A Lei pode ser dividida em Dez Mandamentos, que no hebraico são chamadas simplesmente de As Dez Palavras. Eles regulamentam a relação do ser humano com Deus e com seu próximo.
• No código mosaico encontramos também o Livro da Aliança das Ordenanças Civis e Religiosas, que explica e expõe detalhadamente o significado dos Dez Mandamentos para Israel.
• O código mosaico ainda contém as leis cerimoniais, que regulavam o ministério no santuário do Tabernáculo e, posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e do serviço dos sacerdotes.
Em conjunto, todas essas disposições, ordens e proibições formam a Lei Mosaica. No judaísmo ortodoxo, além dessas 613 ordenanças, há ainda as leis do Talmude, a transmissão oral dos preceitos religiosos e jurídicos compilados por escrito entre os séculos III-VI d.C. A Torá e o
Talmude são o centro da devoção judaica.
O Talmude (em hebraico: תַּלְמוּד, transl. Talmud) é um registro das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico, perdendo em importância apenas para a Bíblia hebraica. Observando a tradição judaica notamos que são relacionados mais de 1.500 itens a serem observados e que o não cumprimento de um só item implicaria em uma pena tão pesada quanto a não observação de todos os itens.
Deuteronômio 27:26 e 28:1
26
Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém.
1
E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra.

Certa autoridade teológica no assunto corrobora com o exposto acima dizendo:"Deve-se observar, por igual modo, que apesar de haver, em certas mentes modernas, tremenda diferença entre as "leis morais" e as leis cerimoniais, isto é, respectivamente, entre os dez mandamentos e os preceitos rituais dos judeus, contudo tal distinção jamais fez parte da mentalidade judaica, não podendo ser encontrada nenhuma declaração bíblica nesse sentido. Muitos judeus consideravam serem mandamentos importantíssimos, não menos importantes que os dez mandamentos das tábuas da lei, certas observâncias que consideraríamos triviais, como a lavagem de roupas, mãos pratos, etc. Portanto, a distinção feita por alguns modernos , os quais afirmam que a "lei cerimonial" foi ab-rogada, mas que a "lei moral" não o foi, é uma pretensão inteiramente destituída de provas bíblicas. Pois, nesse caso, é tão fácil eliminar o sábado como é fácil eliminar a lavagem de mãos, pratos, etc...,com base no ponto de vista da suposta eternidade das leis outorgadas ao antigo povo de Israel. (Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia, pág. 7 vl. 6 R.N Champlin, Ph.D. J.M Bentes ed. Candeia - 4 edição)
Os sete pecados capitais são uma classificação de vícios usada nos primeiros ensinamentos do catolicismo para educar e proteger os seguidores crentes, de forma a compreender e controlar os instintos básicos. Não há registro dos sete pecados capitais na Bíblia Sagrada. Assim, a Igreja Católica classificou e selecionou os pecados em dois tipos: os pecados que são perdoáveis sem a necessidade do sacramento da confissão, e os pecados capitais, merecedores de condenação. A partir do início do século XIV a popularidade dos sete pecados capitais entre artistas da época resultou numa popularização e mistura com a cultura humana no mundo inteiro.



Origens Sagradas de Coisas Profundas
De acordo com o livro "Sacred Origins of Profound Things" ("Origens Sagradas de Coisas Profundas"), de Charles Panati, o teólogo e monge grego Evágrio do Ponto (345399) teria escrito uma lista de oito crimes e "paixões" humanas, em ordem crescente de importância (ou gravidade):
Gula
Avareza
Luxúria
Ira
Melancolia
Acedia (ou Preguiça Espiritual)
Vaidade
Orgulho

Segundo Evagrius
Para Evagrius, os pecados tornavam-se piores à medida em que tornassem a pessoa mais egocêntrica, com o orgulho ou soberba sendo o supra-sumo dessa fixação do ser humano em relação a si mesmo. No final do século VI, o Papa Gregório reduziu a lista a sete itens, juntando "vaidade" e "soberba" ao "orgulho" e trocando "acedia" por "melancolia" e adicionando "inveja". Para fazer seu própria hierarquia, o pontífice colocou em ordem decrescente os pecados que mais ofendiam ao amor:
Orgulho;
Inveja;
Ira;
Melancolia;
Avareza;
Gula;
Luxúria;

Segundo São Tomás de Aquino
Mais tarde, outros teólogos, entre eles, Tomás de Aquino analisaram novamente a gravidade dos pecados e fizeram mais uma lista. No século XVII, a igreja substituiu "melancolia" – considerado um pecado demasiado vago – por "preguiça".
Assim, atualmente aceita-se a seguinte lista dos sete pecados capitais:
Vaidade;
Inveja;
Ira;
Preguiça;
Avareza;
Gula;
Luxúria;

Comparação com os demônios
Em 1589, Peter Binsfeld comparou cada um dos pecados capitais com seus respectivos demônios,[1] seguindo os significados mais usados. De acordo com Binsfeld's Classification of Demons, esta comparação segue o esquema:
Asmodeus: Luxúria
Belzebu: Gula
Mammon: Avareza
Belphegor: Preguiça
Satã: Ira
Leviatã: Inveja
Lucifer: Vaidade (Orgulho)

