A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quando a catequese é maior que o prazer..."divinamente inspirado"

A deturpação de um conceito
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Na época da Igreja apostólica, o celibato possui um valor positivo e é reconhecido como estado de vida ao lado do matrimônio. Tanto um como o outro eram vistos como carismas particulares. É possível que tenha havido casos de matrimônios “espirituais”, em que homem e mulher viviam juntos como irmãos (Paulo fala de uma situação como esta em sua primeira epístola aos Coríntios, por volta do ano 57). No final do séc. I e no séc. II existem muitos homens e mulheres celibatários (ascetas e virgens) “em honra da carne do Senhor” (Inácio de Antioquia). A princípio, havia uma ambigüidade entre a virgindade e o estado de viuvez permanente. Por volta de 150, Justino se refere a homens e mulheres que se conservaram “incorruptos”, alcançando a idade de 60 ou 70 anos. O mesmo diz Atenágoras, em torno do ano 177. Apesar disso, ainda não existe no séc. II uma forma definida para o celibato cristão.
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Na virada do segundo para o terceiro século, sob influência da gnose e do encratismo, surgem apologias a favor do celibato como estado de vida melhor do que o matrimônio. Clemente de Alexandria defende a santidade do casamento e ensina que a continência só é virtuosa quando vivida por amor a Deus. Aos poucos começa a se impor um novo ponto de vista, que considera a virgindade como uma forma de matrimônio místico com o Senhor. Após o ano 200, as “virgines Deo devotae” usam véu para indicar suas núpcias espirituais (Tertuliano, Sobre a oração, 22, escrito entre 200 e 206). Mas o voto de virgindade não possui caráter de ordenação, como atesta Hipólito em sua Tradição Apostólica.
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Para Orígenes (que havia se castrado depois de ler Mt 19,12, detalhe peculiar) a virgindade supera o matrimônio porque enquanto este é figura da união de Cristo com a Igreja, aquela é sua realização mística e mais perfeita. Novaciano compara a virgindade com o estado angélico e Tertuliano leva ao extremo a sua exaltação, influenciado pelo montanismo. Cipriano vê a consagração virginal como esponsais com Cristo. Ele é o primeiro a usar o termo “virgindade” para se referir ao celibato masculino. Metódio de Olimpo (+311) fala dos celibatários Elias, Eliseu, João Batista, João Evangelista e Paulo, entre outros.
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Atanásio (295-373), que conhece o ideal monástico de Santo Antão, define o matrimônio como “via mundana”, enquanto a virgindade é o caminho mais eficaz para alcançar a perfeição.
Quando se encerrar o terceiro século, o celibato terá finalmente encontrado seu lugar na vida e na espiritualidade cristãs: estado superior ao casamento, comparado com a condição angélica, esponsais com Cristo, núpcias místicas, oferecimento total e perfeito a Deus. O monarquismo lhe dará forte impulso.
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No ano 300, o Concílio de Elvira, na Espanha, determina a obrigatoriedade do celibato para os padres e bispos da província. Com o passar do tempo esta disciplina se estenderá a toda a Igreja.
Para encerrarmos este assunto notamos em Gênesis 1:28 que uma ordem direta ao homem é dada: Frutifica, multiplica e sujeita a Terra. Antes mesmo da queda da humanidade por intermédio de Adão o sexo havia sido instituído como forma crescimento e manutenção da espécie pelo próprio Deus. A sacralidade do sexo é obra divina, a deturpação do sexo é obra humana. O prazer na relação sexual entre marido e mulher denota a intimidade do casal, portanto não devemos imaginar também a obrigatoriedade do sexo somente para atitude de reprodução, mas também como forma de prazer e intimidade de um casal.
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O livro de Gênesis, capítulo dois, a partir do verso dezoito observamos o ato de criação da mulher, ainda antes da queda. A instituição da família como molde eficaz de conduta e relacionamento entre a humanidade e o Criador é efetiva e demonstrada pela santidade do “HOMEM” antes da queda. Imaginar que um processo de santificação se dá diretamente proporcional à abstinência sexual em detrimento da formação familiar é afirmar a possibilidade do próprio homem estabelecer uma conexão viável e verídica entre humanidade e Divindade, desta forma, menosprezando o sacrifício de Jesus Cristo.
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Puxa, ainda bem que não me prendi nessa doutrina e hoje a Carol é minha...UFA... Escapei...
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Thiago Barbosa

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