A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

terça-feira, 30 de junho de 2009

É meu amigo Tiago... Onde vamos parar?

Que loucura! Que vergonha! Líderes?Sacerdotes?
Os caras falam em nome de Deus? Que diabo de Deus é esse que favorece as orgias políticas desses ...


Não quero apedrejá-los(e providenciar sua morte com todo o peso que as palavras podem ter), pois também sou homem e sendo homem sujeito às coisas de homem. Mas digo como homem, com a responsabilidade pelo bem comum, como um indivíduo de uma sociedade e essa Democrática, com toda a liberdade de expressão que essa Democracia me outorga, que tudo isso exposto pelo amigo, com relação a politicagem dos lideres da Assembléia de Deus é, como você mesmo diz: SUJEIRA DA GROSSA!!!

Bem, acho que temos de andar de cabeça baixa mesmo. Usar o símbolo "Deus" para manipular os outros? Nosso discurso acaba realmente se transformando ou se igualando a um mero discurso antropológico quando "nós criamos um Deus politiqueiro"!!!

"O nosso Deus tem a nossa cara"!

Feuerbach que o diga...

Jonathan

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Os púlpitos estão à venda! Quem dá mais? Quem dá mais? Quem dá mais?

O que vemos hoje é evangelho? Nunca foi nem será...
Ultimamente tenho me interessado pela inter-relação existente entre política (como forma de relacionamento humano sob o auspícios do Estado Democrático de Direito) e o evangelho. Decepciono-me. Após a “abertura” deste canal de discussões me tornei um voraz leitor de blogs e em um deles encontrei uma notícia, que segue abaixo.

Não perdendo tempo na condenação de quem pela ética e moral de um molusco já foi condenado (quem dirá pela moral e ética humanas) me pronuncio a respeito parafraseando Cristo. RAÇA DE VÍBORAS !
Meu grande pesar é que a maior denominação “evangélica” do país se misturou, sob a imagem de seu presidente vitalício, a uma corja putrefata de assaltantes com alvos colarinhos. O púlpito foi vendido, pena não ser isto um fato isolado. Em Goiânia mesmo isso tem se tornado uma prática cada vez mais comum, inclusive com um dos apóstolos verificando o voto em seus parentes sessão por sessão através do confisco dos títulos de eleitores. Como um povo que se proclama liberto e libertador se sujeita a tais atos? Fácil, não são libertos. Passaram de um senhor para um outro, mas ainda são escravos, habitam nas trevas da ignorância e ainda não conheceram a verdade. Afinal se conhecessem a verdade, esta os libertaria.
Segue o motivo de meu asco logo abaixo como o encontrei no blog (WWW.teologiapentecostal.blogspot.com)


Assembleia de Deus já pede voto de fiéis para 2010

O bispo Manoel Ferreira, presidente vitalício da Assembleia de Deus e deputado federal (PTB-RJ), tem mandado cartas aos pastores importantes da igreja, a maior denominação evangélica do País - com cerca de 3,5 milhões de adeptos - para pedir votos ao também pastor Dilmo dos Santos para deputado estadual em São Paulo nas eleições do próximo ano.

Obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo, a correspondência tem tom ameaçador e deixa claro aos pastores presidentes de campo (responsáveis pela administração de uma média de 50 templos) que seus cargos são de confiança e eles estão obrigados a apoiar o candidato.
"Esta eleição me mostrará quem são meus amigos e homens de confiança através dos mapas eleitorais. (...) Oro a Deus que não tenha nenhuma surpresa negativa, o que evidenciaria em quebra de confiança", diz o texto.
Ferreira determina aos pastores em outro trecho que rompam qualquer acordo com outro político. "Mais vale a presidência de uma igreja e a confiança de um presidente nacional vitalício que qualquer acordo político contra a nossa vontade."

A seguir, o dirigente conclama os pastores a iniciar imediatamente o que chama de "conscientização" da pré-candidatura. "Não vamos iniciar o trabalho na época da eleição", defende. A legislação define a data de 6 de julho do ano de pleito, ou seja, daqui a pouco mais de um ano, para o início da propaganda política.
Presidente da Assembleia de Deus em Piracicaba, interior de São Paulo, Dilmo dos Santos não vê nenhuma irregularidade na propaganda antecipada.
"Esta é uma decisão interna corporis da igreja. Eu tive minha pré-candidatura aprovada em um congresso da denominação em novembro do ano passado, em Bauru. Além disso, não estou fazendo campanha, sou apenas pré-candidato indicado pela instituição e não temo que a carta seja interpretada como campanha antecipada", disse.

Procurado pela reportagem durante três dias, o bispo Manoel Ferreira não retornou às ligações com pedido de entrevista.

REAFIRMO, RAÇA DE VÍBORAS. Infelizmente não têm sido poucos os casos. Mas podemos mudar isso? Espero que sim.

Thiago Barbosa

sábado, 27 de junho de 2009

Comentando as discordâncias da "terceira queda"

“Queda por esperar o calor dos afagos da pessoa amada e esta, quando sente sua ontologia dogmática ameaçada lhe responde ríspida e secamente. Terceira queda”. (por mim mesmo)

As condições sob as quais sou compreendido, sob as quais sou necessariamente compreendido – conheço-as muito bem. Para suportar minha seriedade, minha paixão, é necessário possuir uma integridade intelectual levada aos limites extremos. Estar acostumado a viver no cimo das montanhas – e ver a imundície política e o nacionalismo abaixo de si. Ter se tornado indiferente; nunca perguntar se a verdade será útil ou prejudicial... Possuir uma inclinação – nascida da força – para questões que ninguém possui coragem de enfrentar; ousadia para o proibido; predestinação para o labirinto. Uma experiência de sete solidões. Ouvidos novos para música nova. Olhos novos para o mais distante. Uma consciência nova para verdades que até agora permaneceram mudas. E um desejo de economia em grande estilo – acumular sua força, seu entusiasmo... Auto-reverência, amor-próprio, absoluta liberdade para consigo... (Friedrich Nietzsche)


Se Bonhoeffer estava correto, Nietzsche também estava. Portanto, qual o limite que posso suportar na eterna busca da Teologia? É para esta dor que me preparo, da perda, do vazio.

O vento frio nos corta a face e gela as costas que antes eram afagadas pela ontologia. Deus está nisso? Espero que sim, para que eu não “perca a viagem”. São quatro – longos, tenebrosos, angustiantes, claustrofóbicos, causticantes, nauseantes, errôneos, perdidos, depressivos, desconstruidores e finalmente gratificantes – anos de formação/construção/preparo/resignação/esperança.

Ao final valerá a pena? Não sei. Mas terei a hombridade de assumir que tentei da forma mais aberta, rigorosa e faminta possível. Talvez a única forma verdadeiramente possível e honesta.

Na esperança do que será...

Thiago Barbosa (lendo RESISTÊNCIA E SUBMISSÃO)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Profetas Sonhadores


Não irei escrever sobre José, o interprete de sonhos das Escrituras, mas sobre um profeta sonhador.


Embora não sendo Cristão - "Cristo não era mau, mas os seus discípulos eram obtusos e vulgares. É a distorção deles, que estraga o Cristianismo para mim" (palavras de Lennon) - John Lennon teve seu discurso aos moldes da pregação de Jesus, e práxis dos profetas do Antigo Testamento.


Idealizadores, pacificadores, sonhadores. Lennon esteve entre os poucos seres humanos que enxergaram com seriedade e persipcácia a situação deplorável de toda a sociedade que estava a sua volta.


Vivendo em um mundo arrasado emocionalmente pela Segunda Grande Guerra, com um cunho de estilo hippie - após ter largado o "escovadinho" visual dos Beatles - este profeta levanta a sua voz e brada. Seu rugido faz se ouvir na revolucionária música
"Imagine"...