As Sete Virtudes são derivadas do épico Psychomachia, poema escrito por Aurelius Clemens Prudentius intitulando a batalha das boas virtudes e vícios malignos. A grande popularidade deste trabalho na Idade Média ajudou a espalhar este conceito pela Europa. É alegado que a prática dessas virtudes protege a pessoa contra tentações dos Sete Pecados Capitais, com cada um tendo sua respectiva contra-parte.
Ordenadas em ordem crescente de santicidade, as sete virtudes sagradas são:
· Castidade (Latim castitate) - opõe luxúria, auto-satisfação, simplicidade. Abraçar a moral de si próprio e alcançar pureza de pensamento através de educação e melhorias.
· Generosidade (Latim, liberalis) - opõe avareza. Despreendimento, largueza. Dar sem esperar receber, uma notabilidade de pensamentos ou ações.
· Temperança (Latim temperantia) - opõe gula. Auto-controle, moderação, temperança. Constante demonstração de uma prática de abstenção.
· Diligência (Latim diligentia) - opõe preguiça. Presteza, ética, decisão, concisão e objetividade. Ações e trabalhos integrados com as próprias crenças.
· Paciência (Latim, patientia) - opõe ira. Serenidade, paz. Resistência a influências externas e moderação da própria vontade.
· Caridade (Latim, humanitas) - opõe inveja. Auto-satisfação. Compaixão, amizade e simpatia sem causar prejuízos.
· Humildade (Latim, humilitas) - opõe vaidade. Modéstia. Comportamento de total respeito ao próximo.
Thiago Barbosa
Sobre a angústia e dor de um mundo dualista, só me resta o grito mudo de um blog.
Um grito que mostra o sentimendo da real incerteza que será. São quatro anos que separa um destino, e nesse momento, talvez precoce, talvez tardio, consome a dúvida do porvir.
Novamente ele, Augusto dos Anjos...



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O Fim das Coisas
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Pode o homem bruto, adstricto à ciência grave,
Arrancar, num triunfo surpreendente,
Das profundezas do Subconsciente
O milagre estupendo da aeronave!
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Rasgue os broncos basaltos negros, cave,
Sôfrego, o solo sáxeo; e, na ânsia ardente
De perscrutar o íntimo do orbe, invente
A lâmpada aflogística de Davy!
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Em vão! Contra o poder criador do Sonho
O Fim das Coisas mostra-se medonho
Como o desaguadouro atro de um rio ...
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E quando, ao cabo do último milênio,
A humanidade vai pesar seu gênio
Encontra o mundo, que ela encheu, vazio! (ANJOS, 1986: 170)

Thiago Barbosa

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O que é teologia? a primeira de várias perguntas paradoxais.

O que é teologia?
Me lembro desta que foi a primeira pergunta feita nesse nosso início de curso. Prontamente respondi mitocondrialmente:
É o estudo do que os homens assumem ou falam a respeito de Deus. Esta é uma visão que cada dia concordo mais, assume em sua essência a incopetência humana de se assumir como conhecedor das verdades "divinas". Três frases me chamaram atenção naquela que foi minha primeira duvida. Aqui as exponho, na esperança de que possamos refletir a cada dia a respeito do que seremos.
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As pessoas frequentemente reclamam que há evidências insuficientes sobre Deus e o Cristianismo, mas a bíblia diz que eles já conhecem sobre esse verdadeiro Deus, mas apenas estão suprimindo esse conhecimento, pois recusam reconhece-lo e adora-lo. O problema não é uma falta de evidência, mas uma série de pressuposições artificialmente manufaturadas que suprimem a evidência sobre Deus. (VICENT CHEUNG – Confrontações Pressuposicionalistas).
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Afirmar que a Bíblia possui autoridade absoluta não é dizer que minha interpretação da Bíblia é absoluta. Nós todos vemos o texto condicionados por nossa cultura, história, educação, experiência e muito mais. Ao formar uma doutrina bíblica básica, eu já estou a um passo de distância do texto. Eu abordo o texto em minha própria língua, utilizando conceitos com os quais já estou familiarizado, a maioria deles através da minha experiência. Posso ter o Espírito Santo me guiando, mas ainda não estou livre da natureza pecaminosa. Minhas perguntas (e as respostas que procuro) são nutridas dentro de molduras teológicas de acordo com os entendimentos dos cristãos ao meu redor, sejam eles anglicanos, batistas ou pentecostais. Portanto, às vezes eu me aproximo do texto sem ser capaz de ver o que outro cristão poderia observar imediatamente a partir de suas distintas experiências e tradições. Sinto que preciso das perspectivas de outros cristãos ligados a outras culturas e origens para que eu possa preencher aquilo que talvez seja incapaz de perceber na Palavra de Deus. Por outro lado, isto não quer dizer que não possamos desenvolver confiança e segurança para ensinarmos as verdades de Deus. Como Apolo (Atos 18.24-26), devemos tanto pregar com intrepidez e fervor como também termos a humildade de aprender com Priscila e Áqüila. (J. Scott Horrel – A tarefa internacional de se fazer teologia).
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Entretanto, alguém precisa dizer aos Galileus, IstoÉ , Épocas e Superinteressantes da vida que estas teses que sempre levantam são de uma fase dos estudos neotestamentários já superada. São apenas matérias sensacionalistas. Paulo nunca traiu Jesus. Ele não é o autor do Cristianismo e nem criou uma forma de Cristianismo que fosse diferente em essência daquela preconizada no Antigo Testamento e estabelecida por Jesus Cristo. É lamentável constatar que a teologia brasileira está sendo feita não por teólogos responsáveis, mas por jornalistas incultos, despreparados e desatualizados. (Augustus Nicodemus – Paulo traiu Jesus?).
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Thiago Barbosa

