A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

sábado, 9 de maio de 2009

Em concordância com o Ópio

Uma coisa que nunca tinha reparado a respeito da crítica de Karl Marx sobre religião ser o ópio do povo consiste na própria composição química dessa droga, lembrada pelo amigo biólogo e aspirante a teólogo Thiago, já que o ópio até o século XIX era vendido de forma livre, pois estava cercado de uma aura de substância benéfica que aliviava dores e sofrimentos.

Me enquadrando, até então, na Inquisição aos moldes medievais, critiquei Marx por sua afirmação – em minha cabeça -, perjorativa sobre as sublimes religiões. Contudo, inserido nesse contexto esquizofrênico da teologia, a descontrução de meu conceito “demoniaco” de Marx se desfes em plena aula de Antropologia, após ser exibido o filme “Santa Cruz (parte 5)” onde foi documentado uma igreja de suburbio em pleno desenvolvimento, e posteriormente, no debate gerado por tal filme.

Peço desculpas ao Sr. Marx! Sua análise estava completamente correta ao dizer: “A religião é o suspiro do oprimido, o coração de um mundo insensível, a alma de situações desalmadas. É o ópio do povo.”

É perceptível a qualquer bom observador, o quanto uma dosagem de ópio contido na frase: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”, repetida inumeras vezes, como um mantra, por crentes fevorosos massacrados pela vida, terá um efeito entopercente.

Passagens bíblicas como Sl 91, Sl 3, Sl 23, Rm 8.31, entre outras, foram reduzidas a supertições e a simpatias. Resultado: pessoas se usando de algumas verdades bíblicas para se esqueçerem do mundo que cai ao seu redor. A isso se dá o nome de Escapismo.

Eu também tenho minha dosagem de ópio, e a utilizo quando os acontecimentos de minha vida fogem de meu controle, e um a um, os muros de segurança da minha vida vão ruindo.

Não, o ópio em dosagem certa é benefício. Problema está no uso exagerado, narcótico, e viciante dessa droga. Quando isso acontece, a ilusão passa a ser mais concreta que a realidade.

Infelizmente, as pessoas mais desprovidas de conhecimento não enxergam a lavagem cerebral que são submetidas por falsos “agentes do Reino”, tornando-se alienigenas terrestres.

Gostando ou não do Sr. Marx, uma hora ou outra, todos nós faremos uso desse ópio, mas como qualquer outra coisa, deve ser usado com moderação.
Alan Buchard

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