Discutindo sobre os pressupostos da teologia e a forma como ocorrerá a devida construção de uma realidade, que efetivamente me assusta, pergunto-me em o que será de nossas vidas ao fim desse período de preparação e início de efetivação dos conceitos apreendidos.
Confesso meus pecados, o maior deles, assumo, consome meus dias e noites. Pensar teologia seriamente me tira o sono. Assumir a veracidade das proposições do século XIX é um preço demasiadamente alto, mesmo para mim, que em minha prepotência, me julgava preparado para a teologia moderna de um mundo adulto.
Hoje olho para aquele que será meu grande companheiro das férias, Dietrich Bonhoeffer. Não na encarnação humana pós-morte, mas no livro “Resistência e Submissão”. Propus lê-lo durante as férias, necessito desligar-me um pouco da tensão teológica, mas não pretendo entrar em estado de catatonia completa, pensar é necessário mesmo no ócio entre-semestres. Devorarei os escritos que foram as emanações da tensão teológica de Bonhoeffer, de forma que busco continuar aquilo que ele não conseguiu devido sua morte prematura.
As comparações entre mim e Bonhoeffer são desnecessárias e impossíveis, afinal praticamente nada em nós se faz semelhante. Não vivo a centelha do romantismo europeu, apenas a urgência da ação teológica e sua implicação em uma sociedade decadente no Brasil e no mundo.
Não me levanto contra um partidarismo tendencioso da instituição eclesiástica alemã. Bonhoeffer assume a própria morte na necessidade obrigatória de que seu brado rompesse as insurgências do terceiro Reich alemão, ao tempo que me prontifico a levar o pensamento político e suas posições como sustentáculo do Estado Democrático de Direito, em uma sociedade que percebe em seus líderes políticos um verdadeiro excremento humano (na pior conotação possível) e o “levante” de líderes religiosos que se utilizam da “máquina eclesiástica” para manipular a população e se sujar, tornando-se excremento como os outros que lá estão.
Assumo sim a necessidade da teologia como cafeína, tal qual a teologia da libertação a pensou, mas imagino ser necessário o desatrelar entre os discursos religiosos e políticos, aparecendo uma efetiva mensagem onde o estado democrático de direito é assunto da comunidade religiosa, mas não emana de um discurso religioso. É um clamor o aparecimento de profetas críticos, mostrando à congregação as mazelas reais e a realidade que surge do trabalho comunitário consciente. Seremos um partido político sem o discurso religioso atrelado ao discurso político? Não o sei. Penso que finalmente conseguiremos ser humanos, vivendo como humanos, assumindo a necessidade de uma postura cristã que impute mudanças a uma sociedade, não de forma coercitiva, mas mediante a vivência da plenitude do evangelho, mantendo assim o discurso religioso imaculado. Manteremos a supremacia da consciência humana, ou o evangelho não seria força motriz suficiente para dispor o senso político de convivência humana (e não a politicagem malfeitora de Brasília)?
Morreria por essa idéia como Bonhoeffer o fez? Não sei, possivelmente não, mas a igreja que sonho permite a conversa sobre política em seu púlpito pela necessidade de que nós humanos temos de ser nós mesmos. Ainda somos humanos e não serafins na plenitude de uma espiritualidade que, nos dias modernos, caduca e se torna alienadora da nossa realidade. Aqui alerto que a política de qual falo é a discussão a respeito das relações que permitem a convivência entre nós em busca do hegemônico Estado Democrático de Direito, não sobre a politicagem, como partidarismo político, posições ideológicas de “esquerda ou direita”, bem como os assaltantes que colocamos em nossos governos.
Mas política e igreja combinam? Política sob o apontamento abordado anteriormente sim, como é pregada nos púlpitos do nosso país hoje em dia definitiva e escandalosamente não.
O estado letárgico “opioso” denunciado por Karl Marx seria abolido, a fuga denunciada por Mikhail Bakunin estaria extinta. Alcançaríamos a verdadeira consciência do que é ser humano, atingiríamos sua máxima ao nos assumirmos como “humanos”, tornando possível o diálogo com Nietzsche. A verificação aberta de forma histórico-crítica-socio-cultural permitiria aplacar os levantes contundentes de Feuerbach e Kant.
Algumas perguntas ainda se mostram como abismos intransponíveis.
É necessária a sacralização do texto bíblico-canônico sob sua forma maximalista?
Adotar o discurso do líder religioso como sendo sua hermenêutica pessoal, e não como voz ativa da divindade, faz com que a autoridade desse líder se esvaia?
A igreja, não se fazendo juiz de toda uma sociedade, ainda seria detentora de padrões morais e éticos?
Paro por aqui, na súplica de que alguém me dê respostas e na esperança de que Deus esteja em minhas suposições.
Thiago Barbosa
Ps. Thiago Assis, em breve nascerá o “púlpito X palanque”... rs...
Confesso meus pecados, o maior deles, assumo, consome meus dias e noites. Pensar teologia seriamente me tira o sono. Assumir a veracidade das proposições do século XIX é um preço demasiadamente alto, mesmo para mim, que em minha prepotência, me julgava preparado para a teologia moderna de um mundo adulto.