domingo, 17 de maio de 2009

Na esperança da volta do MANIFESTO...ou consciência se preferir.

Devo dizer que o texto do Jonatham me chamou a atenção. Nunca me considerei um entusiasta da política, mas sempre gostei da magia que envolve este assunto, aqui gostaria de me explicar sobre a "magia".

É absolutamente hipnotizante a possibilidade de que uma massa populacional consiga se organizar e viabilizar o desenvolvimento mútuo de uma comunidade. De igual forma o estabelecimento de justiça em uma população e a manutenção de toda uma sociedade fascina e encanta a uma olhada menos aprofundada. Infelizmente tal fascínio tem se perdido, mormente em uma sociedade politicamente doente como nossa nação.

O ponto mais calamitoso, ao menos em minha opinião, são os casos sequenciais e initerruptos de corrupção que tornam a população desiludida com o fascínio da organização social. Tal desilusão direciona a população nacional a ao ócio, marasmo, pasmaceira e descrença que reina em nosso país. Nesse ponto o evangelho acha campo de desenvolvimento, infelizmente de uma forma que viabiliza uma fuga da realidade.

Tais características observadas em políticos, não somente neles mas primordialmente neles, são claramente demonstrações da degradação moral e ética que vivemos. A relativização de valores fundamentais que outrora eram claramente observáveis nas estruturas familiares funcionando como sustentáculos da sociedade global sofrem sua decadência, e em efeito subsequente observamos a moralidade distorcida e a ética ausente de nosso meio.

Lembro-me da vovó que dizia vir a educação do "berço". Acho que o berço se quebrou no momento em que volatizamos o respeito e a consideração que nos levava a admirar nossos pais e familiares mais velhos.

Agora o Salmo 91 se torna o mantra de uma sociedade culturalmente ociosa, politicamente analfabeta, moralmente falida e eticamente desestruturada (ao menos quanto aos politicos, nem todos). O povo se esconde nas fantasias novelescas globais e esperam que sua vida, agora televisiva, os insite a proclamarem seus direitos, mas os deveres públicos da sociedades são esquecidos.

Realmente me apaixonei pelo movimento estudantil realizados no Brasil durante a ditadura, na minha medíocre opinião o período mais fértil em todos os aspectos imagináveis. De forma que a luta por uma política em detrimento de uma politicagem fazia que os estudantes assumissem postura de luta, psicológica, cultural, erudita, crítica, política e por vezes armas, paus, pedras e fins de caminhos.

Vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer...
Brilhante momento, poesia em forma de luta. As diretas já, o impeachment, a eleição do Lula...rs...

Mas o ócio continua, esquecemos do que nossos estudantes do passado fizeram e permitimos que sua memória seja esquecida no ostracismo que nos entregamos em nossas intituições. O fato de se fazer uma faculdade não era apenas a escolha de uma profissão mas assumir intrisecamente e explicitamente como protestante, e nesse momento o verdadeiro protesto que remete à fase de pedra de nosso amado Lutero (já que Lutero teve também sua fase de pedra e de telhado, como os brasileiros de hoje).

Sinceramente espero que voltemos ao manifesto pela liberdade de pensamento, de forma que os pensadores emoldurem uma sociedade, e não que sejam tolhidos por uma sociedade que mantem a castidade de seus neurônios.

Em manifesto por uma teologia efetiva.

Thiago Barbosa

Vida em Dó Maior

Nesta semana, estive acompanhando o cotidiano da política brasileira. É de se esperar, quando se fala de política no Brasil, uma desesperança e um sentimento de incapacidade diante de tanta ilegalidade, injustiça e covardia que impera no sistema governamental desse país.

A incrível declaração do relator da comissão de ética que julga o caso Edmar Moreira, Sérgio Morais, teve repercussão bombástica, mas como sempre sem nenhuma reação mais incisiva por parte do governo e muito menos por parte da população.

“Estou me lixando para a opinião pública”... É em outras palavras o mesmo que “O que importa a opinião do povo? Ninguém me tira daqui mesmo!”. São absurdos que nós, povo que vivemos num Estado Democrático de Direito, nos “acostumamos” a aceitar e permitir que se repitam.

