A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Conhecimento de Deus


 

            É comum em todas as crenças se construir, através de preceitos e proposições, uma “definição” da divindade na qual se crê. Por séculos os cristãos depositam sua fé em um documento que passou a reger toda a sua concepção do real ou sua realidade. O que é afirmado com relação à intervenção da divindade na história está fundamentado nas escrituras e isto se torna verdade absoluta para os fiéis

            A dificuldade se da em que em sua subjetividade, o crente (aquele que crê) deseja traspassar a própria racionalidade para ser objetivo. Apoiando-se numa linguagem mítica, constrói o seu castelo forte da verdade ignorando os limites de si mesmo e da razão. Isso se traduz num fundamentalismo restrito aos dogmas e, segundo o pensamento racional, impossível e inconcebível.

            Concordo de certa forma com Kant quando afirma que “toda forma de racionalidade deve se submeter à reflexão de seu procedimento, de seus critérios”, ou seja, os limites de seu discurso. De acordo com o grande impulsionador da crítica, tudo deve passar pelo crivo da análise racional e se manter dentro dos limites ou alcance cognitivos.

            Conhecer a Deus? Será possível? Através de qual plataforma de conhecimento? Da bíblia? Da razão? É possível?Será que somos honestos quando afirmamos conhecer a Deus sendo que nem mesmo alcançamos historicamente conhecer o Jesus de Nazaré?

            Talvez, com muita coragem, poderíamos “assegurar conhecer a Deus” dentro dos limites da experiência mística individual e pessoal. É o máximo que poderíamos dizer!

            Nós os Batistas, que afirmamos ser racionais em nossos discursos deveríamos lembrar da proposição de Lutero, que eu pessoalmente tenho tomado como principio “Cada crente sacerdote de si mesmo”, limitando o “conhecer” a Deus à experiência de cada sacerdote. Isso para que a Critica não nos apanhe de calças curtas!

            Creio em Cristo, no seu poder em transformar vidas, em seu poder de curar, e espero sinceramente viver de novo após a morte, pois percebo sua interferência no real, no palpável. Essa é minha fé. Esse é meu único argumento diante da razão: eu creio em minha experiência mística. Ho! Razão! Tire-me os escritos, tire-me a tradição e os dogmas! Mas deixe-me a profunda relação pessoal/sacerdotal/mágica/extática/experimental como o sagrado. Não sei se até aqui terei o “vento na cara”, quem sabe à frente?

 

Jonathan

Um comentário:

  1. lindo...vc escreve bem, tá na hora de abrir o peito o jogar o sentimento pra fora...
    to precisando me alimentar de escritos como este...

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