A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

terça-feira, 19 de maio de 2009

PECADO sob a ontologia

Um tempo atrás me coloquei a imaginar sobre a conduta do pecado à luz da ontologia, aqui apçresento a vocês parte desses escritos, idealizados ainda fora do seminário...
Vejo hoje que já mudei bastante a forma de pensamento. Posteriormente gostaria de abordar minha atual percepção sobre esse assunto.
Algo que de uns tempos pra cá tem me chamado a atenção é como o pecado tem ganhado importância em nossos cultos, pregações e conversas. O mais interessante ainda é como nunca nos referimos aos “nossos” pecados, mas sempre aos pecados de nossos “irmãos”. Claro, afinal temos uma hierarquia velada de pecados que vão dos mais brandos como a omissão ou a fofoca até os mais inconcebíveis e imperdoáveis como assassinatos e o adultério. Existe uma hierarquia para todos os pecados? Partiremos de um ponto conturbado que é a analise dos pecados conhecidos como capitais. Mas, o que é pecado?
Em uma análise rápida pelo dicionário encontramos as seguintes definições:
PECAR – Transgredir preceito religioso, faltar a qualquer dever, delinqüir, errar, ser deficiente, ser reduzido. Do Latim peccare.
O interessante de notarmos os conceitos adotados pelos dicionários é que todas as aplicações do termo pecar apresentam uma conotação de algo que está incompleto, mal realizado, feito de forma não esperada. Como se o esperado fosse realmente a incapacidade ou impossibilidade de um erro ser imputado à raça humana. Talvez observando assim possamos notar que o homem não tenha sido “criado” para o pecado mas para uma proximidade intimista com a Divindade, de forma que a Divindade não peca, por tanto o homem também não peca.
Percebemos que no livro de gênesis uma intima relação do homem e Deus, criador e criatura se correlacionando sem que nada pudesse quebrar essa harmonia existente entre ambos. Deus propõe uma regra ao homem no capítulo dois do livro de gênesis, verso 16 e 17 dizem:
16
¶ E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente,
17
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

A regra era clara, “não comerás da árvore do conhecimento do bem e do mal.” A partir de um comportamento inadequado por parte do homem houve uma ruptura da relação harmoniosa existente entre Deus e o homem. Isso seria conhecido como “PECADO ORIGINAL”, é o que faz de todos nós humanos pecadores e carentes da glória proporcionada por uma relação íntima com o criador. Esse relacionamento íntimo e harmonioso será propiciado através do sacrifício de Jesus, estabelecendo novamente a sinergia DEUS – HOMEM. Disse Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. - João 14.6 Jesus é o elo que restabelece a relação harmoniosa entre criatura e criador, gerando uma relação de pai e filho observada claramente em Gênesis 1; 26-30.
Agora que temos uma noção sobre o que é o PECAR e como nos restituímos desse pecado focaremos a análise sobre OS PECADOS.
O pecado no antigo testamento era a inobservância das leis apresentadas por Moisés ao povo no processo de êxodo do cativeiro egípcio. Lei Mosaica é composta de todo o código de leis formado por 613 disposições, ordens e proibições. Em hebraico a Lei é chamada de Torá, que pode significar lei como também instrução ou doutrina. O conteúdo da Torá são os cinco livros de Moisés, mas o termo Torá é aplicado igualmente ao Antigo Testamento como um todo.
• A Lei pode ser dividida em Dez Mandamentos, que no hebraico são chamadas simplesmente de As Dez Palavras. Eles regulamentam a relação do ser humano com Deus e com seu próximo.
• No código mosaico encontramos também o Livro da Aliança das Ordenanças Civis e Religiosas, que explica e expõe detalhadamente o significado dos Dez Mandamentos para Israel.
• O código mosaico ainda contém as leis cerimoniais, que regulavam o ministério no santuário do Tabernáculo e, posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e do serviço dos sacerdotes.
Em conjunto, todas essas disposições, ordens e proibições formam a Lei Mosaica. No judaísmo ortodoxo, além dessas 613 ordenanças, há ainda as leis do Talmude, a transmissão oral dos preceitos religiosos e jurídicos compilados por escrito entre os séculos III-VI d.C. A Torá e o
Talmude são o centro da devoção judaica.
O Talmude (em hebraico: תַּלְמוּד, transl. Talmud) é um registro das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico, perdendo em importância apenas para a Bíblia hebraica. Observando a tradição judaica notamos que são relacionados mais de 1.500 itens a serem observados e que o não cumprimento de um só item implicaria em uma pena tão pesada quanto a não observação de todos os itens.
Deuteronômio 27:26 e 28:1
26
Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém.
1
E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra.