Pior que isso (se bem que não sei se há algo pior) é ouvir o presidente de um partido que trás propostas tão libertadoras em seu discurso, insultar a consciência do povo, de forma inescrupulosa e indecente, deixando mais que perceptível a criminosa politicagem a que se submetem nossos “representantes”. É senhor Candido Vaccarezza, que vergonha!

Desesperança! É a única coisa que pulsa no coração. Como diz o grande rei do baião Luiz Gonzaga: “nossa vida é vivida em dó maior, sem sustenido nem bemol.” Não há nenhuma variação, nenhum ardor de reivindicação, de justiça, de humanidade.

Talvez a única forma de criar alguma expectativa, de reanimar a esperança, de entorpecer um pouco no intuito de aliviar a fadiga causada pelo despudorado sistema governamental, é nos atermos ao discurso escatológico.

Jonathan

sábado, 16 de maio de 2009

A vida de Augusto dos Anjos - um convite ao prazer do poema "escatológico"


POETA SINGULAR

Poeta brasileiro. Famoso pela originalidade temática e vocabular, na fase que antecedeu o modernismo. Eu (1912).

Augusto dos Anjos recorreu a uma infinidade de termos científicos, biológicos e médicos ao escrever seus versos de excelente fatura, nos quais expressa por princípio um pessimismo atroz.
Considerado o mais original dos poetas brasileiros entre Cruz e Sousa e os modernistas, Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco PB em 20 de abril de 1884. Aprendeu com o pai, bacharel, as primeiras letras. Fez o curso secundário no Liceu Paraibano, já sendo dado como doentio e nervoso por testemunhos da época. Formado em direito em Recife (1906), casou-se logo depois. Contudo, não advogou; vivia de ensinar português, primeiro em seu estado e a seguir no Rio de Janeiro RJ, para onde se mudou em 1910. Lecionou também geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor.
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Em fins de 1913 mudou-se para Leopoldina MG, onde assumiu a direção do grupo escolar e continuou a dar aulas particulares. Seu único livro, Eu, foi publicado em 1912. Surgido em momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem representativo do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianismo por alguns aspectos e simbolista por outros. Praticamente ignorado a princípio, quer pelo público, quer pela crítica, esse livro que canta a degenerescência da carne e os limites do humano só alcançou novas edições graças ao empenho de Órris Soares (1884-1964), amigo e biógrafo do autor.
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Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e tudo é egoísmo e angústia em seu livro patético ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte").
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A vida e suas facetas, para o poeta que aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzem-se a combinações de elementos químicos, forças obscuras, fatalidades de leis físicas e biológicas, decomposições de moléculas. Tal materialismo, longe de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo pessimismo ("Tome, doutor, essa tesoura e corte / Minha singularíssima pessoa"). Ao asco de volúpia e à inapetência para o prazer contrapõe-se, porém um veemente desejo de conhecer outros mundos, outras plagas, onde a força dos instintos não cerceie os vôos da alma ("Quero, arrancado das prisões carnais, / Viver na luz dos astros imortais").
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A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para fazer do Eu -- desde 1919 constantemente reeditados como Eu e outras poesias -- um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor da forma.
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Com o tempo, Augusto dos Anjos tornou-se um dos poetas mais lidos do país, sobrevivendo às mutações da cultura e a seus diversos modismos como um fenômeno incomum de aceitação popular. Vitimado pela pneumonia aos trinta anos de idade, morreu em Leopoldina em 12 de novembro de 1914.
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©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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Redescobrindo o prazer de Augusto do Anjos
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Thiago Barbosa

CONHECIMENTO > CIÊNCIA (A verdade veio à tona sobre Lamarck)

Jà se imaginou propondo alguma forma de desenvolvimento orgânico ainda no início do século XIX (sempre ele...rs...)?


Algo horripilante, assustador, afinal a hegemonia “teocêntrica” era de uma força “titânica”. A sombra da Inquisição e de nomes como Torquemada ainda rondavam a mente e os corações de “bruxos” de plantão. É nesse contexto que surge Lamarck. Brilhantemente o pioneiro a propor em moldes modernos a evolução e desenvolvimento de organismos “superiores” sem a ação direta e intencional de uma “divindade”.


Apresentaram-me o sr. Lamarck sob uma descrição errônea, e infelizmente bastante comum ainda entre os professores de biologia, como o cientista que tentou mas errou. Tentou propor uma forma de evolução para organismos vivos, mas errou em suas propostas, várias vezes até ridicularizavam as proposições “lamarckistas” como se fosse algo estranhamente absurdo o “dito” nessas idéias até então únicas e inovadoras.


