A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Comentando o magazine do pai da fé (PERORATIO)...

1. Da BBC Brasil, para meu orgulho e esperança.2. "A Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) informou, nesta quarta-feira, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o vencedor da edição de 2008 do Prêmio pela Paz Félix Houphouët-Boigny.3. Segundo um comunicado divulgado pela organização, Lula foi o escolhido pelo júri "por suas ações em busca da paz, diálogo, democracia, justiça social, igualdade de direitos, assim como por sua contribuição para a erradicação da pobreza e proteção das minorias".

Ao meu pensamento só ocorre o suspiro aliviado de que Graças à Deus que o Lula não é membro de nossas igrejas (ao menos na maioria). Afinal:


1 – Ações em busca da paz - Sejamos sinceros, paz não é algo inerente ao caráter do “crente moderno”. Insuflamos-nos contra o próximo matamos vexatoriamente nossos diferentes, de forma que apenas há paz se estivermos sozinhos, pois o evangelho moderno é uma guerra contra o universo, um levante eterno contra os “diferentes”, quando somos chamados para sermos o eixo central de manutenção global. Deveríamos ser a força motriz dos povos. E pensar que Tertuliano tenha proposto que um dia fomos (a igreja) conhecidos pelo “nosso amor incondicional”.


2 – diálogo – Existe diálogo em um dogmatismo empurrado goela a baixo? Somos a própria autoridade “divina” na terra e “nossa palavra” torna-se verdade absoluta. Onde há verdade absoluta não existe diálogo, no absolutismo existe “encucamento”, prepotência, inércia e “apoucamento cognitivo” (créditos para minha sogra).


3 – Justiça social – Em tempos de “determinismos”, decretos positivistas, teologias da prosperidade, e declarações proféticas aprendi nas minhas subidas à colina II (vila cruzeiro) que o que existe nos pensamentos egoístas que regem o século XXI e, mormente regem nossas congregações é a necessidade de se sobrepor ao "outro". Um ditado interessante é: " Quando a farinha é pouca, meu pirão primeiro". A comunidade é desfeita em um momento que o indivíduo e o individualismo se fazem mais presentes. Mesmo em populações extremamente carentes, onde a associação de pessoas e idéias poderia ser mais produtivos, o isolamento humano rege as relações humanas dessas culturas.


4 – Igualdade de direitos – O Estado Democrático de direito é uma utopia no momento em que esquecemos do “laicismo” do Estado e nos lembramos apenas da liberdade de culto, nos levando à buscar impedir a liberdade de culto do próximo.


5 – erradicação da pobreza - isso fazemos bem, afinal quem é pobre na igreja evangélica do século XXI é uma maldição que se equilibra sobre as pernas. Rechaçados e separados com maior veemência do que as que dispomos contra os piores malfeitores, os pobre são separados em nossas igrejas e rebaixados a um segundo plano, o plano do pecado. Pobreza não é pecado é estado de incidência social, é prova cabal de um estado déspota que abriga uma igreja igualmente déspota, sem amor e vontade de igualdade social. Igualdade social não em um discurso de falsa esquerda, uma militância que desbota o vermelho dos anos 80 e se torna o poder rosa dos anos 2000. Igualdade social não é militância ou discurso libertacionista, mas é amor incondicional ao próximo.


6 – Proteção das minorias – Deixamos de ser minoria, mas agimos como se ainda fossemos. Chegamos hoje aos milhões, mas buscamos ser aceitos. Não notam que já fomos aceitos, e isso é nossa ruína, pois viramos religião de emergentes, fúteis como os tais que nos afamaram. Esquecemos dos guetos que nos formaram e nos deram forma, da irmandade corriqueira do evangelho primitivo (vide igreja de Atos). Igualdade, Liberdade e fraternidade, foram antes da revolução francesa ou ascensão de pensamentos progressistas que impregnaram os ensinamentos do Cristo histórico.

Thiago Barbosa

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