Quanto mais me aproximo da história protestante, mais me realizo, mais me conforto, mais me inspiro:
"A Reforma do século XVI, liderada por Martim Lutero, foi um poderoso movimento de luta pela liberdade. Lutero promoveu um movimento de renovação da igreja cristã, que atingiu a vida de pessoas e de comunidades. Já em 1520 afirmou enfaticamente que "um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém - pela fé. O cristão é servidor de todas as coisas e submisso a todos - pelo amor." A fé e a graça de Deus libertam todos e todas da lei (para ser salvo deve fazer isso, deve fazer aquilo...), do pecado e da morte. Colocam todas as pessoas no mesmo nível; todos são dependentes da graça de Deus (Romanos 8). A Reforma influenciou e criou novas experiências com Deus; relativizou doutrinas e poderes eclesiásticos; e codificou teologias novas para legitimarem espiritualidades que religam a pessoa humana diretamente com Deus, tornando-a livre para participar da criação de nova vida.
Novamente é tempo de perguntar pela importância da Reforma e pela sua contribuição para as cristãs e cristãos, como movimento histórico vivo e presente nos dias de hoje. Afinal, nossa sociedade está fortemente marcada pelo conhecimento, pela automação, pela informação. Trata-se de uma nova etapa da história humana. Cresce uma consciência planetária coletiva que muda padrões de comportamento, as relações com o outro e com a natureza, que transforma os valores da subjetividade e de outras dimensões da vida humana. Neste novo momento histórico, nesta nova etapa da vida humana, somos desafiadas e desafiados a indagarem pela liberdade. Há liberdade entre nós? Os cristãos vivem como corpo vivo de Cristo, livre e atuante nesta nova etapa histórica? O pluralismo doutrinário das igrejas cristãs, marcado pelo legalismo e pelo fundamentalismo, as novas propostas espirituais e comunitárias, permitem a influência da
Reforma e sua busca por liberdade?
Em meio a estas e outras perguntas, ávidos por respostas convincentes e completas, proponho um pequeno desvio para duas passagens bíblicas em que Jesus é o protagonista. Primeiro, aquele relato de João 8. 31ss. Jesus afirma aos que acreditaram nele: "Se vocês obedecerem às minhas palavras, serão de fato meus seguidores e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará." Os que cercavam Jesus responderam: "Nunca fomos escravos de ninguém. Como é que você diz que seremos livres?" O diálogo de Jesus continua. Mas, quero extrair da passagem o fato de Jesus propor a liberdade para pessoas que não tinham a consciência de escravos; entendiam-se como livres. Creio ser este o grande desafio da Igreja de Jesus Cristo, em nossos dias; qual seja: como anunciar a liberdade para quem vive a ilusão de ser livre? A procura das pessoas por Deus não privilegia o todo da sua dimensão humana como criatura de Deus e não pressupõe o seu estado de escravidão. Mas, tem a característica de uma procura para resolver problemas individuais, pessoais e casuísticos; fazendo de Jesus um mestre fundamentalista, moralista e legalista, um curandeiro barato; e do Espírito Santo um poder que sopra e batiza só onde alguns querem e preferem, um terapeuta e massagista das dores espirituais e outras da dimensão subjetiva da pessoa humana. O propósito, o alvo, então, passa a ser o prazer "espiritual", satisfação individual, ganhos econômicos e materiais, privilégios pessoais e coletivos, em detrimento a escravidão dominadora e nefasta não admitida , assumida e denunciada.
A segunda passagem bíblica que contribui para as respostas que buscamos, é aquela em que Jesus cercado por uma grande multidão, mesmo cansado, continua sua atuação libertadora. Ali Ele percebeu que aquelas pessoas, além de famintas, "pareciam ovelhas sem pastor"(Marcos 6.30ss.). Destaco a percepção de Jesus. Como seguidores e seguidoras de Jesus Cristo somos desafiados e desafiadas a admitirem que a massa humana, as multidões famintas e escravas, vivem como ovelhas sem pastor. Mesmo reconstruindo valores e padrões de comportamento, mesmo com todas as informações, tecnologia e conhecimento estão sem rumo e caminho, sem a verdade e liberdade, sem vida.
Corremos um grande risco nesta nova etapa histórica que sofremos e vivemos: a possibilidade de fazermos grandes e bonitas experiências espirituais, de reabilitarmos a cultura religiosa, de redescobrirmos a importância do espírito humano, de reunirmos grandes multidões maquiadas por discursos bíblicos e teológicos, porém vazios do conteúdo da fé no Cristo de Deus, longe do Jesus Cristo da cruz e da ressurreição; afastados do Deus de amor que morreu e ressuscitou para vencer a nossa escravidão e doar a liberdade, transformando os que crêem em vidas novas que participam da criação de nova vida.
As pessoas, o povo, a igreja, toda a humanidade, necessitam de liberdade e fé. Graças a Deus a Reforma luterana canta neste tom da liberdade, com a harmonia da fé no Cristo da Cruz e da ressurreição, o Cristo de Deus."