"Imagine que não existe paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
E acima apenas o céu


Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje


Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que lutar ou morrer
E nenhuma religião também


Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz
Talvez você diga que eu sou um sonhador
Mas não sou o único
Desejo que um dia você se junte a nós
E o mundo, então, será como um só


Imagine não existir posses
Surpreenderia-me se você conseguisse
Sem necessidades e fome
Uma irmandade humana
Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo


Talvez você diga que eu sou um sonhador..."


Não falarei sobre essa música, pois ela por si só já diz muita coisa. Porém, fica a admiração por esse homem - que muitos cristãos se arrepiam ao ouvir o seu nome - que ousou falar contra o Opressor de seus dias, e não mediu esforços para sonhar um novo mundo.


Por fim, fico admirado por ele não ter usado nenhum discurso sobre o Divino fazendo o nosso trabalho. Mas usou de discurso que nos leva arregaçar as mangas, tomarmos vergonha na cara e criarmos um mundo melhor. Isso é revolução...


Sr. Lennon, obrigado por ousar sonhar o que para mim também é um sonho e, espero sinceramente que haja outros profetas sonhadores como você. E que o Deus de Jesus tenha o recolhido nas mansões celestiais, conforme a promessa.


"Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus." (Mt 5,9)


Alan Buchard

terça-feira, 23 de junho de 2009

Sobre BONHOEFFER ou BOFF ?

Discutindo sobre os pressupostos da teologia e a forma como ocorrerá a devida construção de uma realidade, que efetivamente me assusta, pergunto-me em o que será de nossas vidas ao fim desse período de preparação e início de efetivação dos conceitos apreendidos.

Confesso meus pecados, o maior deles, assumo, consome meus dias e noites. Pensar teologia seriamente me tira o sono. Assumir a veracidade das proposições do século XIX é um preço demasiadamente alto, mesmo para mim, que em minha prepotência, me julgava preparado para a teologia moderna de um mundo adulto.

Hoje olho para aquele que será meu grande companheiro das férias, Dietrich Bonhoeffer. Não na encarnação humana pós-morte, mas no livro “Resistência e Submissão”. Propus lê-lo durante as férias, necessito desligar-me um pouco da tensão teológica, mas não pretendo entrar em estado de catatonia completa, pensar é necessário mesmo no ócio entre-semestres. Devorarei os escritos que foram as emanações da tensão teológica de Bonhoeffer, de forma que busco continuar aquilo que ele não conseguiu devido sua morte prematura.

As comparações entre mim e Bonhoeffer são desnecessárias e impossíveis, afinal praticamente nada em nós se faz semelhante. Não vivo a centelha do romantismo europeu, apenas a urgência da ação teológica e sua implicação em uma sociedade decadente no Brasil e no mundo.

Não me levanto contra um partidarismo tendencioso da instituição eclesiástica alemã. Bonhoeffer assume a própria morte na necessidade obrigatória de que seu brado rompesse as insurgências do terceiro Reich alemão, ao tempo que me prontifico a levar o pensamento político e suas posições como sustentáculo do Estado Democrático de Direito, em uma sociedade que percebe em seus líderes políticos um verdadeiro excremento humano (na pior conotação possível) e o “levante” de líderes religiosos que se utilizam da “máquina eclesiástica” para manipular a população e se sujar, tornando-se excremento como os outros que lá estão.

Assumo sim a necessidade da teologia como cafeína, tal qual a teologia da libertação a pensou, mas imagino ser necessário o desatrelar entre os discursos religiosos e políticos, aparecendo uma efetiva mensagem onde o estado democrático de direito é assunto da comunidade religiosa, mas não emana de um discurso religioso. É um clamor o aparecimento de profetas críticos, mostrando à congregação as mazelas reais e a realidade que surge do trabalho comunitário consciente. Seremos um partido político sem o discurso religioso atrelado ao discurso político? Não o sei. Penso que finalmente conseguiremos ser humanos, vivendo como humanos, assumindo a necessidade de uma postura cristã que impute mudanças a uma sociedade, não de forma coercitiva, mas mediante a vivência da plenitude do evangelho, mantendo assim o discurso religioso imaculado. Manteremos a supremacia da consciência humana, ou o evangelho não seria força motriz suficiente para dispor o senso político de convivência humana (e não a politicagem malfeitora de Brasília)?

Morreria por essa idéia como Bonhoeffer o fez? Não sei, possivelmente não, mas a igreja que sonho permite a conversa sobre política em seu púlpito pela necessidade de que nós humanos temos de ser nós mesmos. Ainda somos humanos e não serafins na plenitude de uma espiritualidade que, nos dias modernos, caduca e se torna alienadora da nossa realidade. Aqui alerto que a política de qual falo é a discussão a respeito das relações que permitem a convivência entre nós em busca do hegemônico Estado Democrático de Direito, não sobre a politicagem, como partidarismo político, posições ideológicas de “esquerda ou direita”, bem como os assaltantes que colocamos em nossos governos.

Mas política e igreja combinam? Política sob o apontamento abordado anteriormente sim, como é pregada nos púlpitos do nosso país hoje em dia definitiva e escandalosamente não.

O estado letárgico “opioso” denunciado por Karl Marx seria abolido, a fuga denunciada por Mikhail Bakunin estaria extinta. Alcançaríamos a verdadeira consciência do que é ser humano, atingiríamos sua máxima ao nos assumirmos como “humanos”, tornando possível o diálogo com Nietzsche. A verificação aberta de forma histórico-crítica-socio-cultural permitiria aplacar os levantes contundentes de Feuerbach e Kant.

Algumas perguntas ainda se mostram como abismos intransponíveis.

É necessária a sacralização do texto bíblico-canônico sob sua forma maximalista?

Adotar o discurso do líder religioso como sendo sua hermenêutica pessoal, e não como voz ativa da divindade, faz com que a autoridade desse líder se esvaia?

A igreja, não se fazendo juiz de toda uma sociedade, ainda seria detentora de padrões morais e éticos?

Paro por aqui, na súplica de que alguém me dê respostas e na esperança de que Deus esteja em minhas suposições.

Thiago Barbosa

Ps. Thiago Assis, em breve nascerá o “púlpito X palanque”... rs...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Discordo do Discordar da Terceira Queda

Creio que o Amor está acima de qualquer verdade - verdade esta que pode ser metafísica ou real. Creio que o amor Eros completa o ser humano - mesmo que hajam pessoas que simplesmente não sentem nenhuma inclinação para ter um companheiro ao lado. Creio que em minha vida eu, talvez, escolheria o Amor ao Conhecimento - afirmação muito perigosa de se fazer, já que o conhecimento é ingrato... Uma vez que lhe é apresentado, nunca mais enxergaremos aos coisas da mesma forma!
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Todavia amigo Jonathan, essa queda não é induzida como seu texto me levou a pensar. Essa queda simplesmente acontece. A queda não é escolhida por nós, uma vez que caimos porque nos foram tirados os alicerces. A queda é existêncial; muito mais que um sentimento, é uma condição que em dado momento passamos a nos encontrar.
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Pelo o que eu e Thiago andamos conversando, sacrificar o Amor - como dizes no texto - não é uma escolha, do tipo Morfeu e Neo no filme matriz: "Faça sua escolha...", mas um evento que simplesmente acontece. E que acontecimento triste...
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Se achavamos brincadeira frases como "Cuidado com o caminho que vocês estão entrando..."; "Teólogo é solitário e esquizofrênico", percebemos pouco a pouco que a brincaderia está se tornando mais séria.
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Não há como discordar da terceira queda, tentando nos enganar que ela nunca ocorrerá, já que isso também é uma certeza - que como tantas outras - não teremos.
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O que eu espero, e digo ao amigo Thiago, é que tenhamos sabedoria para lidarmos com as bases onde alicercamos nossa vida. E que se um dia a queda ocorrer, que consigamos lidar com as circunstâncias, de forma ao Amor continuar vivo em nossos corações...
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Volto a propôr: Que tal conversamos com o Osvaldo para descobrirmos qual a formula mágica para do relacionamento dele com a dignissíma Bel??
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Alan Buchard

sábado, 20 de junho de 2009

Discordo da terceira queda!