Dois são os princípios que resumem bem o pensamento evolucionista de Lamarck:
1 – Lei do Uso e Desuso – Organismos recebem estímulos oriundos do meio ambiente de forma que seus órgãos se adaptam a esses estímulos e modificam-se. Grosseiramente podemos analisar os bíceps de um jovem que vai à musculação. Ele recebe estímulos junto à musculatura do braço e este órgão se adapta modificando sua forma aumentando de tamanho. Da mesma forma podemos analisar a atrofia muscular característica em cadeirantes. Ao longo de sua vida ocorre uma diminuição da musculatura dos membros inferiores pela falta de estímulo.
Tal fato é facilmente aceitável, porém foi condenado por não ocorrer tais fenômenos (ao menos grosseiramente como os apresentados) em todas as células, como podemos observar na musculatura das pálpebras, cardíaca e outras funções orgânicas.
2 – Heranças de caracteres adquiridos – As características acima citadas ocorrem em células somáticas (formadoras do corpo), e tais caracteres seriam transmitidos para as gerações futuras. Outro ponto criticado já que as características dos organismos só podem ser transmitidas a suas gerações futuras caso estejam inscritas em células germinativas (especializadas em reprodução), o que não ocorre na apresentação “lamarckiana”.


Devemos nos lembrar que os estudos de Gregor Mendel (pai da genética) só foram realizados após o 1860, ficando amplamente difundidos apenas após 1910. Porém a partir de 1980, com o aprofundamento dos estudos genéticos surgem pontos que reformulam e reestruturam os princípios básicos de Lamarck.

Epigenética: além da seqüência do DNA, artigo Eloi S. Garcia


O hábito de fumar, o uso de esteróides e certas drogas também influenciam as funções genéticas por interagir química ou fisicamente com o DNA.

Eloi S. Garcia é pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e membro da Academia Brasileira de Ciência. Artigo enviado para o “JC e-mail”:Recentes investigações genéticas têm demonstrado que gêmeos idênticos (possuidores do mesmo genoma) apresentam diferenças em seu comportamento e fisiologia. Por exemplo, eles podem diferir na susceptibilidade a doenças degenerativas e infecciosas. Por que isto? Quais são as razões? O genótipo ou o genoma de gêmeos idênticos não é o mesmo? Já o fenótipo – a fisiologia e a função orgânica - é reconhecidamente distinto e diferente. Somos mais que nossos genes. Os genes não são responsáveis por tudo. Uma nova área, a epigenética, está sendo desenvolvida para explicar estas diferenças. O termo epigenética existe há mais de cem anos, mas somente C. H. Waddington em 1942 deu uma definição mais precisa a ele. Epigenética é um campo da biologia que estuda as interações causais entre genes e seus produtos que são responsáveis pela produção do fenótipo. Pesquisas recentes realizadas sobre genomas e proteomas revelam que esta definição está correta. Na tentativa de compreender a complexidade da biologia da vida, os cientistas normalmente estudam elementos individuais do genoma. Seqüências gênicas e proteínas são analisadas para compreender suas interações específicas com outras entidades simples de sistemas mais complexos. Algumas vezes este enfoque oculta aspectos importantes da biologia, principalmente àqueles de dependem de níveis mais altos de organização genética.

Assim, por exemplo, o genoma não possui somente a informação das seqüências das quatro bases A, C, G e T na cadeia do DNA. Não resta dúvida de que esta seqüência é importante em termos dos códons, genes e cromossomos. Mas há informações adicionais no genoma dos mamíferos e estas se referem ao epigenoma.

A epigenética investiga a informação contida no DNA, a qual é transmitida na divisão celular, mas que não constitui parte da seqüência do DNA. Os mecanismos epigenéticos envolvem modificações químicas do próprio DNA, ou modificações das proteínas que estão associadas a ele. Por exemplo, nas histonas que se ligam e compactam a cadeia do DNA formando a cromatina, o material básico dos cromossomos. Ou nas proteínas nucleares e nos fatores de transcrição, moléculas que interagem e regulam a função do DNA. As modificações epigenéticas envolvem a ligação de um grupo metil (-CH3) a base citosina do DNA, particularmente aquela que vem antes da guanina; ligação de grupo acetil (CH3CO-) ao aminoácido lisina no final de duas histonas; remodelagem de outras proteínas associadas à cromatina; e transposição de certas seqüências da fita de DNA causando mudanças súbitas na maneira que a informação genética é processada na célula. Cada uma destas modificações age como um sinal de regulação e modificação na expressão gênica. O hábito de fumar, o uso de esteróides e certas drogas também influenciam as funções genéticas por interagir química ou fisicamente com o DNA.

O estilo de vida e exposição ambiental geralmente é diferente entre as pessoas por mais próximas que sejam. A metilação do DNA e a modificação nas histonas se distribuem pelo genoma e são mais distintas quando os gêmeos idênticos envelhecem e têm diferentes modos de vida. Isto leva aos fatores ambientais serem responsáveis por mudanças em um mesmo genótipo para diferentes fenótipos.

Existem enzimas que removem os grupos metilas das histonas modificando-as de tal modo que podem induzir a repressão de genes. Estas diferenças epigenéticas também levam a diferente susceptibilidade a doenças como o câncer, artrites, depressão de desordens psíquicas e emocionais. Hoje se sabe que enquanto o genoma é o mesmo em nossas células, o epigenoma é diferente em cada uma dos 250 tipos de células diferentes que formam o ser humano.

Ou seja, ressucitamos pensamentos dos princípios “lamarckistas” já que o ambiente pode influenciar na estruturação e desenvolvimento dos órgãos, bem como na codificação gênica dos organismos.

