Doug Jones fazia parte de uma tribo que era constituída de pessoas dispostas a se relacionarem
Apesar de terem um líder-curalma, os membros dessa comunidade usufruíam de um poder que lhes possibilitava escolher o melhor para eles, isso permitia que construíssem a sua própria história. O que chamaram de Aimonotua. Ninguém naquele país possuía poderes assim. Todos, exceto aquela comunidade, eram dominados por uma cegueira-de-consciência e se submetiam aos seus líderes sem poder de escolha. Era, então, um privilégio pertencer à Tribo dos Batutinhas: uma comunidade da liberdade. Ali, todos eram iguais e tinham direitos, todos tinham voz. E foi assim que Doug fora criado.
Todas as manhãs de Domiguilim, o dia mais importante para aquele povo, o líder-curalma abria o livro sagrado da tribo, o Bríbulos, e nele lia toda a memória do povo, o que fazia com que se lembrassem dos seus direitos e deveres na comunidade e revigorava o poder que neles fluía: o Aimonotua. Por vezes, o Domiguilim se transformava num debate, uma espécie de assembléia democrática, onde todos podiam colocar suas opiniões para decidir o que seria melhor para toda a tribo. Era nessas reuniões que Doug gostava de participar. Podia ver todos exercendo seus direitos como participantes do grupo e, também ele, colocava diante do povo suas questões.
Com o passar dos anos, Doug começou a perceber algumas coisas que não condiziam com a filosofia da comunidade. Os discursos de Elitoawermeneks soavam num tom autoritário e a interpretação do Bríbulos não possuía mais o espírito de liberdade dos memoráveis discursos que fortaleciam o coração e o poder da gente da tribo. O líder-curalma estava se tornando um Liderpregatorioadiministrum, daqueles que viviam fora da tribo, no mundo exterior, causando nos homens a cegueira-de-consciência. Ele percebeu que muitos filhos da tribo já se juntavam a Elitoawermenecks, que arquitetava retirar todo o poder Aimonotua dos lendários Batutinhas.
Nessas circunstâncias, Doug Jones resolve, por si só, fortalecer-se com as palavras contidas no Bríbulos e a cada dia descobria em suas páginas o significado da força e do poder de Aimonotua, e ainda conseguia perceber melhor os planos maléficos de Elitoawermenecks.
Até que...
Num dia de Domiguilim, daqueles dias em que a reunião se tornava uma assembléia, o agora Liderpregatorioadiministrum, já exercendo o domínio sobre todos da tribo, resolve decretar uma lei – coisa que jamais acontecera na história dos Batutinhas – que submetia todos à sua própria autoridade. Aqueles que não obedecessem seriam banidos da tribo e perderiam assim sua identidade. Aqueles que já haviam perdido o poder, devido à adulteração interpretativa do Bríbulos por Elitoawermenecks, estavam fracos demais para perceberem o golpe e, por submissão, acataram suas palavras.
Mas Doug Jones permanecia forte. O Aimonotua corria em suas veias e fazia fervilhar seu coração. As palavras de Bríbulos o haviam fortalecido e, naquele momento, era o único que poderia fazer alguma coisa, ter alguma reação. Então, com palavras Protestântilos, idioma de seus ancestrais, Doug se levanta e diz: “Sou livre e não preciso me submeter a nenhuma autoridade. Minha consciência não é cega e devo a ela minha fidelidade. Tenho o poder de Aimonotua”.
E essas foram as últimas palavras de Doug Jones. Lá, entre os Batutinhas, nunca mais fora visto. Viram-no em muitos lugares, com sua cópia de Bríbulos debaixo do braço, procurando lugares onde pudesse fazer uso de seu Aimonotua.
Jonathan
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