Lembro do dilema proposto pelo Dr. Osvaldo sobre Amor e verdade. Tentamos manter o “equilíbrio” entre as duas pernas do cristianismo, entretanto se a Verdade for ofendida o Amor é sacrificado.
Percebo que isso não é uma verdade absoluta, ao menos entre mim e Kel. Tenho aberto o coração de forma que tudo o que questiono e tudo o que tenho repensado seja conhecido por minha amada.

Discordo da terceira queda! Discordo do sacrifício do Amor (no sentido marido e mulher)! Todas as quedas podem valer normativamente para os que abraçam o paradigma epistemológico europeu do século XIX, no entanto o amor genuíno entre um homem e uma mulher pode manter-se sólido e sincero mesmo quando o que está em jogo é a Verdade. Pois nesse momento, quando se participa do jogo Verdade X Amor, vence aquele que se faz mais verdadeiro do que a própria verdade, que para mim, indiscutivelmente é o Amor.

Eu tenho o consolo de ter Kel do meu lado!!!

Jonathan Douglas

sexta-feira, 19 de junho de 2009

E eu vou ficando com nojo...

Não pensava eu, tempos atrás, que sentira nojo ao ouvir alguém ratificando suas posturas com o discurso: esta é a vontade de Deus... Porém, não é em mim outra sensação a não ser essa, nojo.
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Nova não é a história que, empunhando a bandeira da vontade de Deus, cristãos e "crentes" de tantas outras religiões cometeram todos os tipos de atrocidades, seja no passado, seja no tempo presente. A raiva que está brotando de mim me levaria a enumerar cada desses atos, mas, minhas mãos se enxarcariam de sangue em demasia. Deixo para a história fazer a parte dela...
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Contraste é, que fazendo o curso de "Princípios Batistas" sou confrontado com um princípio quase nunca praticado: "Nem a maioria, nem a minoria, tampouco a unanimidade refletem necessariamente a vontade divina.". O professor que nos ministrou o curso nos questionou como ficaria uma eclésia se isso fosse realmente praticado... 90% das igrejas viriam a baixo! E quer uma opinião? Que caiam mesmo, porque isso é medievalismo. Eu vivo em 2009...
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Deixo para meus queridos amigos Thiago e Jonathan a tarefa de lutar pelo esclarecimento de suas futuras comunidades. Para que, como eles bem sabem, aquele que se propõe a conhecer mais de Deus e do mundo da teologia, não seja refreado pela doutrina podre puljante que vigora nas eclésias! Porque eu, estou para vômitar... E espero que um dia eu possa vômitar tudo, e após esse alívio, também assumir uma comunidade.
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É revolta...
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É nojo...
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É vômito...
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PS: Peço perdão a Deus por todos os momentos que durante a minha vida, eu achei que estivesse tomando uma decisão crendo que fosse da vontade Dele...
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Alan Buchard

quinta-feira, 18 de junho de 2009

EU e o abismo - metáfora da queda...

Voltando da Uruguaiana com Allan discutíamos sobre a postura de alguém que se propõe a admitir a veracidade dos românticos. Suas agruras frente a um mundo ontológico, suas linhas epistemológicas e a receptividade, ou falta dela, no contato com a fé professada.

Uma verdade emanou de nossas divagações, só existe a possibilidade da “queda”. Sobre o conceito, tento explanar agora.

Queda por sentir que, quando apoiados apenas na família, inevitavelmente a perderemos. Primeira queda.

Queda por sentir o gélido ar na fronte ao pensar seriamente teologia, segunda queda.

Queda por esperar o calor dos afagos da pessoa amada e esta, quando sente sua ontologia dogmática ameaçada lhe responde ríspida e secamente. Terceira queda.

Queda por apostar nos amigos, e o mundo adulto furta as amizades, permite as relações vazias e incompletas. Quarta queda.

Queda por depositar esperanças em uma igreja medieval, e ela se mostrar ineficaz, incoerente, prepotente, vil, vazia, infantil e imutável. Quinta queda.

Pensar teologia do século XXI é perder totalmente os alicerces que já sustentaram sua vida, e notar que a única resistência antes do fim do abismo é o calor que dilacera e emana sob gotas sanguíneas dos dedos relutantes em permitir a queda do homem ao fundo do abismo. Assim, é meu pensamento, dor, angústia, sofrimento e esperança. Mas ainda há um medo, no fundo do poço, sob os gritos do homem sombrio, há um monstro que atende por super-homem. Serei eu? Prepotência. A proposta é desvendar o enigma, ao menos em tese, durante o que ainda me resta de vida.

Thiago Barbosa

Se falando de "Pai contra Mãe"...

Já dizia Kierkkegard: Um dia, uma linha... Jonathan fez a parte dele. Eu faço a minha!

E como o amigo já disse do Conto de Machado de Assis, também deixo a parte que mais me marcou!

"Nem todas as crianças vingam - bateu-lhe o coração"

Fico imaginando a mente de Cândido Mendes quando o seu coração disse frase tão horrenda. Para que entendam, esse momento sucedeu à uma luta entre uma escrava que estava grávida e que Cândido mendes capturara e estava levando-a ao seu senhor. A escrava protestava, pois não queria que se filho nascesse escravo. Seu captor, Candido, não lhe dá ouvidos e em meio a uma luta - a porta da casa do dono da escrava - ela aborta. Seu filho nasce morto. Depois de cândido receber os seus vinténs, pega seu filho recem nascido - que seria dado à um orfanato - aperta-o nos braços e diz: Nem todas as crianças vigam...

Na luta para a sobrivência própria, o homem é capaz de se tornar o monstro que ele próprio lutava contra. Cândido lutando pela sobrevivência de seu filho, causa a morte do filho da escrava. E tentando explicar seu ato de homicídio, ele cunha frase tão horrenda.

Morte em prol da vida? Esse é o sistema impiedoso que nos cerca...


Alan Buchard

terça-feira, 16 de junho de 2009

Para não deixar em Branco...

Cumprindo a tarefa, ou melhor, tentando cumprir a tarefa de escrever no mínimo uma linha por dia, posto esse perturbador pensamento de hoje. Ei-lo:
Ao ler o texto proposto pelo professor Adalberto “Pai contra Mãe” do meu escritor brasileiro favorito Machado de Assis, identifiquei-me sobremaneira com o personagem principal da narrativa – Cândido Neves. Principalmente agora que, desempregado( vivendo de biscates) e estudando teologia, sou oprimido por minha consciência que reivindica o sustento da família que em breve crescerá.
Minha mente me condena como a Tia Mônica!


Jonathan

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Castro Alves era teólogo da libertação?

IV
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Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
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(Castro Alves - Navio Negreiro)
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Se fosse teólogo da libertação, possivelmente seria de uma seriedade gritante. O grito da libertação não se inicia apenas nas revoltas da década de 60. A verdadeira libertação deveria ser datada anteriormente, pena que não nos manifestamos. Seria culpa da tardia apresentação do "VATICANO II"?
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Possivelmente. Mas ainda nos falta libertar do pior "negreiro" de todos. Nós mesmos.
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Nossa consciência ainda ainda murmura enferma sob o auspícios do "super-homem" "nietzschiano".
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Grite! Saia do tombadilho. Liberdade, com ou sem teologia...
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Thiago Barbosa

O verdadeiro Anticristo já existiu. Atende por Friedrich...