"A Reforma do século XVI, liderada por Martim Lutero, foi um poderoso movimento de luta pela liberdade. Lutero promoveu um movimento de renovação da igreja cristã, que atingiu a vida de pessoas e de comunidades. Já em 1520 afirmou enfaticamente que "um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém - pela fé. O cristão é servidor de todas as coisas e submisso a todos - pelo amor." A fé e a graça de Deus libertam todos e todas da lei (para ser salvo deve fazer isso, deve fazer aquilo...), do pecado e da morte. Colocam todas as pessoas no mesmo nível; todos são dependentes da graça de Deus (Romanos 8). A Reforma influenciou e criou novas experiências com Deus; relativizou doutrinas e poderes eclesiásticos; e codificou teologias novas para legitimarem espiritualidades que religam a pessoa humana diretamente com Deus, tornando-a livre para participar da criação de nova vida.
Novamente é tempo de perguntar pela importância da Reforma e pela sua contribuição para as cristãs e cristãos, como movimento histórico vivo e presente nos dias de hoje. Afinal, nossa sociedade está fortemente marcada pelo conhecimento, pela automação, pela informação. Trata-se de uma nova etapa da história humana. Cresce uma consciência planetária coletiva que muda padrões de comportamento, as relações com o outro e com a natureza, que transforma os valores da subjetividade e de outras dimensões da vida humana. Neste novo momento histórico, nesta nova etapa da vida humana, somos desafiadas e desafiados a indagarem pela liberdade. Há liberdade entre nós? Os cristãos vivem como corpo vivo de Cristo, livre e atuante nesta nova etapa histórica? O pluralismo doutrinário das igrejas cristãs, marcado pelo legalismo e pelo fundamentalismo, as novas propostas espirituais e comunitárias, permitem a influência da
Reforma e sua busca por liberdade?
Em meio a estas e outras perguntas, ávidos por respostas convincentes e completas, proponho um pequeno desvio para duas passagens bíblicas em que Jesus é o protagonista. Primeiro, aquele relato de João 8. 31ss. Jesus afirma aos que acreditaram nele: "Se vocês obedecerem às minhas palavras, serão de fato meus seguidores e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará." Os que cercavam Jesus responderam: "Nunca fomos escravos de ninguém. Como é que você diz que seremos livres?" O diálogo de Jesus continua. Mas, quero extrair da passagem o fato de Jesus propor a liberdade para pessoas que não tinham a consciência de escravos; entendiam-se como livres. Creio ser este o grande desafio da Igreja de Jesus Cristo, em nossos dias; qual seja: como anunciar a liberdade para quem vive a ilusão de ser livre? A procura das pessoas por Deus não privilegia o todo da sua dimensão humana como criatura de Deus e não pressupõe o seu estado de escravidão. Mas, tem a característica de uma procura para resolver problemas individuais, pessoais e casuísticos; fazendo de Jesus um mestre fundamentalista, moralista e legalista, um curandeiro barato; e do Espírito Santo um poder que sopra e batiza só onde alguns querem e preferem, um terapeuta e massagista das dores espirituais e outras da dimensão subjetiva da pessoa humana. O propósito, o alvo, então, passa a ser o prazer "espiritual", satisfação individual, ganhos econômicos e materiais, privilégios pessoais e coletivos, em detrimento a escravidão dominadora e nefasta não admitida , assumida e denunciada.
A segunda passagem bíblica que contribui para as respostas que buscamos, é aquela em que Jesus cercado por uma grande multidão, mesmo cansado, continua sua atuação libertadora. Ali Ele percebeu que aquelas pessoas, além de famintas, "pareciam ovelhas sem pastor"(Marcos 6.30ss.). Destaco a percepção de Jesus. Como seguidores e seguidoras de Jesus Cristo somos desafiados e desafiadas a admitirem que a massa humana, as multidões famintas e escravas, vivem como ovelhas sem pastor. Mesmo reconstruindo valores e padrões de comportamento, mesmo com todas as informações, tecnologia e conhecimento estão sem rumo e caminho, sem a verdade e liberdade, sem vida.
Corremos um grande risco nesta nova etapa histórica que sofremos e vivemos: a possibilidade de fazermos grandes e bonitas experiências espirituais, de reabilitarmos a cultura religiosa, de redescobrirmos a importância do espírito humano, de reunirmos grandes multidões maquiadas por discursos bíblicos e teológicos, porém vazios do conteúdo da fé no Cristo de Deus, longe do Jesus Cristo da cruz e da ressurreição; afastados do Deus de amor que morreu e ressuscitou para vencer a nossa escravidão e doar a liberdade, transformando os que crêem em vidas novas que participam da criação de nova vida.
As pessoas, o povo, a igreja, toda a humanidade, necessitam de liberdade e fé. Graças a Deus a Reforma luterana canta neste tom da liberdade, com a harmonia da fé no Cristo da Cruz e da ressurreição, o Cristo de Deus."
P. Guilherme Lieven
Jonathan
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