A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

terça-feira, 21 de julho de 2009

Igreja e escolas - Quando eu crescer quero ser Paulo Freire...rs...

Novamente convidado a falar perante a igreja e, novamente, não gostei. Sempre tenho a impressão de que poderia ter me doado mais, preparado mais, pensado mais. A certeza de que sou capaz de melhorar. Infelizmente isso me deixa um pouco mal depois, com a horrível sensação de serviço mal feito. Acompanha-me tal sensação sempre que falo em público, minhas aulas eram assim.

Acho primordial a troca de experiências, a possibilidade de relação e troca entre professor e aluno, da mesma forma como a relação de troca entre pastor (preletor) e ovelhas (fiéis) deveria ocorrer. Alguns mais ortodoxos devem imaginar que busco rebaixar a idéia de igreja aos patamares de escola. Na verdade, elevo o nível de igreja ao nível de escola, não como a conhecemos – tanto uma como outra – mas um nível que deveríamos conhecer. Uma elevação utópica, mas a utopia não é o que direciona e possibilita a vida?

O princípio Batista “reza” que fé genuína deve estar obrigatoriamente atrelada à uma busca racional da verificação dos textos e discursos religiosos. Aceitamos o mesmo platonismo epistemológico nas escolas e nas igrejas. Como já fui platônico...(ufff)... Assumo que tentei - ainda falho e falharei – mas tentei. A possibilidade de ser o líder, o ponto de referência, o patamar almejado, me seduziu e confesso foi meu objetivo durante anos a fio. Hoje apenas busco a fidelidade a uma busca pela verdade que seja minha, não a de outra pessoa ou instituição, mas que verdadeiramente seja minha verdade. Verdade que leva à liberdade.

Nas aulas, principalmente de pré-vestibular, era o detentor das informações biológicas. Nada de troca, apenas informação fria, calculista, estática, apelativa e “engraçadinha”. Os alunos adoravam, se iludiam na possibilidade de estarem sendo preparados para a vida. Mentira. Eram preparados para uma parte momentânea e frívola. Eles se iludiam que recebiam conhecimento, eu me iludia que fornecia conhecimento, e ambos caminhávamos para o ostracismo da ignorância da vida. Tentei mudar e confesso foi árduo. Como os alunos reclamaram. Gostavam do pseudo-conhecimento, da pseudo-busca. Queriam a faca e o queijo, lhes ofereci a fome, eles gritaram pela faca e o queijo, e quando obtiveram seus almejados utensílios notaram que sem fome de nada adiantariam a faca e o queijo. Tornei-me o carrasco, mas finalmente era sincero com minha busca pela verdade de “vir a ser”.

Nas igrejas não são idênticos os padrões epistemológicos? Somos frios ao discordar de posturas “pecaminosas”, calculistas nos axiomas de crescimento numérico, estático nos padrões de análise e critica de um mundo que se torna adulto, apelativos na distorção de verdades para sustento de visualizações pessoais de um líder e “engraçadinhos” para dissolver complexidades existenciais que regem a humanidade permitiindo uma sensação de torpor analgésico por mensagens instantâneas e pouquíssimo substanciosas. E como as ovelhas gostam, ah se gostam...

Ainda me resta a esperança de que as escolas formem pessoas e finalmente se desassociem das “linhas Fordianas”. A esperança de que as igrejas permitam que humanos sejam humanos, com todos os prós e contras que estão agregados a estas condições. A esperança de que todos (e logicamente me incluo nesse bolo) possamos notar a imperiosidade obrigatória da troca relacional, entre igreja e pastor ou aluno e tutor, para que efetivamente possamos nos encontrar – não apenas com Deus – mas com nosso próprio EU.







Thiago Barbosa

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Mais um culto televisivo???

Sim, o evangelho tem sido alvo de afrontas. Infelizmente os atrozes mercenários se dizem cristãos. Vendem sua alma ao próprio diabo - já que eles mesmos assumem o papel de "diabolous" para si. A tv brasileira, e mundial, são reféns desses palhaços...