Procurando dar uma lida em algo a respeito de Friedrich Nietzsche em seu livro O Anticristo, encontrei algo interessante:
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Prefácio
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Este livro pertence aos homens mais raros. Talvez nenhum deles sequer esteja vivo. É possível que se encontrem entre aqueles que compreendem o meu “Zaratustra”: como eu poderia misturar-me àqueles aos quais se presta ouvidos atualmente? – Somente os dias vindouros me pertencem. Alguns homens nascem póstumos.
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As condições sob as quais sou compreendido, sob as quais sou necessariamente compreendido – conheço-as muito bem. Para suportar minha seriedade, minha paixão, é necessário possuir uma integridade intelectual levada aos limites extremos. Estar acostumado a viver no cimo das montanhas – e ver a imundície política e o nacionalismo abaixo de si. Ter se tornado indiferente; nunca perguntar se a verdade será útil ou prejudicial... Possuir uma inclinação – nascida da força – para questões que ninguém possui coragem de enfrentar; ousadia para o proibido; predestinação para o labirinto. Uma experiência de sete solidões. Ouvidos novos para música nova. Olhos novos para o mais distante. Uma consciência nova para verdades que até agora permaneceram mudas. E um desejo de economia em grande estilo – acumular sua força, seu entusiasmo... Auto-reverência, amor-próprio, absoluta liberdade para consigo...
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Muito bem! Apenas esses são meus leitores, meus verdadeiros leitores, meus leitores predestinados: que importância tem o resto? – O resto é somente a humanidade. – É preciso tornar-se superior à humanidade em poder, em grandeza de alma – em desprezo...
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Friedrich Nietzsche
Observando, pode a ontologia ter resposta?
Pode a teologia como metáfora responder?
Pode a teologia como fenomenologia ter resposta?
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Por favor, ressucitem DIETRICH BONHOEFFER e que ele nos ajude...
Thiago Barbosa

Minha flor



Em meio a um campo de flores,
Cores e odores, de atração sem fim.
Buscava então eu, homem manchado,
De devaneios, cansado, um amor
Uma flor, um bem assim.

Este campo este mundo
Enganou-me com flores,
De fragrância,horrores,
E amores não vi.

A tristeza chamou-me
A angustia abraçou-me
Fugindo a esperança,
Sozinho sofri.

Porém não sabia,o dia estaria
Raiando, rompendo, as trevas da dor
A Luz que alumia as veredas da vida
Então guiaria meus pés ao amor.

Então os meus olhos olharam o campo
Separada num canto estava a Flor.
Sorriso intenso,olhar tão ameno
Um cheiro,um encanto,eis a graça,
O favor.

O Sol a ilumina, singela menina
Faz-te bela, revela e ressalta
As cores,belas cores,
Que convidam os mais exigentes
Render-te agrados.

Oh! Tão linda Flor do campo
Tua seiva, tua essência
Alimenta e fomenta
O ardor de te amar

Foi assim como um sonho
Me acheguei a essa Flor
Estava só naquele canto,
Lindo brilho...


E ainda que no frio
Da terrível solidão
Tinha força, tinha graça
Irresistível afeto
Flechou-me o coração

Ceifei-te desse campo,do canto, da solidão
Aceitastes meu convite,
Para juntos provar que o amor tudo resiste,
Tudo espera , tudo sofre, tudo crê.

E assim começa a história
Nossa glória, nosso amor.
Quero sempre trazer à mente
Esse amor que derepente
Rompeu em tanta graça e louvor.

Estou livre dessa pane
E mui certo disso estou
Pois o sonho distante se realizou
Quando Ela, minha Flor, Kelsiane
Em meu campo foi morar.




Aproveitando a boa idea do amigo tiago e cumprindo com as atuais exigências... Apresento minha humilde criação!
Ps; não é inveja, meu amigo! é um dever!!!!
Jonathan

Conhecimento de Deus


 

            É comum em todas as crenças se construir, através de preceitos e proposições, uma “definição” da divindade na qual se crê. Por séculos os cristãos depositam sua fé em um documento que passou a reger toda a sua concepção do real ou sua realidade. O que é afirmado com relação à intervenção da divindade na história está fundamentado nas escrituras e isto se torna verdade absoluta para os fiéis

            A dificuldade se da em que em sua subjetividade, o crente (aquele que crê) deseja traspassar a própria racionalidade para ser objetivo. Apoiando-se numa linguagem mítica, constrói o seu castelo forte da verdade ignorando os limites de si mesmo e da razão. Isso se traduz num fundamentalismo restrito aos dogmas e, segundo o pensamento racional, impossível e inconcebível.

            Concordo de certa forma com Kant quando afirma que “toda forma de racionalidade deve se submeter à reflexão de seu procedimento, de seus critérios”, ou seja, os limites de seu discurso. De acordo com o grande impulsionador da crítica, tudo deve passar pelo crivo da análise racional e se manter dentro dos limites ou alcance cognitivos.

            Conhecer a Deus? Será possível? Através de qual plataforma de conhecimento? Da bíblia? Da razão? É possível?Será que somos honestos quando afirmamos conhecer a Deus sendo que nem mesmo alcançamos historicamente conhecer o Jesus de Nazaré?

            Talvez, com muita coragem, poderíamos “assegurar conhecer a Deus” dentro dos limites da experiência mística individual e pessoal. É o máximo que poderíamos dizer!

            Nós os Batistas, que afirmamos ser racionais em nossos discursos deveríamos lembrar da proposição de Lutero, que eu pessoalmente tenho tomado como principio “Cada crente sacerdote de si mesmo”, limitando o “conhecer” a Deus à experiência de cada sacerdote. Isso para que a Critica não nos apanhe de calças curtas!

            Creio em Cristo, no seu poder em transformar vidas, em seu poder de curar, e espero sinceramente viver de novo após a morte, pois percebo sua interferência no real, no palpável. Essa é minha fé. Esse é meu único argumento diante da razão: eu creio em minha experiência mística. Ho! Razão! Tire-me os escritos, tire-me a tradição e os dogmas! Mas deixe-me a profunda relação pessoal/sacerdotal/mágica/extática/experimental como o sagrado. Não sei se até aqui terei o “vento na cara”, quem sabe à frente?

 

Jonathan

domingo, 14 de junho de 2009

Pastoral sobre pastores e adubo (o dia do pastor)

A terminologia pastor é ambígua, na medida em que descreve a essência de que cuida aponta que existe um indivíduo a ser cuidado. A problemática se dá quando o indivíduo a ser cuidado se torna simples “gado”, massa de manobra, apoucamento cognitivo, ajuntamento de insignificância, o verdadeiro “conjunto vazio”. Como temos nos tornado nada na mão dos líderes eclesiásticos modernos.

Não creio ter me tornado “gado”. Hoje tenho a pretensão de ser pensador, em uma sociedade que clama por alfabetização estar cursando o segundo curso superior é privilégio de uma minoria ainda aristocrática. Pensar é pressuposto pra ser batista, a criação da denominação junto às epifanias do empirismo inglês formatou o que somos pensadores, questionadores, “buscadores” em nossa mais íntima essência. Boa parte disso obtive nas igrejas que participei como membro. E aqui assumo a pretensão incompetente de tentar homenagear “meus pastores”. Diferentes em suas constituições, diferentes em nossas relações, mas idênticos na apresentação da dúvida e da eterna busca que é o cristianismo apresentado com liberdade, razão, consciência e fé/esperança.