Edgar Morin deve estar feliz ao observar como o pensamento complexo conecta a diversidade dos estudos e dos saberes permitindo que o conhecimento seja soberano sobre a ciência. Aliás, dois conceitos que se relacionam, mas apresentam uma hierarquia que deve ser muitíssimo respeitada. CONHECIMENTO > CIÊNCIA.


Com saudades do objetivismo científico, mas apaixonado pela subjetividade das metáforas teológicas.

Thiago Barbosa

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O romântico "brasileiro" (Augusto dos Anjos é o Nietzsche brasileiro?)


VERSOS ÍNTIMOS
-
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera
-Foi tua companheira inseparável!
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Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
-
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
-
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Outro clássico, me parece uma clara citação do "cientificismo" de Nietzsche ou Feuerbach. A mediocridade que vislumbra um homem totalmente orgânico, sem qualquer sobra pretenciosa de divindade ou metafísica.
Observando-se podemos notar influências "darwinistas" no poema, já que o vislumbre de que o homem seja um "animal comum" surge desse momento histórico. Creio que em poucos momentos da história um pensamento tão explicitamente biológico aponta para uma mudança perseptiva como em "A origem das espécies". Surge neste contexto o "darwinismo social", teoria deturpatória, que intenciona sobrepor culturas sobre outras culturas, utilizando-se de distorção das idéias de Darwin.
Agora busco coragem, para em breve falar sobre ELEs: Jean Baptist Lamarck, Charles Darwin, Alfred Wallace e Ernst Meyer.

O Primeiro (de vários espero) sobre AUGUSTO DOS ANJOS

Confesso que nunca me aproximei de literatura poética, mas no ensino médio me apresentaram a Augusto do Anjos.
Dias mudaram, o romanticismo expresso em suas letras expressam em mim a mediocridade humana, e forma um alicerce afetuoso (termos que é ironico ao se tratar de Augusto dos Anjos) aos interessados em buscarem conhecer sobre os românticos.
Augusto claramente foi influenciado por "eles" (sempre eles, os românticos europeus) e expressa essa influencia nos poemas que eu "ctrlc - ctrlv" logo abaixo.


IDEALISMO
-
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
-
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?!
-
Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
- Alavanca desviada do seu fulcro
-
E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

Comentando o magazine do pai da fé (PERORATIO)...

1. Da BBC Brasil, para meu orgulho e esperança.2. "A Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) informou, nesta quarta-feira, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o vencedor da edição de 2008 do Prêmio pela Paz Félix Houphouët-Boigny.3. Segundo um comunicado divulgado pela organização, Lula foi o escolhido pelo júri "por suas ações em busca da paz, diálogo, democracia, justiça social, igualdade de direitos, assim como por sua contribuição para a erradicação da pobreza e proteção das minorias".

Ao meu pensamento só ocorre o suspiro aliviado de que Graças à Deus que o Lula não é membro de nossas igrejas (ao menos na maioria). Afinal:


1 – Ações em busca da paz - Sejamos sinceros, paz não é algo inerente ao caráter do “crente moderno”. Insuflamos-nos contra o próximo matamos vexatoriamente nossos diferentes, de forma que apenas há paz se estivermos sozinhos, pois o evangelho moderno é uma guerra contra o universo, um levante eterno contra os “diferentes”, quando somos chamados para sermos o eixo central de manutenção global. Deveríamos ser a força motriz dos povos. E pensar que Tertuliano tenha proposto que um dia fomos (a igreja) conhecidos pelo “nosso amor incondicional”.


2 – diálogo – Existe diálogo em um dogmatismo empurrado goela a baixo? Somos a própria autoridade “divina” na terra e “nossa palavra” torna-se verdade absoluta. Onde há verdade absoluta não existe diálogo, no absolutismo existe “encucamento”, prepotência, inércia e “apoucamento cognitivo” (créditos para minha sogra).


3 – Justiça social – Em tempos de “determinismos”, decretos positivistas, teologias da prosperidade, e declarações proféticas aprendi nas minhas subidas à colina II (vila cruzeiro) que o que existe nos pensamentos egoístas que regem o século XXI e, mormente regem nossas congregações é a necessidade de se sobrepor ao "outro". Um ditado interessante é: " Quando a farinha é pouca, meu pirão primeiro". A comunidade é desfeita em um momento que o indivíduo e o individualismo se fazem mais presentes. Mesmo em populações extremamente carentes, onde a associação de pessoas e idéias poderia ser mais produtivos, o isolamento humano rege as relações humanas dessas culturas.


4 – Igualdade de direitos – O Estado Democrático de direito é uma utopia no momento em que esquecemos do “laicismo” do Estado e nos lembramos apenas da liberdade de culto, nos levando à buscar impedir a liberdade de culto do próximo.