Não, esse não é mais um agente religiosos televisivo, mas a diferença é pouca, talvez seja apenas as risadas do público, já que a distorção do texto bíblico e pouco caso com o raciocínio de seus "fiéis colaboradores" é o mesmo. Até quando o que vemos na tv será confundido com evangelho? Temos o direito de nos calar? Se tivemos os olhos "abertos" para as verdades através da teologia, temos o direito de permitir que isso continue sem nos pronunciarmos?

Aqui inicio meu protesto... Isso não é cristianismo, é prostituição, blasfêmia, mentira, usurpação. A nós basta a busca incessante pela verdade do cristianismo autêntico e eficaz...

Não se assustem, não é um culto televisionado...ao menos ainda não... Afinal, esses que aí estão parecem não ter limites...

Generalizei, mas são poucos os resistentes... Você o é?





Thiago Barbosa

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Cristianismo "arreligioso"

Continuo observando as minúcias de Resistência e Submissão, a carta do dia 08/06/1944 ao amigo Eberhard Bethge torna-se – em minha opinião – o cerne de toda obra teológica e legado cristão de Dietrich Bonhoeffer.

(...) O movimento em direção à autonomia humana (refiro-me à descoberta das leis segundo as quais o mundo vive e dá conta de si mesmo nas áreas da ciência, da sociedade e do Estado, da arte, da ética e da religião), que se iniciou por volta do século 13 – (não quero entrar na discussão sobre o momento exato) -, chegou a uma certa completeza na nossa época. O ser humano aprendeu a dar conta de si mesmo em todas as questões importantes sem apelas para a “hipótese de trabalho de Deus”(a). Nas Questões científicas, artísticas e éticas isto se tornou uma obviedade que dificilmente alguém ainda ousaria questionar; mas, desde cerca de 100 anos (meados do século XIX, sempre ele...rs...) isso vale, de modo crescente, também para as questões religiosas; fica evidente que tudo também funciona sem “Deus”, e tão bem quanto antes.

(...) Ora, as visões católica e protestante da história concordam que se deva ver nesse processo a grande apostasia de Deus, de Cristo e quanto mais elas se valem de Deus e de Cristo e os jogam contra esse desenvolvimento, tanto mais este se compreende como anticristão. O mundo que chegou à consciência de si mesmo e de suas leis vitais está a tal ponto seguro de si mesmo que ficamos inquietos com isso.

(...) Ora a apologia cristã reagiu, das mais diversas formas, contra essa segurança de si próprio. Procura-se demonstrar ao mundo que atingiu a maioridade (b) que ele não seria capaz de viver sem tutor “Deus”.

(...) Considero o ataque da apologia cristã à maioridade do mundo primeiro como sem sentido, segundo como deselegante, terceiro como não cristão.


(a) – Cada pesquisador da natureza terá como objetivo tornar supérflua a hipótese Deus para o seu campo de trabalho (F. Mauthner – Der Atheismus und seine Geschichte im Abendland)

(b) - Quando o sistema teológico-metafísico havia sido abalado nos séculos 15 e 16, então emergiu, a partir das reais necessidades da sociedade do século 17, no âmbito novo de uma ciência que atingira a maioridade, um sistema científico que proporcionava princípios de validade geral para a condução da vida e o governo da sociedade. Da rebelião Holandesa até a Revolução Francesa, ele ( o sistema científico que assume a forma de teologia natural e direito natural) participou ativamente de todas as grandes transformações históricas. Tão admirado quanto censurado, ele é a expressão grandiosa da maioridade a partir de agora atingida pelo espírito humano na religião, no direito e no Estado. (Dietrich Bonhoeffer – Der Fürer und der Einzele in der jungen Generation)

Sim, contundente e sagaz as palavras que emanaram das prisões de Berlim realmente permanecem sem respostas.

1 - Onde fica o “espaço” da igreja, se ele não se perde totalmente?