O primeiro foi Eduardo Shiloah Vasconcelos, o reciclador. Reciclador por se importar com o lixo, e molda-lo. O funcionamento mais adequado talvez seja a realidade biológica da “compostagem”. Transformação do esterco em adubo, sem modulações pré-fabricadas em igrejas americano-colombianas-coreanas-alemãs-inglesas. Fui estrume, e a compostagem aconteceu na Igreja Batista Central de Goiânia, as mãos que moldaram o estrume até que se se tornasse o adubo, ou pretendesse ser adubo foi o pr. Eduardo. Posições teológicas firmes sempre o fizeram permitir a fomentação do pensamento teológico em sua igreja, e na dúvida surge a certeza de uma liderança forte para vários lugares do Brasil e do mundo. Fui amado, definitivamente amado, nem sempre sendo compreendido ou compreendendo, mas definitivamente sendo amado.

Posteriormente apresentou-se ao cargo Walmir Andrade dos Santos. Palmas foi um contexto complicado onde me fechei pras igrejas por pensar ser o mundo resoluto/resumido à IBC Goiânia. Walmir apresenta a realidade da relação afetivo-sentimental, místico-perceptivo, a necessidade autêntica de ser “amigo de Deus”. Aprendi a puxar a cadeira para que Cristo se assentasse e tivéssemos longos papos. A visão de uma igreja paradoxal, grande e pequena, tradicional e moderna, tudo ao mesmo tempo. Uma tentativa aberta e esperançosa de se tornar batistas no século XXI, já que infelizmente nos prendemos ao século XVIII, na amada SIBAPA tentamos voltar ao século XXI.

Tomás Dias Franco, simplicidade, amizade, companheirismo, sorriso, entrega e ainda sim um líder nato, autoridade sem autoritarismo. Sentar-se ao lado das “ovelhas” para durante as madrugadas fazer um “sonzinho” despretensioso com as ovelhas e comer um pão com salame e uma coca-cola hiper-gelada. Como o pastorado pode ser aprazível, suave e eficaz.

Hoje assumo a possibilidade de me tornar pastor, ainda creio que Deus seria irônico, mas tenho certeza de seu grande senso de humor. Ainda sim, me resta uma esperançosa e suplicante oração.

“Deus, se eu for pastor, permita que eu seja ao menos metade dos “homens de Deus” que meus pastores foram em minha vida. Senão, obrigado por ter conhecido estes que me fizeram o adubo que tento ser hoje. Por sua misericórdia e graça clamo”.
Amém.

Thiago Barbosa

sábado, 13 de junho de 2009

A essência da busca

Se encontrares a Buda mata-0!

Essa é uma afirmação budista que demonstra a necessidade de se buscar pela divindade. A busca que devemos ter de forma pessoal, sem apontamentos, receios, predições e conformismos. A busca é esperança de encontrar com o próprio Deus, sem a indolência de encontrá-lo. É o processo de busca, encontro e retorno a busca. A brincadeira do cão que corre atrás do próprio rabo. O cão corre e não pega o rabo não pela inexistência do rabo, mas pela excência antiestática do rabo. Apontando Deus nós simplesmente o limitamos, portanto se encotrar a Deus mata-o pois não é Deus, e sim a formulação de um deus que alguém lhe vende e negocia, regateia e homogeniza.
Busque, com o vento frio na face e o carinho de quem te ama nas costas. Tenha amigos, tenha amor, tenha curiosidade, tenha fé, e principalmente a ousadia da busca pela essência do cristianismo, o próprio Cristo. E quando finalmente encontrar não o venda, guarde para si, e permita que outros o encontrem. Pelo mesmo processo.
O "boca do inferno" tem uma belissima demonstração da entrega de Cristo. E em nós há entrega?

BUSCANDO A CRISTO (Gregório de Mattos Guerra - O Boca do Inferno)

A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lagrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados,

A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me.

A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.


Thiago Barbosa

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Clarice Lispector - Amor

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: - E daí? EU ADORO VOAR!
PS. E ao lado de "minha carol" sei que tudo passa, mas nós ficamos, na lembrança de um olhar desses quase 3 anos...
Feliz dia dos Namorados.
Thiago Barbosa

Resposta ao Flávio (ministério Cresciendo en Gracia)

Olá Flávio, obrigado por participar de nosso blog postando um comentário. Fique muitíssimo à vontade para continuar participando postando seu comentário nesse ou em outros posts dessa “humilde casa”. Afinal, o cristianismo é livre ou não é cristianismo.

Para iniciar essa resposta gostaria de ratificar que esse blog é apenas a união de três colegas que se propuseram a discutir teologia (nossa própria teologia) à luz do que cremos ser cristianismo. Portanto, não há, sob nenhum aspecto, apoio, influência, restrição ou enviés por parte de pastores, padres, líderes religiosos, pais de santo ou oráculos. Nós somos os responsáveis por todos os posts (creio que já somos adultos suficientes para pensar por nós mesmos). São nossas idéias, nossas angústias, nossos temores, nossos preceitos, nossos preconceitos e nossas esperanças que formam e formatam este blog. Por isso, não nos apontamos como mais aptos que qualquer um, em nós há apenas a esperança necessária de propormos uma conversa ávida e sincera sobre o cristianismo.

Tudo o que foi dito e apontado no post “JESÚCRISTO HOMBRE” é estritamente embasado em uma visitação feita por mim e no material que é gratuitamente distribuído ao final da reunião. Não me utilizei de pesquisa à internet, comentários pastorais ou recepção mediúnica. Apenas a boa e velha curiosidade de averiguação de um discurso, no mínimo, pretensioso. E sejamos sinceros, pretensioso por se assumir como Jesus (agora instituidor do reino de Diós en la Tierra). Assim fica reiterado, não ouvi comentários, verifiquei inloco uma das reuniões que acontecem em Engenho Novo (RJ) e o material que me foi oferecido nessa noite de sexta feira (mês de junho).

Sobre minha incapacidade de entender o que foi dito, acho que há capacidade cognitiva o suficiente em minha pessoa para interpretar as informações que me foram passadas, mas fica enfatizado o convite para que todo e qualquer leitor possa apontar falhas ou incongruências nos posts, fiquem à vontade, sempre. (com exceção de comentários considerados agressivos, amorais ou antiéticos, pois os mesmos serão avaliados pelo triunvirato formador do blog e devidamente deletados. Fato que ainda não ocorreu).

Interessante o Flávio ter apontado um verso joanino “Eis aqui o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Agora aponto o motivo do “interessante”.

- João é um apóstolo (ou discípulo como quiser) chamado de apóstolo da circuncisão pelos adeptos do ministério Cresciendo en Gracia. No dia de minha visita foi apontado também um verso joanino pelo sr. Jose Luis de Jesus Miranda, e segundo ele mesmo, João é claramente judaizante, portanto não pode ser considerado relevante por não ser cristão. O cristianismo autêntico é a graça pregada nas cartas paulinas (romanos até hebreus) e os escritos dos outros apóstolos é judaizante, portanto falho para os estudos dos “autênticos cristãos” do Cresciendo en Gracia. Mas um adepto do ministério Cresciendo en Gracia citar escritos joaninos me soa como a boa e velha frase “dois pesos e duas medidas”. Quando me é interessante eu utilizo, quando não eu abomino e satirizo o texto bíblico. Interessante essa nova forma de trabalhar com hermenêutica bíblica. Claramente aponta a fragilidade e inconsistência teológica dessa abordagem textual.