5 – erradicação da pobreza - isso fazemos bem, afinal quem é pobre na igreja evangélica do século XXI é uma maldição que se equilibra sobre as pernas. Rechaçados e separados com maior veemência do que as que dispomos contra os piores malfeitores, os pobre são separados em nossas igrejas e rebaixados a um segundo plano, o plano do pecado. Pobreza não é pecado é estado de incidência social, é prova cabal de um estado déspota que abriga uma igreja igualmente déspota, sem amor e vontade de igualdade social. Igualdade social não em um discurso de falsa esquerda, uma militância que desbota o vermelho dos anos 80 e se torna o poder rosa dos anos 2000. Igualdade social não é militância ou discurso libertacionista, mas é amor incondicional ao próximo.


6 – Proteção das minorias – Deixamos de ser minoria, mas agimos como se ainda fossemos. Chegamos hoje aos milhões, mas buscamos ser aceitos. Não notam que já fomos aceitos, e isso é nossa ruína, pois viramos religião de emergentes, fúteis como os tais que nos afamaram. Esquecemos dos guetos que nos formaram e nos deram forma, da irmandade corriqueira do evangelho primitivo (vide igreja de Atos). Igualdade, Liberdade e fraternidade, foram antes da revolução francesa ou ascensão de pensamentos progressistas que impregnaram os ensinamentos do Cristo histórico.

Thiago Barbosa

O problema do Jesus histórico...

O título desse post é o mesmo de uma conferência de outubro de 1953 pronunciado por Ernst Käsemann, onde se reconhecia uma mudança de situação: “Nossa situação se caracteriza-se, pois, pelo fato de que o problema tipicamente liberal do Jesus histórico adquire um novo peso teológico.” (Das Problm des historischen Jesus, tomo 1, PP. 189)

Em minha leitura atrasada do livro “Teologia do Séc XX” de Gibellini, deparei-me com a Teologia Existencial de Rudolf Bultmann e o uso de dois termos para o Jesus histórico e o Cristo da Bíblia: Historie e Geschichte. “Historie é a história no sentido do que aconteceu no passado, podendo ser objeto de reconstrução historiográfica. Geschichte é a história no sentido de acontecimento do passado ainda relevante para o presente significativo para o futuro.” (Teologia do Séc XX, pp. 47).

Uma nova percepção quanto à pessoa de Jesus passou a tomar forma em minha mente. Lembro-me de quando conversei com o Sem. Manoel Domingues sobre a minha vontade de estudar a fundo o Jesus histórico: o Jesus desvencilhado em grande parte do discurso eclesiástico, e presente nos Evangelho Sinódicos. Até que durante as aulas de Teologia e Método, juntamente com a leitura do livro de Gibellini, fui imperceptivelmente inserido no contexto teológico que procurava.

Como não poderia ser diferente, a esquizofrenia também se faz presente no estudo da pessoa de Jesus: “O Jesus histórico (historisch) é Jesus de Nazaré, o Jesus da história, terreno, Jesus ‘como ele realmente foi’ e que pode eventualmente ser objeto de pesquisa historiográfica. O Cristo histórico (genchichtlich) é o Cristo da história bíblica, o Cristo do Novo Testamento, que narra e interpreta a história de Jesus sob o ponto de vista de sua relevância para a fé, o Cristo do querigma que torna presente a salvação, aqui e agora, para mim.” (Teologia do Séc XX, pp. 47)

O confronto entre o Jesus histórico e o querigma cristológico irá permear a maioria dos escritos de Bultmann. Minha atenção se voltou para esse debate, após perceber que ao se realizar a pesquisa histórico-crítica, o historiador somente atingirá, no Novo Testamento, o querigma da Igreja Primitiva, e não o Jesus terreno, o Jesus histórico, já que “a comunidade não podia e não queria separar essa história (Historie) de sua própria história (Geschchte). Ela não podia nem queria, pois, fazer abstração de sua fé pascal, estabelecendo uma distinção entre o Senhor terreno e o Senhor glorificado.” (E. Käsemann, Das problm des historichen Jesus, PP. 203)

É impressionante a leitura das palavras de Bultmann: “Jesus nunca foi ‘cristão’, e sim judeu, e sua pregação move-se no âmbito das idéias e no mundo conceptual do judaísmo, mesmo lá onde essa mesma pregação encontra-se em contraste com a religião hebraica.”. Tal afirmação me induzirá a concordar um trecho da página 51 do livro que cito nesse post: “O querigma do Cristo é querigma cristológico, ao contrário do anuncio de Jesus, que não podia sê-lo, porque Jesus não anuncia a si mesmo, e sim ao Reino de Deus que está chegando.”

Concluo que todas essas observações produziram uma nova perspectiva no âmbito de meu estudo teológico, e sucessivamente, na esfera da espiritualidade. Entender que o Jesus presente nos evangelhos sinódicos não é cristão, e sim judeu, anunciando o Pai, não ele mesmo; que o cristianismo surgiu com o Evangelho de João, com o apóstolo Paulo e com as primeiras comunidades cristãs, ao se apropriarem do discurso de Cristo para promovê-lo causa estranheza. Contudo, não deixa de ser um fato.