Certa autoridade teológica no assunto corrobora com o exposto acima dizendo:"Deve-se observar, por igual modo, que apesar de haver, em certas mentes modernas, tremenda diferença entre as "leis morais" e as leis cerimoniais, isto é, respectivamente, entre os dez mandamentos e os preceitos rituais dos judeus, contudo tal distinção jamais fez parte da mentalidade judaica, não podendo ser encontrada nenhuma declaração bíblica nesse sentido. Muitos judeus consideravam serem mandamentos importantíssimos, não menos importantes que os dez mandamentos das tábuas da lei, certas observâncias que consideraríamos triviais, como a lavagem de roupas, mãos pratos, etc. Portanto, a distinção feita por alguns modernos , os quais afirmam que a "lei cerimonial" foi ab-rogada, mas que a "lei moral" não o foi, é uma pretensão inteiramente destituída de provas bíblicas. Pois, nesse caso, é tão fácil eliminar o sábado como é fácil eliminar a lavagem de mãos, pratos, etc...,com base no ponto de vista da suposta eternidade das leis outorgadas ao antigo povo de Israel. (Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia, pág. 7 vl. 6 R.N Champlin, Ph.D. J.M Bentes ed. Candeia - 4 edição)
Os sete pecados capitais são uma classificação de vícios usada nos primeiros ensinamentos do catolicismo para educar e proteger os seguidores crentes, de forma a compreender e controlar os instintos básicos. Não há registro dos sete pecados capitais na Bíblia Sagrada. Assim, a Igreja Católica classificou e selecionou os pecados em dois tipos: os pecados que são perdoáveis sem a necessidade do sacramento da confissão, e os pecados capitais, merecedores de condenação. A partir do início do século XIV a popularidade dos sete pecados capitais entre artistas da época resultou numa popularização e mistura com a cultura humana no mundo inteiro.



Origens Sagradas de Coisas Profundas
De acordo com o livro "Sacred Origins of Profound Things" ("Origens Sagradas de Coisas Profundas"), de Charles Panati, o teólogo e monge grego Evágrio do Ponto (345399) teria escrito uma lista de oito crimes e "paixões" humanas, em ordem crescente de importância (ou gravidade):
Gula
Avareza
Luxúria
Ira
Melancolia
Acedia (ou Preguiça Espiritual)
Vaidade
Orgulho

Segundo Evagrius
Para Evagrius, os pecados tornavam-se piores à medida em que tornassem a pessoa mais egocêntrica, com o orgulho ou soberba sendo o supra-sumo dessa fixação do ser humano em relação a si mesmo. No final do século VI, o Papa Gregório reduziu a lista a sete itens, juntando "vaidade" e "soberba" ao "orgulho" e trocando "acedia" por "melancolia" e adicionando "inveja". Para fazer seu própria hierarquia, o pontífice colocou em ordem decrescente os pecados que mais ofendiam ao amor:
Orgulho;
Inveja;
Ira;
Melancolia;
Avareza;
Gula;
Luxúria;

Segundo São Tomás de Aquino
Mais tarde, outros teólogos, entre eles, Tomás de Aquino analisaram novamente a gravidade dos pecados e fizeram mais uma lista. No século XVII, a igreja substituiu "melancolia" – considerado um pecado demasiado vago – por "preguiça".
Assim, atualmente aceita-se a seguinte lista dos sete pecados capitais:
Vaidade;
Inveja;
Ira;
Preguiça;
Avareza;
Gula;
Luxúria;

Comparação com os demônios
Em 1589, Peter Binsfeld comparou cada um dos pecados capitais com seus respectivos demônios,[1] seguindo os significados mais usados. De acordo com Binsfeld's Classification of Demons, esta comparação segue o esquema:
Asmodeus: Luxúria
Belzebu: Gula
Mammon: Avareza
Belphegor: Preguiça
Satã: Ira
Leviatã: Inveja
Lucifer: Vaidade (Orgulho)

As Sete Virtudes são derivadas do épico Psychomachia, poema escrito por Aurelius Clemens Prudentius intitulando a batalha das boas virtudes e vícios malignos. A grande popularidade deste trabalho na Idade Média ajudou a espalhar este conceito pela Europa. É alegado que a prática dessas virtudes protege a pessoa contra tentações dos Sete Pecados Capitais, com cada um tendo sua respectiva contra-parte.
Ordenadas em ordem crescente de santicidade, as sete virtudes sagradas são:
· Castidade (Latim castitate) - opõe luxúria, auto-satisfação, simplicidade. Abraçar a moral de si próprio e alcançar pureza de pensamento através de educação e melhorias.
· Generosidade (Latim, liberalis) - opõe avareza. Despreendimento, largueza. Dar sem esperar receber, uma notabilidade de pensamentos ou ações.
· Temperança (Latim temperantia) - opõe gula. Auto-controle, moderação, temperança. Constante demonstração de uma prática de abstenção.
· Diligência (Latim diligentia) - opõe preguiça. Presteza, ética, decisão, concisão e objetividade. Ações e trabalhos integrados com as próprias crenças.
· Paciência (Latim, patientia) - opõe ira. Serenidade, paz. Resistência a influências externas e moderação da própria vontade.
· Caridade (Latim, humanitas) - opõe inveja. Auto-satisfação. Compaixão, amizade e simpatia sem causar prejuízos.
· Humildade (Latim, humilitas) - opõe vaidade. Modéstia. Comportamento de total respeito ao próximo.
Thiago Barbosa

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