- Concordo que o pecado tem ganhado ênfase em nossas congregações, mas não diga que eu e meu pastor pregamos pecado. Você não nos conhece. Mas convido para que você leia nossa própria discussão (novamente sem “mentoria”) sobre o pecado, sua conceituação e sua abordagem no século XXI, nos textos diretamente anteriores a esta postagem.

“Bem aventurados os de limpo coração, pois eles verão a Deus”. Sobre o “apontamento” de Deus prefiro um pensamento budista.
“Se encontrares a Buda mata-o”.
Creio sinceramente que ninguém, a não ser a própria pessoa, tem contato com a divindade (seja ela qual for). O fato de apontar a Deus é de uma pretensão exorbitante. A busca por Deus é uma constante e é no mínimo pretensioso ao extremo imaginar que alguém (aqui aponto a pessoas de carne e osso) possa apontar a ELE. Devemos nos propor essa busca, podemos até dizer um caminho que eventualmente foi o correto para nós, mas nunca dizer que este é o único caminho para todos. Eu creio que houve apenas um Cristo, e que ELE é o único intermédio entre Deus e o homem. Você tem todo o direito de seguir quem quiser e de chamar a quem quiser de cristo, não discutimos as crenças. Aqui apontamos apenas inconsistências entre os discursos proferidos e os textos bíblicos.

A instituição de um reino é ditadura, o fim do Estado Democrático de Direito, fato que abomino. Além disso, não creio que o ponto abordado nos textos de Paulo ser a instituição de Teocracia cristológica, mas sim o grito de um judeu pela liberdade de um povo, da mesma forma como o texto do livro revelacional do Apocalipse.

Continue participando na busca de um cristianismo livre.

Thiago Barbosa

terça-feira, 9 de junho de 2009

Diversidade em Amor

O estudante de teologia é participante de um lato mundo de definições e conceitos canalizados em ideologias formuladas a partir de contextos diversos. Devagando neste mindo de idéias, o principiante não consegue limitar a discussão transferindo o conflito para as relações interpessoais.

 É de extrema importância os conflitos ideológicos, a dúvida, o questionamento, o enfrentamento. Desde os primórdios do que chamamos conhecimento acadêmico, os confrontos de teorias e ideais tem sido de grande importância para o progresso e o desenvolvimento do mesmo. A ciência sempre lucrou com as discordâncias.

 Se os embates rompem o limite das idéias, e é isso o que tem acontecido principalmente quando não estamos prontos ou conscientes para encarar ou usar a grande tenaz flamejante da crítica (a qual penso que deve ser usada no sentido mais honesto e correto da palavra), o que deveria proporcionar evolução, descoberta, conhecimento, progresso - acaba se tornando inimizade e contenda.

 A divergência entre protestantes e católicos irlandeses (na verdade não sei se são irlandeses ou holandeses... ou sei lá o que!) e prova da intolerância recíproca exteriorizando-se e transformando-se numa guerra. É como acontece no meio dos evangélicos, não conseguem administrar a diversidade de suas opiniões e acabam por reagir uns contra os outros causando um desajuste às vezes irreversível.

 Penso ser de grande valia o debate, o confronto de idéias, mas que seja em prol de um mesmo fim. Que seja em favor do progresso do Reino, da irmandade, da liberdade de pensamento e de expressão, em favor da mensagem mais profunda pronunciada neste mundo: Amor.

 

Jonathan 

 

 

JESÚCRISTO HOMBRE

JOSÉ LUIS JESUS MIRANDA - JESUCRISTO HOMBRE

Sei que mesmo a contra gosto de vários colegas de curso e torcidas de nariz de outros digo a todos que fui. Conheci o novo xodó herético que chega ao Brasil, o “ministério CRESCIENDO EM GRACIA – GOBIERNO DE DIOS EM LA TIERRA”.

Presidido e aclamado pelo Sr. José Luis Jesus de Miranda, fui até o local de encontros desses “verdadeiros cristãos” no bairro do Engenho Novo nessa última sexta-feira às 19h30min. Tento passar passo a passo o ocorrido.

Fui com três colegas que se prontificaram a me acompanhar, portanto saímos bem antecipados, cerca de uma hora antes. Como nenhum de nós é original da cidade maravilhosa, o primeiro percalço foi encontrar o local, porém algo que nos ajudou foi um automóvel com um grandioso adesivo contendo o número representativo da “igreja” 666. Seguimos e não deu outra, chegamos corretamente ao local.

Um prédio bem escondido, facilmente seria despercebido ao passarmos pela porta, mas os engravatados recepcionistas nos deram outra pista sobre estarmos certos quanto ao local. Um portão discreto ao lado de um botequim com dois engravatados nos davam boas vindas. Educados e chamando todos de “abençoados”, fomos bem recepcionados, afinal propositalmente, fui com uma roupa pouco receptiva (coisa comum com meu jeitinho de bom moço... rs...).


Entrando, o local de culto estava resguardado por mais dois engravatados e um portão de metal totalmente fechado impedindo de se observar o “salão”. Um sinal semelhante ao cumprimento dos escoteiros (dois dedos estendidos junto à fronte) e um desejo de “melhor noite” é comum, e quase que obrigatório, em todos os freqüentadores locais.
Ao entrar no salão dos cultos sete quadros (80X100 cm) com fotos do Jesúcristo Hombre (poses a La Hollywood), e uma intensa alusão ao aos códigos SSS (semeando sabedoria sempre) e 666 (neste caso o número mostra que José Luis Jesus Miranda irá destituir a hegemonia da “grande rameira”).


O culto se inicia com o período de cânticos, tecnicamente falhos e totalmente regidos por ritmos caribenhos (não seria diferente já que o “cristo” é porto-riquenho). Os avisos (notícias importantes da “amada”) já se apresentam televisivamente, como a própria mensagem. A vanglória do novo “cristo” são os traços de imoralidade apresentados pelos membros da Igreja Católica Romano, já que tais traços demonstram (para eles) a queda da hegemonia da “grande rameira” (uso o título grande rameira para ser fiel à nomenclatura apresentada pelos seguidores locais e os próprios dirigentes televisivos, cada ponto falho dos sacerdotes católicos são comemorados com euforia e êxtase nauseantes).


A entrada (televisivamente falando) do cidadão é anunciada, luzes se apagam e um vídeo contendo a contagem regressiva se inicia. Os fiéis se levantam e saúdam a imagem que se mostra de Jesucristo Hombre com uma euforia que constrange (já que somos tão ortodoxos e litúrgicos em nossos cultos quase que fúnebres). Segue-se a mensagem alusiva à queda da “rameira” e a instituição do “Gobierndo de Diós en la Tierra”. Ridicularizando, novamente com uma ênfase nauseante, os “ditos cristãos” (católicos são os excretas e verdadeiramente anticristãos, os protestantes quase conseguiram, mas se entregaram antes de verdadeiramente conhecer o “evangelho da incircucisão”).

Sobre minhas análises ficam os seguintes pontos:

Uma notável distorção do contexto histórico e social dos escritos paulinos.

Aproveitam-se do desconhecimento bíblico vigente na maioria da eclésia na intenção de manipular não um sentimento cristão mas a hegemonia sob um novo líder carismático.

A hermenêutica utilizada não pode ser definida, já que aponta a uma utilização livre de versos isolados.

A verdadeira palavra de “Deus” são os escritos paulinos de Romanos a Hebreus.
Todos os demais escritos neotestamentários são dos apóstolos da circuncisão.

O cristianismo não existe sob os ensinamentos de cristo, mas nos de Paulo, já que os cristãos foram apontados apenas sob a esfinge de Paulo no livro de Atos.

Os sinóticos não são “evangelhos”, mas livros históricos de um Cristo judeu, que foi abominado por Paulo.