2 – Se Jesus mesmo não partiu da aflição das pessoas, o que daria razão ao “metodismo” acima criticado (Cristianismo Religioso para um mundo Arreligioso)?

Impressionante também é o rigor com o qual esse “teólogo-pastor” permanece refletindo. Nos dias de Hoje seria claramente tendencioso em suas reflexões, afinal não tem sido assim com boa parte de nossos lideres religiosos? Mais de um ano preso sem saber o real motivo e mesmo assim apresentando-se de forma incorruptível quanto a suas idéias e teologia. A busca de um cristianismo arreligioso para um mundo arreligioso e adulto. A igreja ainda se mostra infantilizada, esquecemos de observam que o mundo cresceu. Nós ainda teimamos em permitir e sonhar obtusamente com um retorno ao medievalismo, mas a evolução – no âmbito biológico – não pode ser retrógrada, o que é jamais voltará a ser, mas poderemos vir a ser um dia? Só resta a esperança de que sim.

Thiago Barbosa

sábado, 11 de julho de 2009

Bonhoeffer, Lucy Ferry, e um problema antigo...

Uma das propostas do livro "Depois da Religião" de Lucy Ferry e Marcel Gauchet é o questionamento quanto à "saída da religião e a permanência do religioso". Semelhante a Bonhoeffer - ou aquilo que entendi do trecho deste teológo transcrito pelo Thiago -, esses dois filósofos franceses enxergam a situação atual da Europa Ociental, que é esse período de "arreligiação".
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No caso desses franceses a questão quanto a "Cristo ser o Senhor dos arreligiosos" e do lugar da igreja nesse contexto já não é discutido, apesar de que a existência humana é um dos assuntos em discusão - em segundo plano mais ainda em discussão. Nesse caso o debate gira em torno do reconhecimento de uma sociedade onde, nessa situação específica, a religião é algo do passado. Como se diz logo na página 7: "De fato o que se apaga, de modo definitivo, é uma visão do mundo inteiramente estruturada pela religião (como heteronomia), uma concepção em que o religioso impregna todos os setores da vida pública e privada."
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Se a plataforma de questionamento de Bonhoeffer for de fato o pensar teologicamente, levando o séc 19 a sério, poderíamos dizer que Lucy Ferry retomou essa antiga discusão. Obviamente que analise desse filósofo se torna imcompleta sob um olhar teológico, que analisará o metafísico em relação ao mundo natural. Porém, creio que - lembrando de nosso querido professor Osvaldo Luis - Bonhoeffer se encontra entre os teólogos fenomenológicos, portanto, seu olhar na teologia é puramente horizonta, não vertical.
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Não cabe a mim responder agora o que será do Cristianismo nesse mundo arreligioso - característico da europa, não do restante do mundo (por enquanto) - e como este deve se portar num mundo secularizado, onde a religião vem ditando cada vez menos as leis públicas e privadas de uma sociedade. Cabe sim continuarmos a fazer perguntas, e como é o caso do thiago, tendo intensas disenterias, para que essas perguntas possam fazer girar as engrenagens da mente e do pensar teológico.
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Termino por aqui deixando um trecho do livro "Depois da Religião", que retrata bem essa arreligião, mas a quase impossibilidade do arreligioso: "Muitos jovens sonhadores, que se querem modernos até o ultimo fio de cabelo e que se julgam libertos dessas velharias ( religião ) que mal podem imaginar, são místicos sem sabê-lo, em busca de uma experiência espiritual. Festa, trase, vertigem, estados alterados de consciência obtidos pela música ou por substâncias adequadas: o que sempre está em causa é o acesso a uma outra ordem de realidade [...] Diz respeito à aspiração de fugir da prisão do cotidiano." (p. 12)
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Alan Buchard

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Cristãos com insônia? Só os autênticos.

Penso em teologia, mesmo em estado de torpor mental que as férias me induzem. Estou às voltas com um subversivo da Alemanha, e quem me dera fosse eu idealista o suficiente para ao menos almejar ser como ele. Bonhoeffer, o subversivo.

