Novamente discutimos. É assim que passamos nossas manhãs aqui na colina, os afoitos candidatos a teólogos do segundo período – os poucos que ainda encaram a multidão de sacerdotes intra-classe – põem-se a discutir, discorrer, remoer, repensar e refletir quanto aos infindáveis assuntos que emanam da centenária colina. Hoje o assunto foi a fé e a relação desta com a razão.
Assumo, são duas palavras que, sob um olhar inocente, são correlatas e de uma complacência construtiva. Diz-se uma fé “racionalizada”, porém, os conceitos de fé e razão – na construção do termo “iconoclasticamente europeu” – apresentaria ulcerações ao ver-se atrelada ao termo fé. Que o os libertários franceses e filósofos românticos nos digam a verdade.
Até agora, nesses primeiros meses de caminhada e paixão no universo teológico, gosto de pensar em fé como o “salto” de Sören Kierkegaard, e nesse contexto fé e razão não se casam, não andam juntas, mas se completam. O início de uma se dá ao findar-se as expectativas da outra. Confesso e tenho dito, ao findar-se a razão dá-se a fé – não na forma conjunta - mas de forma complementar. Agora resta o questionamento, quando começa a fé? Afinal, o fim da razão pode ser apenas preguiça do “racionalizador”.
Agora se irritem, mas é possível que a fé emane da preguiça dos pensadores. É a fé unidade mensurável em sim mesma? Só se mede a fé olhando o tamanho do rigor crítico racionalista, de forma que o tamanho da fé é inversamente proporcional ao rigor da razão racionalizada. Talvez isso explique a dificuldade de se observar a fé nos grandes centros acadêmicos (como se academia fosse sinônimo de "local de pensadores").
PS. Antes que me digam que a em alguns aspectos da razão apresenta-se fé para um resultado final, lembrem-se, aqui abordo-se a legítima razão – aquela utopicamente neutralizada e insólita – mas a razão como utopia é intrínseca e inerente aos seus “racionalizadores”. Portanto não confundam a caracterização inerente à razão com as características “tendenciosas” dos “racionalizadores”. Os aspectos de fé aqui intuídos são inerentes à total entrega, sem alicerces possíveis ou imagináveis para o desenvolvimento de uma elucubração epistemológica (fé e epistemologia?).
Será esse o pensamento do Anticristo Nitzscheano?
Agora resta diferenciar a fé e a esperança, mas ainda oro por uma fé pequena, porém, real e construtiva, reconfortante e transcendental. Comparada a um grão de mostarda talvez?
Thiago Barbosa
Nenhum comentário:
Postar um comentário