O trabalho do “primeiro Cristo” foi imcompleto, já que a intenção do “novo Cristo” é instituir o governo de Deus na Terra. E na ênfase dita durante o encontro notamos que a instituição é política mesmo, e não espiritual.


Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; (I timóteo 4:1)

Como não posso esquecer de um lado “místico” que me acompanha e que tanto zelo e gosto de zelar, a opressão desse lugar é de uma singularidade horripilante, os que me conhecem sabem da seriedade desta última afirmação.

Na Esperança do Cristianismo de Jesus Cristo “O ÚNICO”.

Thiago Barbosa



domingo, 7 de junho de 2009

Desespero Galináceo

É interessante quando lembro, no início de nossa “Caminhada Teológica”, o trabalho que o professor O. L. R. nos propôs: definir a palavra “teologia”.

A meu ver, aquela definição de conceito é e será sempre de grande importância durante nosso aprendizado, pois tudo o que se discute gira em torno do significado deste conceito: Estudo de Deus/do discurso do homem sobre Deus.

Engajados numa tentativa de compreender de “forma racional”, através da plataforma epistemológica da Teologia, aquilo que para os “cavaleiros do apocalipse” se torna inacessível, ou seja, nossa própria relação com o sagrado, nos debruçamos numa investigação frenética de toda formulação/pensamento sobre o assunto.

Ao ler o texto postado pelo colega sobre sua viagem para a terra natal, pude avaliar como nós nos mantemos no meio de duas paralelas epistemológicas. Uma do ponto de vista racional (teológica) e outra do ponto de vista místico. Ao partir em direção à cidade de origem o amigo Tiago se vê num seguimento teológico, ao voltar e se confrontar com a possível insegurança, idéia causada provavelmente pelas informações do acidente com a aeronave francesa, volta os olhos para um seguimento místico.

A galinha sofre quando são colocados grãos de milho dispostos em duas fileiras paralelas. O desespero é total por não ter olhos frontais e não saber para que lado bicar. Penso ser assim muitas vezes o nosso desespero. Não temos olhos frontais e às vezes não sabemos qual segmento escolher. Escolher? Entre que? Entre o que é compreensível? E qual do dois é mais compreensível, mais aceitável epistemologicamente? A teologia ou a experiência mística? O que os homens pensam sobre Deus ou a experiência sobrenatural com o Sagrado (se é que se pode dizer assim!).

Penso que nos resta, pelo menos nesse momento inicial dos estudos, o desespero. A tensão “galinácea” de não saber e se sentir dividido entre qual grão bicar.

A Teologia é o estudo do que os homens pensam sobre Deus!

Continuaremos em busca de nossa própria Teologia!

Jonathan

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Pecado X Pecador - falando sobre conceitos

Extremamente importante o ponto apresentado no post do Allan Buchard. Devo dizer que a formação de conceitos para esse tipo de “conversa” se faz quase que obrigatório. Porém, mais importante que o conceito é a necessidade da inclusão em nossas congregações. É sobre esse ponto que busco explanar nessa postagem.

Meu maior intuito aqui é tornar clara a diferença entre “pecador” e “pecado”.

O pecador é o ser humano que pratica o pecado. “Agostinianamente” todo ser humano é pecador, no momento em que é destituído da graça de Deus pelo pecado original “adâmico”. Quando penso em pecador, e aqui pouco importa o pecado realizado, é obrigatória sua inclusão junto à congregação. Infelizmente essa não é uma realidade, a inclusão confunde o pecador ao pecado.

Pecado são atitudes ou pensamentos que, para mim, nos afastam de Deus. Portanto esse conceito de pecado é totalmente subjetivo, já que a composição desse conceito não se importa com as estruturações sociais e culturais nas quais somos inseridos. Esse é o primeiro percalço ao tratarmos abertamente do assunto. O pecado não pode ser definido conceitualmente, já que culturalmente e socialmente a subjetividade formadora do conceito torna tal formulação impossível. O pecado é inviável de ser dialogado como assunto pertinente, pois sempre é apresentado como doutrina (sistema de pensamento fechado) não aceitando ponderações. Ao invés de doutrina devíamos abordar o assunto como princípios (sistema de pensamento aberto) o que permitiria um diálogo e a utópica intenção de se sistematizar e conceituar o assunto. Ao pensarmos dessa forma, o pecado como princípio não se limita a atitudes pecaminosas (como acontece no pecado visto como doutrina), mas permite a associação do pecado a conceitos éticos e morais, que em sua essência apresentam uma amplitude de ação e reconhecimento maior junto à população congregacional e extra-congregacional.

Mas o conceito de pecador não é subjetivo, é concreto por referir-se à pessoa que comete pecado, e esse sim é fruto obrigatório de inclusão na igreja. O amor, ponto crucial do cristianismo sinótico, faz de nossas congregações verdadeiros hospitais, cuja única função viável e possível é a recepção, aceitação e tratamento dos pecadores. Habitualmente os pecadores vão à igreja na esperança de que sejam “curados”. O pecado (doença) entra na igreja não pelo desejo de inclusão desta, mas por inevitavelmente fazer parte do pecador (doente) que é fruto de existência das congregações.

Devemos amar o pecador, porém lutar contra o pecado. Esta é a urgência que deve emanar em nossas igrejas. Minha real preocupação, e tenho compartilhado dela com Allan e Jonathan, é como desassociar o pecador do pecado conceituando o que é pecado.
Tenho a tendência a repassar a responsabilidade de tal atitude para o próprio pecador, afinal, ainda creio no poder (místico) transformador da aceitação do evangelho na vida dos humanos.

Minha noção do pecado vem no momento em que o pecador se apresenta como tal, esse fator mostra que a ação do evangelho iniciou-se, não houve necessidade de me apresentar como juiz ou acusador do meu “irmão”, e ficou clara a noção por parte do próprio pecador-irmão da necessidade de mudança que emana do evangelho verdadeiramente vivido.

Que fique claro que não estamos discutindo a aceitação do indivíduo como membro ou líder, apenas como cristão (o que é o mais importante). Já que ainda em minha opinião, tornar-se membro ou líder nas igrejas é mais uma ação meramente política-humano-vazia que cristã-humano-amorosa.

A intenção que deixo não é a certeza, afinal não me iludo na apresentação de uma igreja sem mácula, isso seria ser leviano com meus leitores. Mas é urgente a necessidade de em verdade amarmos os pecadores e nos colocarmos a pensar sobre o assunto, já que a simples expulsão da congregação nada mais é que a clara apresentação do desamor.

Acalenta-me o pensamento de que não é minha função apontar, mas abraçar, Tornando-se a membresia e liderança conseqüência de uma constatação da inteireza e caráter do próprio indivíduo mediante a igreja local.

Só sei que nada sei... E é a mais pura verdade...

Thiago Barbosa

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O problema da Conceitualização...

"Com certeza a igreja cristã é um igreja inclusiva, infelizmente a inclusão tem sido confundida com absorção e incorporação de pecados [...] A proposta é discutirmos abertamente os limites de um cristianismo mais inclusivo e menos libertino." (Thiago Barbosa)

Para que seja tratado com seriedade a questão da Inclusão VS Apartheid, uma problema maior terá que ser resolvido. O problema da conceitualização...

Para aqueles que se dispões a serem líderes de futuras comunidades, ou pensadores no meio acadêmico, termos religiosos tais como pecado, libertinagem, salvação, evangelho, doutrina, princípio, devem ser tratados seriamente à luz da hermenêutica em paralelo com as demais ciências sociais como antropologia, filosofia da religião, história e etc.