Sempre tive um chamado para a crítica à instituição religiosa, seja ela qual for. Mesmo sendo membro ativo e efetivo de uma a maior parte de minha medíocre vida sempre pensei e fiz teologia. Acho que só se pode ser cristão dessa forma, pensando e fazendo teologia, não a teórica de gabinete, mas a prática do discurso e da ação “inloco”. E em minhas buscas pela essência do cristianismo efetivo me deparei com um livro no mínimo intrigante, Na capa a foto de Dietrich Bonhoeffer, óculos, calvície proeminente, ar de estudioso, meio sorriso, frio e misterioso como todo autêntico europeu setentrional o deve ser. Mas a tensão se faz quando você percebe que todas as suas dúvidas também foram as dúvidas deste resistente.

Aqui transcrevo duas páginas que me tiraram o sono, e ainda tiram, de um homem que se permitiu a dúvida sobre os caminhos da religião, do cristianismo e da teologia. Deleitem-se.

Dietrich Bonhoeffer – Resistência e Submissão (cartas e anotações escritas na prisão)

O que me ocupa incessantemente é a questão: o que é cristianismo ou ainda quem é de fato Cristo para nós hoje. Foi-se o tempo em que se podia dizer isso para as pessoas por meio de palavras – sejam teológicas ou piedosas; passou igualmente o tempo da interioridade e da consciência moral, ou seja, o tempo da religião de maneira geral. Rumamos para uma época totalmente arreligiosa; as pessoas, sendo como são, simplesmente não conseguem mais ser religiosas. Também aquelas que sinceramente se dizem “religiosas” de modo algum praticam o que dizem; portanto, é provável que com o termo “religioso” estejam referindo-se a algo bem diferente. Porém, toda a nossa pregação e teologia cristãs de 1.900 anos baseiam-se no “a priori religioso" das pessoas. O “cristianismo” sempre foi uma forma (talvez a verdadeira) da “religião”. Ora, se um dia evidenciar-se que esse “a priori” nem existe, mas foi uma forma de expressão historicamente condicionada e passageira do ser humano, se, portanto, as pessoas tornarem-se radicalmente arreligiosas – e acredito que em maior ou menor grau esse já seja o caso – então o que isso significa para o “cristianismo”? Tiram-se as bases de todo o nosso “cristianismo”, da maneira como existiu até agora; e restam apenas alguns poucos “últimos cavaleiros” ou um punhado de pessoas intelectualmente desonestas que ainda aceitariam uma abordagem “religiosa”. Acaso seriam esses os poucos eleitos? Devemos atirar-nos, zelosos, rancorosos ou indignados, precisamente sobre esse grupo suspeito de pessoas para vender-lhes nossa mercadoria? Devemos assaltar um punhado de pessoas infelizes num momento de fraqueza e, por assim dizer, violentá-las religiosamente? Se não quisermos nada disso e se, por fim, tivermos de considerar a forma ocidental do cristianismo apenas como um estágio preliminar de uma arreligiosidade total, que situação surge então para nós, para a igreja? Como poderá Cristo tornar-se o Senhor também dos arreligiosos? Existem cristãos arreligiosos? Se a religião é apenas uma roupagem do cristianismo – e também essa roupagem teve aspectos muito diferentes em diferentes épocas – o que seria então um cristianismo arreligioso?

Sim, isso me pertuba, me persegue, me atormenta, me conclama, me estarrece, me confronta, me afronta e dita o ritmo de meus dias na teologia acadêmica e cotidiana. Mas, se para você tais palavras nada transmitem, não causam insônia, urticária, desinteria, soluço, calafrios e mau-súbito de toda a natureza, fica minha sincera pergunta: Você é verdadeiramente cristão?

Thiago Barbosa

terça-feira, 7 de julho de 2009

MICHAEL JACKSON - Um profeta?


