Sempre me perguntei como a história, como a conhecemos, chegou até nós. A resposta direta é que os vencedores sempre contam sua versão, e é essa versão que será transmitida, narrada, perpetuada por todas as gerações vindouras. Foi assim, é assim e, indubitavelmente, será assim.

Exemplifico aqui com um apontamento controverso (faço isso pois por vezes sei que sou muitissimo prolixo, redundante e com linguagem de difícil acesso). O ultimo confronto entre Corinthians e Flamengo pela Libertadores da América exemplificou o ponto de vista que apresento, os vencedores transmitem a história da forma como querem, nem sempre por pressão, apenas porque as pessoas querem que se transmita a história dos vencedores.

Como todos sabem, existem dois ícones, um em cada time, nas duas maiores torcidas do Brasil. o flamento perdeu para o corinthians, mas como jogou com o regulamento debaixo do braço, foi classificado. O ponto se dá nas entrevistas que se seguiram com os respectivos astros de cada equipe, Adriano e Ronaldo.

Ao findar o jogo os respórteres abordaram Ronaldo e indagaram por sua “falta de comprometimento”. Vejamos: ronaldo participou dos dois lances que resultaram em gols no corinthians, sofreu inúmeras cirurgias (8 no total), joga com dores intermitentes, é assíduo nos treinamentos, estatisticamente é um dos mais afincuos atletas do clube, se está bem fisicamente participa de todos os jogos. Ainda assim, ele é o descomprometido. Não seria diferente ele perdeu.

Já Adriano, o imperador, é notícia em diversos meios de comunicação por sua frequencia e proximidade, não só com a comunidade da Vila cruzeiro, mas em teoria com pessoas que teriam participação com atividades ilícitas naquele local. falta a inúmeros treinos, está indisponível para outros tantos jogos por motivos nunca relatados, ou mesmo com desculpas desconexas, para seus eternos atrasos e faltas. Não apresentou uma boa atuação em ambos os jogos contra o time paulista, porém, mesmo assim ele é o imperador, “dedicado”.

Vê, é assim que funciona, não importa as circunstâncias que cercam o fato, a história é transmitida com os óculos do vencedor.

Talvez seja por isso que nos preocupamos em vencer, afinal, nossa preocupação é em sermos lembrados, infelizmente atualmente pouco estamos nos importando com nossas atitudes. Perdemos parâmetros morais e éticos que deveriam dirigir nossa ações, assim somos dirigidos pela vontade de ” vencer”, custe o que custar, literalmente os fins justificam os meios. infelizmente é assim.

Resta a esperança de poder pensar na restauração dos nossos sentimentos, ações e princípios. Sonhar com o dia que os vencedores serão dignos de transmitirem sua história.

Thiago Barbosa