A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

terça-feira, 5 de maio de 2009

Vovó já dizia: Quem fala o que quer, escuta o que não quer.

Gostaria de começar este post confessando um “pecado”. Diariamente tomo minha dose diária de ópio marxista. Um encontro que “normalmente” tem sido edificante me desperta às 06h30min para um “DESPERTAR COM DEUS”, alunos do próprio seminário se unem para orar e compartilhar a respeito de suas vidas, Constantemente tem se tornado um encontro extremamente agradável e construtor.

Nesse panorama bucólico e aprazível deste encontro, ouvi algumas declarações que levantaram meu senso crítico, explodiram meu torpor sonolento ocasionado por uma alta dose de ontologia matinal e permitiram uma sobrecarga nos índices de crítica em meu organismo.
“A teologia não serve para nada. A teologia não fala de Jesus pra ninguém. A epistemologia não “salva” ninguém e Edgar Morin não expulsa demônio de ninguém”.
Meu primeiro rompante interno foi urrar por dentro: O QUE ESSE INFELIZ TÁ FAZENDO NO SEMINÁRIO?!

Devo confessar meu pecado, me encolerizei. Cólera mesmo, total repúdio a tais palavras. E os poucos que convivem comigo sabem que me coloquei a pensar sobre o assunto de forma causticante. Aponto agora alguns aspectos para analisarmos tais palavras dessa pobre alma (...tento ser jocoso nas palavras...).


1 – A teologia não serve para nada.
Se a teologia não serve para nada o que este rapaz faz cursando teologia, agora em uma faculdade reconhecida pelo MEC? Eu mesmo respondo, ele busca se contradizer, já que a teologia não serve para nada, mas permite que ele ganhe uma bolsa de estudos e possa se manter junto a essa instituição, se preparando para sua profissão. Seu “chamado” estupra seus próprios conceitos já que ele é “obrigado” a passar por isso para conseguir viabilizar seu ministério.
Precisamos estudar teologia para nos tornarmos pastores? O pastorado é um ministério, inúmeras denominações não apontam a teologia como pré-requisito para a ordenação pastoral, mas o “statos quo” dos batistas obrigam esse tipo de “vocacionado” a assistir sim as aulas que “não servem pra nada”.

A teologia não serve pra nada, mas é esse mesmo tipo de aluno que grita a plenos pulmões a soberania dos “arminianos” sobre os “calvinistas”. Não é isso teologia? O mesmo grito ecoa marginalizando o batismo por efusão e gloriando o batismo por imersão. É o mesmo infeliz que diz que “sua” salvação é eterna e satiriza os crentes que se esmeram em fazer o bem para carpir sua conduta salvífica. Tudo isso é teologia, barata, mas ainda sim teologia. Afinal, para os batistas discutir teologia tem se resumido a discutir doutrina. Barthianos fundamentalistas, isso é o que somos não batistas. Invocamos o Espírito Santo para agir a nosso bel prazer e dizem ser isso o “querigma” bultmanniano. Buscam explicar o “logos” do prólogo de João, mas negligenciam a filosofia helênica que permeia o cristianismo do primeiro século. Utilizam a hermenêutica para a interpretação dos textos bíblicos, constroem suas epopéias congregacionais por intermédio da hermenêutica, assumem uma postura maximalista junto ao cânon do “primeiro testamento” e ainda criticam a teologia. Cospem para o alto e olham embasbacados o cuspe lhes encontrar a testa. Um contra-senso ultrajante.


2 – A Epistemologia não salva ninguém. O papel da epistemologia não é salvar, é mostrar as linhas que constroem o pensamento. Pensamento que notavelmente faltou a esse cidadão. Confundimos salvar pessoas com dados merísticos de pessoas que levantam as mãos ao final de nossos cultos. A epistemologia é estudo, a teologia é estudo, algo que falta não apenas a esse preletor em questão, mas a tantos outros que não entendem do funcionamento da ciência e por não entenderem se fecham em sua ignorância. O pior cego é aquele que não quer ver. E agora virou mania mundial se utilizar lacunas científicas para tentar tornar a ciência ou Deus ecumênico (sobre a ciência e a fé gostaria de abordar em outro momento).


3 – Edgar Morin não expulsa demônio de ninguém. É claro que Morin não expulsa demônio de ninguém, mas pode nos ajudar a manter esquizofrênicos da fé longe de nossos púlpitos, auxilia que nossos “pastores” não sejam embrutecidos pela calcificação de pensamentos arcaicos bem como inibindo o misticismo característico do evangelho pós-moderno. Morin não expulsa os demônios, mas identifica o noologico, separando claramente do psíquico. O demônio, nesse momento sem culpa alguma, leva a fama por todos os tormentos psíquicos e somatizados em nossas igrejas. Com Morin talvez tivéssemos menos ovelhas obtusas e mais humanos iluminados.

A tristeza fica na constatação de que esse não é um evento isolado, ele é recorrente e mostra o quão obsoleto tem se tornado nosso Cristianismo.

Amanhã acho que preciso aumentar a dose do ópio marxista.


Thiago Barbosa

Um comentário:

  1. comentários por comentar , prefiro escraxar !

    salvar almas , expulsar demônios , servir algo ou alguem , falar de alguem para quem ñ perguntou ? ´penso que para realizações tão " estraordinárias" como essas um supletivo no seminário "rosas de saron dos ultimos dias gloriosos " seria o suficiente para formar o ignorante do comentário contraditório num perfeito criador de cabras , que socialmente tem dado melhores bonificações do que o cargo de "domador de ovelhas" tão sonhado pelo bossal que toma seu suquinho ontológico matinal , na tentativa de se proteger ou fugir do "mal" que o tenta e provoca seus colegas que buscam com fulgor uma melhor formação que poderiamos nomear de integral talvez . basta saber agora qual ou quem é esse " mal " . eu voto na verdade.o que aterroriza, amedronta e faz com que esse núcleo de comentários despreziveis busquem força e vigor na verborreia utópica vossa de cada dia.para logo após aguentar a simples e maravilhosa esclarecedora VERDADE. Rangel vieira.

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