Paul Tillich, preocupou-se com a compreensão e com a crítica da realidade nos aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos. Em função disso, como visto, estabeleceu amplo debate entre a teologia e diferentes campos do conhecimento, o que possibilitou refutar formas de reducionismo e de absolutismo religioso ou teológico. Nesse sentido, está a referência à sua produção como teologia da mediação.

As experiências de vida que o fizeram confrontar-se com a realidade de sofrimento humano vivenciado de maneira especial com o nazismo e no período das grandes guerras mundiais destruíram a mentalidade liberal e o otimismo que possuía em relação às iniciativas humanas. Todavia, não obstante a isso, Tillich sempre insistiu na participação compromissada em projetos de transformação social.

Isso foi possível devido, entre outros fatores, à formação cultural dele, em especial as influências filosóficas do existencialismo e do marxismo, que ofereceram substancialidade ao seu pensamento teológico. A síntese criativa e crítica dessas perspectivas filosóficas possibilitaram, por um lado, uma visão crítica da igreja e da sociedade e, por outro, participação ativa nos processos sociais, eclesiais e políticos de sua época.

Essa postura dialética, sintonizada com o profetismo bíblico, contribuiu para a formulação de conceitos que o autor aplicou para a compreensão da cultura e da história. Trata-se, principalmente, do princípio socialista, do princípio protestante, do Kairos, de teonomia, da situação-limite e da Comunidade Espiritual. A metodologia teológica do autor não poderia estar dissociada do conjunto de questões de sua vida, em função do peso da reflexão existencial por ele atribuída. A metodologia por ele proposta tentava oferecer respostas às indagações da situação humana, com a devida integração das dimensões existencial e social, o que garante relevância e substancialidade da produção teórica de Tillich, mesmo em outros contextos sociais e em outras épocas. O seu método da correlação procura explicar os conteúdos da fé cristã por intermédio de perguntas existenciais e de respostas teológicas em mútua interdependência.

As perguntas da existência humana e as respostas teológicas conduzem o ser humano a um ponto que não se refere a um momento no tempo, mas ao ser essencial do humano em sua unidade existencial que reúne a finitude humana e a infinitude divina. Nesse sentido, ficam destacadas as preocupações de Tillich com a cultura, com a história e com a busca do Incondicionado.

Tillich compreendia que somente as pessoas e os grupos que experimentarem o impacto da transitoriedade, a ansiedade gerada pela consciência de sua finitude, a ameaça do não-ser, as ambigüidades trágicas da existência histórica e questionarem radicalmente o sentido da existência, podem entender o que significam a Palavra e o Reino de Deus. Ainda que previamente, é possível concluir que o Reino de Deus, uma vez em correlação com o enigma da existência histórica, é o sentido, a plenitude e a unidade da história. A experiência de vida, o método teológico e a preocupação de Tillich em estabelecer uma relação da teologia com a cultura e com a história, e a busca incessante pelo Incondicionado, como Preocupação Última, são aspectos que o autorizam como interlocutor nas reflexões teológicas de hoje.

Utilizando de padrão os conceitos de manifestação da “divindade” nos aspecto cultural de uma sociedade podemos notar “insights” de ação e manifesto de um Deus que é símbolo para Deus. Em tempos modernos, onde a igreja paradoxalmente é medieval, notamos a insurgência de gritos proféticos dos “cultuados culturalizadores”. Os artistas, outrora subversivos e saltimbancos, assumem a voz profética de uma igreja que se cala frente à sociedade atônita. A igreja se cala mediante a sociedade e sussurra para Deus sem nada conseguir. Os artistas gritam para si mesmos, mas se tornam os profetas de uma sociedade sem Deus.

Quando seremos novamente profetas? Não sei. Alusivo ao proposto acima e relembrando o post sobre John Lennon do amigo Allan, gritou MICHAEL JACKSON!

