A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ah... se Paul Tillich fosse professor no STBSB

Após ser apresentado a Paul Tillich sob os espectros de Gibellini adquiri um livreto com o título: Paul Tillich, textos selecionados. Gostei da apresentação feita pela fonte editorial.


“A teologia proposta por Paul Tillich trabalha com uma leitura hermenêutica da totalidade e dos elementos presentes nas culturas, com a finalidade de apresentar a dimensão de sentido último e de profundidade que encontramos na cultura, já que para ele a religião é a substância da cultura e a cultura é a forma da religião. O esforço de interpretação teológico volta-se, assim, para as culturas contemporâneas. O interesse do pensamento deve, então, residir num diálogo permanente com os movimentos sociais, políticos e artísticos. O que, sem dúvida, oferece aos estudiosos brasileiros uma criativa leitura diante de nossa multiculturalidade”.


“Nos textos que a Fonte Editorial traz aos leitores brasileiros, Tillich detalha como deve ser a relação entre a teologia e cultura, entre cristianismo e mundo, apresentando Deus como o fundamento da existência humana. Sua teologia faz perguntas acerca da vida e a teologia responde. Assim, constrói correlações entre as questões que a cultura levanta as respostas possíveis à teologia. Ou seja, através das manifestações culturais podemos ver a forma dos conteúdos espirituais da vida e não somente aquilo que é periférico e superficial, mas, sobretudo, aquilo que traduz o sentido último e mais profundo da existência, a espiritualidade humana”.


É notória a influencia dos pensadores românticos da Europa do século XIX, o próprio Paul Tillich assume essa influência logo em seu primeiro texto selecionado “Depois do socialismo religioso”. Gostaria de me fixar na formulação de uma pergunta, se possível fosse ao sr. Tillich.

- Caro sr. Paul Tillich. Espero que se encontre bem onde quer que estejas. Sem maiores delongas gostaria de relembrar-lhe de algo que escreveu no texto “A comunicação da mensagem cristã: Uma questão para ministros e professores cristãos”.

“...Nos primeiros séculos da história cristã, as autoridades formularam como sendo a mensagem bíblica, muitas vezes inconscientemente, aqueles pontos que respondem à situação temporal e espacial de seu povo, incluindo eles mesmos. Eles formularam, como mensagem bíblica, aquela que poderia ser comunicada tanto a eles mesmos como às massas.”
“...Se você deseja fazer disso um esquema, poderá dizer que foi João quem influenciou a primeira parte da história da igreja; Pedro quem influenciou o período medieval; Paulo quem providenciou as bases para os reformadores; e o Jesus dos Sinóticos quem foi a influência dominante para os nossos tempos modernos”.

Minha simplória leitura remete que para ti, tempos modernos referem-se ao “antigo” século XX. E minha pergunta parte daí. No século XXI, qual a influencia? Quais têm sido as idéias que promovem o desenvolvimento da nossa teologia?

Não creio que prosperidade seja uma linha ideológica, somente uma forma requintada de estelionato. A teologia da libertação encanta, mas é metáfora. Metáfora do ponto da prática de seus interlocutores. Já viu quanto eles cobram por suas palestras e “ministrações”? Inacreditável que empunhem a bandeira da libertação, do proletariado, das massas, dos pobres. Acho fácil bendizer a pobreza quando estamos com os estômagos “forrados”.

O real medo que me aflige é que tenhamos retroagido e voltado aos ancestrais tempos do “primeiro testamento”; a ancestral presunção do sacerdote, a necessidade vicária dos holocaustos (agora mentalizados e sem sangue); a inerrante palavra do “profeta” que permanece falha e “comprada” como fora no longínquo Israel, de forma insípida e forçosamente atrelada a uma divindade sempre distante e antropomórfica; a instituição do “templo” como terras sacralizada, esquecem de pregar o evangelho de João, Pedro, Paulo e Jesus e pregamos o “nosso” evangelho.

Será que o senhor poderia nos ajudar a pensar um pouquinho? Já que está impossível suportar os discursos proferidos em nossas igrejas, quem sabe um pouquinho de erudição não cairia bem. Já que não temos palavra de salvação que ao menos possamos ter cultura. Afinal, ninguém suporta apenas “pão e circo”.
Aguardando resposta.
Thiago Barbosa

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