Hoje olho para aquele que será meu grande companheiro das férias, Dietrich Bonhoeffer. Não na encarnação humana pós-morte, mas no livro “Resistência e Submissão”. Propus lê-lo durante as férias, necessito desligar-me um pouco da tensão teológica, mas não pretendo entrar em estado de catatonia completa, pensar é necessário mesmo no ócio entre-semestres. Devorarei os escritos que foram as emanações da tensão teológica de Bonhoeffer, de forma que busco continuar aquilo que ele não conseguiu devido sua morte prematura.
As comparações entre mim e Bonhoeffer são desnecessárias e impossíveis, afinal praticamente nada em nós se faz semelhante. Não vivo a centelha do romantismo europeu, apenas a urgência da ação teológica e sua implicação em uma sociedade decadente no Brasil e no mundo.
Não me levanto contra um partidarismo tendencioso da instituição eclesiástica alemã. Bonhoeffer assume a própria morte na necessidade obrigatória de que seu brado rompesse as insurgências do terceiro Reich alemão, ao tempo que me prontifico a levar o pensamento político e suas posições como sustentáculo do Estado Democrático de Direito, em uma sociedade que percebe em seus líderes políticos um verdadeiro excremento humano (na pior conotação possível) e o “levante” de líderes religiosos que se utilizam da “máquina eclesiástica” para manipular a população e se sujar, tornando-se excremento como os outros que lá estão.
Assumo sim a necessidade da teologia como cafeína, tal qual a teologia da libertação a pensou, mas imagino ser necessário o desatrelar entre os discursos religiosos e políticos, aparecendo uma efetiva mensagem onde o estado democrático de direito é assunto da comunidade religiosa, mas não emana de um discurso religioso. É um clamor o aparecimento de profetas críticos, mostrando à congregação as mazelas reais e a realidade que surge do trabalho comunitário consciente. Seremos um partido político sem o discurso religioso atrelado ao discurso político? Não o sei. Penso que finalmente conseguiremos ser humanos, vivendo como humanos, assumindo a necessidade de uma postura cristã que impute mudanças a uma sociedade, não de forma coercitiva, mas mediante a vivência da plenitude do evangelho, mantendo assim o discurso religioso imaculado. Manteremos a supremacia da consciência humana, ou o evangelho não seria força motriz suficiente para dispor o senso político de convivência humana (e não a politicagem malfeitora de Brasília)?
Morreria por essa idéia como Bonhoeffer o fez? Não sei, possivelmente não, mas a igreja que sonho permite a conversa sobre política em seu púlpito pela necessidade de que nós humanos temos de ser nós mesmos. Ainda somos humanos e não serafins na plenitude de uma espiritualidade que, nos dias modernos, caduca e se torna alienadora da nossa realidade. Aqui alerto que a política de qual falo é a discussão a respeito das relações que permitem a convivência entre nós em busca do hegemônico Estado Democrático de Direito, não sobre a politicagem, como partidarismo político, posições ideológicas de “esquerda ou direita”, bem como os assaltantes que colocamos em nossos governos.
Mas política e igreja combinam? Política sob o apontamento abordado anteriormente sim, como é pregada nos púlpitos do nosso país hoje em dia definitiva e escandalosamente não.
O estado letárgico “opioso” denunciado por Karl Marx seria abolido, a fuga denunciada por Mikhail Bakunin estaria extinta. Alcançaríamos a verdadeira consciência do que é ser humano, atingiríamos sua máxima ao nos assumirmos como “humanos”, tornando possível o diálogo com Nietzsche. A verificação aberta de forma histórico-crítica-socio-cultural permitiria aplacar os levantes contundentes de Feuerbach e Kant.
Algumas perguntas ainda se mostram como abismos intransponíveis.
É necessária a sacralização do texto bíblico-canônico sob sua forma maximalista?
Adotar o discurso do líder religioso como sendo sua hermenêutica pessoal, e não como voz ativa da divindade, faz com que a autoridade desse líder se esvaia?
A igreja, não se fazendo juiz de toda uma sociedade, ainda seria detentora de padrões morais e éticos?
Paro por aqui, na súplica de que alguém me dê respostas e na esperança de que Deus esteja em minhas suposições.
Thiago Barbosa
Ps. Thiago Assis, em breve nascerá o “púlpito X palanque”... rs...
Sim, assumir o séc XIX em nossa teologia, e quem sabe futuramente numa congregação, é reconhecer que somos humanos. Esperando que em nossas suposições Deus esteja, como vc disse meu amigo...
ResponderExcluirO que eu mais quero é que haja uma revolução nessa sociedade. E por que não começar pelo evangelho como você bem lembrou?
Que não consigamos descansar enquanto não enxergarmos as mudanças que nossas pequenas atitudes podem promover. Que o fundamentalismo relioso normativo seja passado em nossas posições filosófica-teológica, para assim dialogarmos com Nietszche, Fuerbach, Marx, Bakunin, Dalai Lama, Maomé, Buda, e tantas outras personalidades que costumeiramente deixamos de lado por consideramos superiores a tais.
Num mundo onde há seleção por parte dos cabeças do sistema, possamos combater o opressor. Fazendo como os teólogos da libertação? Sim! Mas atrelando nosso discurso apenas ao âmbito econômico? Não!
Minha esperança, é que quando conseguirmos práticar todos os conceitos aprendidos em nossa formação, pessoas não precisem sofrer como atualmente sofro, sofremos.
E essa parte, Deus não fará por nós...
Alan Buchard