We Are The World (tradução)
USA For Africa
Composição: Michael Jackson & Lionel Ritchie


We are the World (Nós Somos o Mundo)
Chega um momento, quando ouvimos uma certa chamada
Quando o mundo tem que vir junto como um só
Há pessoas morrendo
E está na hora de dar uma mão a vida
O maior presente de todos
Nós não podemos continuar fingindo todos os dias
Que alguém, em algum lugar irá mudar
Todos nós somos parte da grande família de Deus
É a verdade
Você sabe que o amor é tudo que nós precisamos

Refrão:
Nós somos o mundo, nós somos as crianças
Nós que fazemos um dia mais brilhante
Assim comecemos nos dedicando
Há uma escolha que nós estamos fazendo
Nós estamos salvando nossas próprias vidas
É verdade que nós faremos um dia melhor, só você e eu
Lhes envie seu coração assim eles saberão que alguém se preocupa
E as vidas deles serão mais fortes e independentes
Como Deus nos mostrou transformando pedras em pão
E por isso todos nós temos que dar uma mão amiga

refrão
Quando você está acabado, e não aparece nenhuma esperança
Mas se você acredita que não há nenhum modo que nos faça cair
Nos deixa perceber que uma mudança só pode vir
Quando nós nos levantamos junto como um só

Thiago Barbosa

sábado, 4 de julho de 2009

Que desse mal a gente não sofra...

"Os que estão em cima raramente empreendem coisas diferentes. Não lhes interessa mudar as coisas. O poder e a riqueza são benevolentes para com aqueles que os possuem." (O que é Religião, p. 43)
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O que almejamos com um curso superior, a não ser conhecimento, e junto deste a projeção social? O que queremos além de ascendermos à pos~ição de líderes, seja em qual esfera for?
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Lutamos para que assim como nos possibilitaram a mudança da mentalidade de criança para enxergarmos o mundo a volta com seriedade - visualizando transformações - e responsabilidade - para suportar as consequências -, possamos possibilitar a outros uma nova cosmovisão, se assim desejarem.
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Porém, questiono: Uma vez estando a frente de um grupo, consideraríamos as pessoas como "massa" - que facilmente se manipula -, ou seres humanos dotados de entendimento e racionalidade? Empreenderíamos as mudanças que tanto sonhamos em nossa formação, ou nos manteríamos metafóricos devido às exigências de um sistema?
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Mesmo não tendo condição de responder a essa questão no presente momento, cabe-me lamentar a situação que nos encontramos. Os "grandes" e "poderosos" que foram agraciados com as indulgências da riqueza e do poderio, sofreram recalque. Destes, não há muita esperança de transformação.
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Revoltante, contudo, é enxergar que esses poderosos só ascenderam porque nos conferimos a estes, essa posição; e que se não fosse o consentimento positivo dos "liderados", a realidade seria diferente.
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Lamentável situação. Quero crer que essa perversão não me atinja, nem aos demais amigos sustentadores desse blog. E se caso essa perversão tomar conta de nós, o leitor terá todo o direito de se revoltar para que quem estiver no comando abdique.
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Alan Buchard

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Desafio

"No processo histórico através da qual nossa civilização se formou, recebemos uma herança simbólico-religiosa, a partir de duas vertentes. De um lado, os hebreus es os cristãos. Do outro, as tradições culturais dos gregos e dos romanos [...] E foi daí que surgiu aquele período de nossa história batizado como Idade Média [...] Nada acontecia que não fosse pelo poder do sagrado, e todos sabiam que as coisas do tempo estão iluminadas pelo esplendor e pelo terror da eternidade [...] E o que é fascinante é que uma civilização construída com fantasias tenha sobrevivido por tantos séculos. E nela os homens viveram, trabalharam, lutaram, ergueram catedrais... [...] Poucos foram os que duvidaram. Receitas que produzem bolos gostosos não são questionadas; quando um determinado sistema de símbolos funcionada de maneira adequada, as dúvidas não podem aparecer [...] Aqueles que duvidam ou propõem novos sistemas de idéias, ou são loucos ou são ignorantes, ou são iconoclastas irreverentes." (Rubem Alves - O que é Religião, p. 38-43)
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Se de alguma forma, nosso tempo presente se compara com a Idade Média, meus amigos aspirantes a teólogos, temos um baita trabalho a frente! É noites sem durmir, é vento frio a cortar nossas faces...
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Alan Buchard

