A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Dissenções sob um olhar ontológico (pastoral rs...)

Dissensões relatadas na igreja primitiva e a contemporaneidade junto às igrejas reformadas


Algo facilmente notado junto ao movimento eclesiástico protestante moderno são a formação e reformulação de dezenas, centenas e porque não milhares de denominações.
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Mesmo não sendo grande conhecedor dos escritos paulinos é inegável sua contribuição junto ao ministério da palavra a respeito do reino de Deus. Observando as igrejas “primitivas” penso ter duas com um contexto cultural, histórico e religioso extremamente difícil de serem trabalhadas. Naquele momento, fatos concernentes à igreja vêem acontecendo sistematicamente. A separação dos discípulos diretos de Jesus e a disseminação do evangelho da Graça de Deus por intermédio de Jesus Cristo começam a ser pregado junto ao mundo antigo. Localidades como Jerusalém e Roma, sob minha perspectiva, deveriam ser os locais mais difíceis de serem alcançadas com os ensinamentos puramente cristãos, pelo fato de o judaísmo legal de Jerusalém, bem como o paganismo e o sincretismo com a sociedade grega observada junto ao império romano fazerem que com certeza tais localidades fossem importantíssimas no âmbito de se fazer crescer as verdades do Messias. O evangelho prosperando em solo tão inóspito com certeza animaria e alavancaria os trabalhos dos lideres da igreja primitiva
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Jerusalém apresenta uma cultura onde a religião se funde a conceitos políticos. O judaísmo assume não apenas um aspecto religioso, mas social, econômico e histórico. A liturgia do judaísmo ganha grande relevância ante a pratica simplista do cristianismo. Dois pontos deveriam ser observados indubitavelmente: Amarás a Deus acima de todas as coisas e de forma igualitária a esse primeiro “mandamento” amarás ao teu próximo como a Ti mesmo. Não seriam necessários novamente os sacrifícios, oferendas e sacerdotes. Apenas amor incondicional a Deus e como fruto do amor incondicional a Deus o amor ao próximo.
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O politeísmo grego associado ao paganismo e animismo de todas as nações colonizadas pelo império romano faz com que esta cultura se perca e seja um ponto onde tudo é possível. A miscelânea entre culturas, sociedades e povos tão distintos tornam Roma “mãe de todos os males”.
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Podemos observar essas preocupações nas cartas de Paulo direcionadas aos romanos (Rom. 1, 18-32) na sucinta descrição em relação à sociedade romana vigente. Interessante que na continuação da mesma epístola observamos que o senso de justiça humano é desaprovado com a instituição da justiça divina. Sim, não há um só homem instituído como juiz sobre a humanidade, o sacrifício de Cristo é eficaz na remissão e salvação do homem já que não existe um só justo e a justiça se dá por intermédio de Jesus Cristo (Rom.3, 21-24).
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Nesse contexto de conturbação social apresentado na cultura romana seria salutar que os cristãos residentes zelassem de forma exacerbada contra toda a forma de deturpação do genuíno evangelho de Cristo. Esse zelo seria inclusive aconselhável para que a integridade das mensagens e dos ensinamentos fosse mantida. Todavia esse fator de considerável relevância no contexto histórico e social da época causa uma facção junto à igreja devido à ação aos líderes locais. Paulo enfatiza o fato de nos auxiliarmos no processo de maturidade e crescimento espiritual. “Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos. Um crê que pode comer de tudo, já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais. Aquele que come de tudo não deve condenar aquele que come vegetal. Já o que comem vegetais não deve condenar aquele que come de tudo, pois Deus o aceitou. Quem é você pra julgar servo alheio? É para o seu Senhor que ele está em pé ou cai” (Rom. 14, 1-4a).
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Sim, a manutenção da doutrina a todo e qualquer custo é menos importante que a manutenção e auxilio do meu irmão junto à maturidade e crescimento espiritual. A comparação com o trato disgestório realizada por Paulo foi extremamente peculiar no ponto em que analisamos as possibilidades da digestão e a comparação entre organismos essencialmente herbívoros e onívoros.
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Grosso modo herbívoros são organismos que se alimentam unicamente de vegetais. Existem adaptações anatômicas e fisiológicas que permitem que esses organismos se adaptem a esse nicho ecológico. Organismos onívoros além de suas adaptações anatômicas e fisiológicas notam também variações mais profundas como as sociais. As adaptações sociais não dependem apenas de si, mas da relação entre organismos de diferentes grupos. O desenvolvimento pleno de um onívoro é mais complexa no âmbito biológico que o herbívoro. As interações sociais são as respostas e perguntas, as dúvidas e questionamentos, a liberdade de cada ser humano tornar-se único e individual na coletividade da igreja. Sim, a genialidade comparativa de Paulo prossegue ao nos comparar a um corpo onde Cristo é a cabeça. Nas subdivisões biológicas por complexidade observamos que indivíduos são células, unidades básicas, morfofisiológicas formadoras de organismos vivos. Sim novamente observamos que a importância orgânica da igreja não se dá apenas com uma célula, mas sim no desenvolvimento maduro e eficaz de um órgão. É verdade, somos células na nossa individualidade, mas, necessitamos ser órgãos para o desenvolvimento do corpo onde a cabeça é Cristo. A maior notoriedade da simplicidade herbívora em detrimento da complexidade onívora torna-se um ponto de união sob a ótica paulina e não um ponto para dissensões.
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Sim, nós onívoros devemos nos apiedar, amar e auxiliar nossos irmãos herbívoros, de modo que todos sejamos apenas organismos sem complexidade alguma na eterna e sobrenatural simplicidade do evangelho de JESUS CRISTO.
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O que observamos na igreja moderna novamente é um verdadeiro oceano de dissensões em seu âmago. Novas denominações simplesmente brotam da noite para o dia pelo simples fato de não concordarem com seus dirigentes. Somos ovelhas pastoreando ovelhas, cegos guiando cegos para um abismo de idéias puramente humanas vestidas em trapos denominados evangelho. O Evangelho não provoca separações, provoca o amor. E na ponta oposta existem os que se agarram a uma denominação tal qual os romanos e hebreus exortados por Paulo. Não somos cristãos, somos nossas denominações, nos formamos como um amontoado de rancor e legalismo histórico e falho. Se na sua essência as denominações são humanas e a humanidade é falha, as denominações são invariavelmente falhas. Por isso Paulo incentiva e fomenta o auxilio entre os irmãos, para que deixemos a soberba e prepotência denominacional de lado no intuito de gerarmos o arrependimento e salvação do homem através de Jesus Cristo como denominação pura e infalível em nossos corações.





NA PAZ QUE EXCEDE TODO O ENTENDIMENTO.

Thiago Barbosa

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