Para que o amigo Thiago possa me entender, quero trazer a mente o que nós temos aprendido nesses ultimos meses nas disciplinas que nos são esboçadas. Por isso, quando o amigo afirma "absorção e incorporação de pecados", em minha visão deve-se perguntar...

1. O Cristianismo é o Antigo Testamento, é as cartas de Paulo, ou prevalecerá os Evangelhos sinódicos? Dependendo da escolha, os conceitos de pecados ter que ser filtrados. Afinal, sabemos - mas nem sempre acreditamos, porque isso é uma questão de fé - que boa parte das doutrinas veterotestamentárias não passam de manutenção de uma ordem social, sacerdotal e política. Que as cartas de Paulo, como qualquer outro documento escrito por alguém que espera "o bom andamento" de seu sistema. Resta-nos os Sinódicos?

2. Conceito de pecado é embasado pela cultura ou pela teologia? Lembremo-nos das aulas de Antropologia nesse momento. Muito dos conceitos "pecaminosos" que permeiam o âmbito eclesiastico são reflexos de construções culturais, e que com o tempo são refutados. Quem se lembra dos anos em que bateria era "coisa do diabo"? Que não nos era permitido irmos à praia, usar bermuda nos templos, ou jogar baralho? Por acaso nos esquecemos de que na ida dos anos 50-60 nos EUA os negros eram considerados raça amaldiçoada por Deus, sendo usado até textos biblicos presente em gênesis para basear esse racismo? Volto a perguntar, nossos julgamentos a cerca do pecado são frutos do chamado "olhar de alteridade", ou de profundo estudo exegético?

3- Libertinagem segundo o dicionário é "ato desregrado nos costumes, dissoluto, licencioso, lascivo". E mais uma vez a situação complica... costumes... cultura... relativismo.
Com a proposta de uma Libertação aos moldes daquela iniciada em favor dos pobres - mas não restrita a essa -, que a igreja possa se tornar mais inclusiva, e aqui digo inclusão daqueles que estão a margem da sociedade (sejam quem for). Contudo, sempre analisando sobre qual plataforma epistemológica ela irá se fundamentar: Nas doutrinas que são humanas e passageiras, ou nos principios imutáveis pregados por Jesus como o amor, aceitação, pacividade, não-julgamento - virtudes independentes de épocas e costumes; na Teologia Sistemática ou na Teologia Bíblica.

Estamos diante de um problema de conceitualização, e enquanto não for sanado, um de nós sempre achará que o Cristianismo continua enxarfurdado de libertinagem, quando na verdade pode estar, quanto pode não estar.



Alan Buchard

Inclusão é libertinagem?

“Pobres, marginalizados, periféricos, oprimidos... Todos vítimas do sistema que a estes ignoram, e sendo pior, massacram com sua política de não inclusão.” (Allan Buchard)

A mais crua constatação emerge da afirmação de Allan Buchard. A extirpe evangélica torna o movimento do APARTHEID público e notório em nossas congregações.

Apartheid ("vida separada") é uma palavra de origem afrikaans, adotada legalmente em 1948 na África do Sul para designar um regime segundo o qual os brancos detinham o poder e os povos restantes eram obrigados a viver separados dos brancos, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos. Este regime foi abolido por Frederik de Klerk em 1990 e, finalmente, em 1994 eleições livres foram realizadas.

A pergunta cabível nesta comparação é quando ocorrerá o extermínio do APARTHEID em nossas igrejas. Vemos claramente as segregações contra os pobres nas igrejas de “emergentes”. Vemos o distanciamento dos marginalizados se tornar cada vez mais gritante. Com certeza a igreja cristã é um igreja inclusiva, infelizmente a inclusão tem sido confundida com absorção e incorporação de pecados.

A proposta é discutirmos abertamente os limites de um cristianismo mais inclusivo e menos libertino.

Encaram o debate?

Thiago Barbosa

Ação - Reação e Teologia da Libertação



Ação e Reação. Terceira Lei de Newton que ultrapassa os limites da física moderna, se aplicando também à História.


Na aula de Teologia e Método desse semana, foi me apresentado pelo prof Osvaldo - mesmo que superficialmente - vários conceitos sobre o desenvolvimento da história.


Dentre vários conceitos, o que mais me chamou atenção foi a linha de pensamento histórico esboçado por Dietrich Bonhoeffer. Para tal teólogo, Pr. Luterano e pensador brilhante - morto prematuramente pelo partido nazista - a história é um amontoado de possibilidades de acontecimento, que porém, assume uma única resposta: resposta que será uma reação desencadeada por uma ação dos agentes da história - Nós.


Ao analisar o discurso de Bonhoeffer, sou levado a refletir mais profundamente sobre como agimos na história, e como ela retroage sobre nós. E, consequentemente, me vejo questionando o sistema que se faz presente na história, e de como este se porta tão insensívelmente às pessoas que nele estão inseridos.


Apesar de ter começado esse texto me utilizando da visão de Bonhoeffer, quero dar ênfase a minha resposta ao sistema massacrante dos dias atuais: Teologia como Libertação...


Idealizada por homens como Gutiérrez, Leonardo Boff, David Bosch, Rubem Alves, e obtendo força estrondosa na América-Latina, os ideiais de tal teologia me impactam, não me permitindo permanecer indiferente.


Afirmo: Não entrarei nesse momento no mérito de questionar o paradoxo entre a pregação dos idealizadores de tal teologia e dos seus respectivos "cachês", como é bem lembrando pelo amigo Thiago; desejo analisar a consequencia social que dela emergue.


Pobres, marginalizados, periféricos, oprimidos... Todos vítimas do sistema que a estes ignoram, e sendo pior, massacram com sua política de não inclusão.


Tenho me proposto ao longo dos anos a debater e discutir o mundo das idéias, o cogito, a filosofia. Porém, tenho sido estimulado a largar o estudo que é estritamente relacionado ao mundo platô, para que - mesmo embrionáriamente - possa sair em defesa dos frutos considerados podres pela sociedade, e aqui, leia-se: âmbito estatal e das instituições religiosas.


Não me alargarei muito em expor a construção da "libertação" que é edificada dentro de minha cosmovisão, uma vez que farei isso ao longo de outros post, no entanto, volto a dizer: Diante de ação opositora dos sistemas sociais fechados... uma teologia como libertação que se abre para a inclusão.




"Os setores sociais explorados, as raças desprezadas, as culturas marginalizadas são o sujeito histórico de uma nova compreensão da fé." (G. Gutiérrez - "Teologia dal rovescio della storia" 1977)
Alan Buchard

terça-feira, 2 de junho de 2009

na Ida transcendência, na volta medo da finitude...

O título que apontei para este post mostra bem como as sensações são subjetivas, mesmo quando apontadas após ações idênticas.

Na ida para Brasília, o céu se apresentava lindo, acima dos 33.000 pés o azul-ozônio, abaixo uma imagem "googleearthiana" mostrando uma finitude estática. Me senti muito próximo de Deus naquele momento, afinal poucas vezes olhamos para o horizonte e contemplamos a "infinitude.

Na viagem de volta o medo confesso ter tomado conta. A notícia da queda do vôo da AIR FRANCE 447, já circulava pela mídia e o tempo fechado emprestava o devido tom acinzentado.

As palavras do comandante anunciando forte chuva e ventos fortes preparam os passageiros para os futuros "remelexos" da turbulência.

Realmente é facil nesse contexto pensar na vida após a morte, e foi o que fiz. Mas confesso, analisando friamente, só me resta a esperança de estar certo já que a vida não é nada, nem a bordo do Webjet 6795, nem no AirFrance 447 ou em qualquer lugar onde exista o respirar de um ser humano.

Na esperança do por vir...

Thiago Barbosa