IV
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Era um sonho dantesco... o tombadilho
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
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(Castro Alves - Navio Negreiro)
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Se fosse teólogo da libertação, possivelmente seria de uma seriedade gritante. O grito da libertação não se inicia apenas nas revoltas da década de 60. A verdadeira libertação deveria ser datada anteriormente, pena que não nos manifestamos. Seria culpa da tardia apresentação do "VATICANO II"?
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Possivelmente. Mas ainda nos falta libertar do pior "negreiro" de todos. Nós mesmos.
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Nossa consciência ainda ainda murmura enferma sob o auspícios do "super-homem" "nietzschiano".
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Grite! Saia do tombadilho. Liberdade, com ou sem teologia...
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Thiago Barbosa
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