Termino com uma pergunta dirigida a Bultmann, que se este estivesse vivo, eu mesmo me esforçaria em fazê-la pessoalmente: “É possível determinar até que ponto há convergência entre o Jesus histórico e o querigma protocristão, de maneira que, em vez de suprmir a diferença entre ambos, ela se torne significativa para a finalidade de um esclarecimento de uma oude outra?” (G. Ebeling, Teologia e anuncio, pp. 41-42)

Alan Buchard

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Música X Cultura: uma lacuna que aumenta mais

Quarta-feira, como sempre estou na colina II (vila cruzeiro - IBCpenha) e passando em frente a uma das igrejas que se apresentam sob uma ideologia "determinista-próspero-indutiva" notei sucessivas vezes a presença de material para divulgação de mais um "imperdível" encontro com mais um "adorador" ex-famoso. Penso em como as igrejas têm se tornado cada vez mais parecidas com os programas de fofoca da "REDETV", como as reuniões de oração ou encontros de crentes têm se parecido mais com os programas da "Eufrásia" ou em como os nossos pastores se parecem mais com os srs. "Nelson Rubens e Leão Lobo".
Me lembrei de como eram os cultos da minha época de conversão, isso nos idos da década de 90, mas principalmente como foram os cultos mais edificantes de toda a minha "carreira evangélica" e ainda "carreira cristã" (já que são coisas bem distintas para mim). Sobre o assunto me reporto ao recém estudado teólogo da cultura, o sr. Tillich.
“...e este é o princípio protestante – Deus está presente na existência secular tanto quanto está presente na existência sagrada. Não há maior proximidade para Ele em um do que em outro”. “Eu diria que está é o primeiro nível da relação entre religião e arte, a saber, aquele nível em que, no estilo secular e sem conteúdo religioso, o poder de ser é visível, não diretamente, mas indiretamente”.
Paul Tillich
Gostei de pensar nas manifestações de Deus não apenas refém de uma "cultura evangélica" (o termo evangélico, como se apresenta hoje, me causa ulcerações de desgosto). Piamente creio na soberania de Deus em manifestar-se mediante a beleza da natureza, o germinar de uma semente qualquer, o desabrochar de uma flor, o sol que se levanta por sobre o monte do STBSB, a lua fria e longíqua das noites nos brejos de veredas do meu saudoso cerrado goiano, aliás, lua e noites goianas que me remetem à "minha carol". Tem maior beleza que o amor, o afogo, o poema, a música, a letra e o pensamento? Sim, Deus se manifesta na riqueza da cultura e natureza, cultura que FAZ e SABE-FAZER.
A "cultura santa", sempre me incomodou. Achei sempre que faltava "esmero" no desempenho dos minitérios cristãos, em contrapartida um "profissionalismo" invejável se levantava junto aos "mundanos", uma vontade de se comunicar, não apenas pela comunicação mas pela importância da própria transmissão de SABER mediante a cultura, seja pintura, música ou literatura. Nada de assutar afinal, os filhos das trevas não são mais prudentes que os filhos da luz?
Sempre achei os "movimentos culturais" dos crentes meio chatos, em nada me chamavam a atenção, salvo raras e prazerosas excessões. Será que finalmente encontrei um motivo pra dizer que a atual “cultura GOSPEL” brasileira é enfadonha?

Devo me pronunciar, não sou um saudosista ufânico, mas digo que já não suporto o que é dito como música em nossas igrejas, não pelo ritmo ou letra, mas pela pobreza de espírito mesmo. Não me tomem por “espiritual” ou ainda “místico da fé” mas infelizmente nas igrejas (ao menos as televisivamente conhecidas) se tornaram totalmente sem criatividade. São moduladas, castradas e abduzidas a um mundo de idéias que remetem ao velho testamento (pseudo-primeirotestamentários) numa intenção maquiavélica de se assumirem ou aceitarem-se como levitas.

A verborragia contida em seus clichês “ministrativos” são tão repugnantes que demonstram o indelével caráter manipulador de seus líderes. Shows-man, popstars, ídolos, ícones, levitas, adoradores, tudo o que remete á grandeza, mas definitivamente servos não é um dos adjetivos que possam ou devam ser aplicados as nossos “cantores cristãos”.

Nesse minuto me vem à mente uma frase inesquecível de meu primeiro pastor. “Tudo isso não passa de masturbação espiritual”. Vejo a mais pura verdade em suas palavras “velho Shiloah”. Buscam uma indução que beira à psicose na sede paradoxal pelo fogo, aliás, fogo, sede, chuva, derramar, noiva, a cada momento são termos mais e mais cansativos, pertencentes a uma onda emblemática do louvor e adoração, mascarados e detupardos em nossos dias.

Lembro-me do grupo de louvor da Igreja Batista Central de Goiânia que se esmerava no melhor sem seguir “receitas de bolo”, mas com uma sede de servir e simplesmente realizar o período de culto como arte, e não como catequese, indução, insuflação, determinismo e profetismo falido. Com uma pureza de coração que beirava à ingenuidade, presenciei isso também em palmas na amada SIBAPA, sei que existem diversos outros exemplos, mas, infelizmente, tais exemplos se tornam mais escassos.

Isto é o que se localiza ao lado de “nossos púlpitos”, em um próximo momento gostaria de refletir sobre o que emana de “trás dos púlpitos”.

Thiago Barbosa