Religião e Símbolo

"A religião nasce com o poder que os homens têm de dar nomes às coisas, fazendo uma discriminação entre coisas de importância secundária e coisas nas quais seu destino, sua vida e sua morte dependuram [...] Com sues símbolos sagrados o homem exorciza o medo e constrói diques contra o caos." (O que é Religião - Rubem Alves, p. 24)
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Compreender essa frase de Rubem Alves nos permitirá entender que a religião é estritamente humana.
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Baseada em experiências místicas - de uma pessoa ou grupo - a religião se sacramentalizará na vida destes e, todos os seus símbolos (místicos, práticos, divinos) se tornarão uma verdade absoluta.
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Dessa cosmovisão, o que for profano, ou seja, contra o entendimento desta religião, terá que ser subjugado pelo sagrado. E desse entendimento, os agentes religiosos farão obras louváveis e deploráveis.
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Contudo, como não questionar o por que de tantas barbaridades serem cometidas em nome da religião, que em si, é um empreendimento humano?
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Rubem Alves dá uma resposta realista na página 37: "nós nos esquecemos de que as coisas culturais (e aqui se encontra também a religião - acrescimo meu) foram inventadas e, por esta razão, ela aparecem aos nossos olhos como se fossem naturais."
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Pimba... Exorcizando o medo, ordenando o caos, e esquecendo que os símbolos são culturais, o ser humano se tornou capaz de passar por cima de um semelhante, empunhando uma bandeira religiosa nas mãos, bradando ser a "vontade de Deus".
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Como cristão errante, e que devota a fé na figura de Jesus, cabe a mim aprender com este homem a abrir mão das responsabilidades da religião - quem se lembra da briga de Jeus com o tempo, e sua aproximação com o profeta e o sábio? - e práticar o Amor, a Justiça, a Compreensão para com os que são, preconceituosamente, chamados de "pagãos" e, cima de tudo, com os próprios cristãos - nós que achamamos que temos o Rei e as dádivas do Reino na barriga.
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Afinal, em termos de religião, somos todos iguais, Não há superior nem inferior. O que existe é a fé depositada em um símbolo ou em outro, pois os homens são diferentes e, seus símbolos são pessoais... Nessa pessoalidade, o mundo sagrado é construído."
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Alan Buchard

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O TAPECEIRO - Stênio Marcios

Realmente gosto de pensar na predestinação. A soberania total e completa de Deus, a entrega sem reservas ao senhorio de Cristo. Mas na minha prepotência de ser HOMEM permito a quebra da hegemonia sobre a soberania cristocêntrica e meu livre-arbítrio me destrói. Mas me lembro dos meus 29 (quase 30) anos e me imagino uma colcha de retalhos plenamente emoldurada por mãos metafísicas, aí me entrego novamente à soberania e n'Ele descanso.

Parabéns Stênio Marcios, poesia maravilhosa. Música tocante.

O tapeceiro

Tapeceiro, grande artista,
Vai fazendo seu trabalho
Incansável, paciente no seu tear
Tapeceiro, não se engana
Sabe o fim desde o começo,
Traça voltas, mil desvios sem perder o fio

Minha vida é obra de tapeçaria,
É tecida de cores alegres e vivas,
Que fazem contraste no meio das cores Nubladas e tristes
Se você olha do avesso,
Nem imagina o desfecho
No fim das contas, tudo se explica,
Tudo se encaixa, tudo coopera pro meu bem

Quando se vê pelo lado certo,
Muda-se logo a expressão do rosto,
Obra de arte pra Honra e Glória do Tapeceiro
Quando se vê pelo lado certo,
Todas as cores da minha vida Dignificam a Jesus Cristo, o Tapeceiro

Thiago Barbosa