Há meses temos ouvido sobre os desastres que assolaram a população de vários países do mundo. Não é infelicidade dos de terceiro mundo somente, dos pobres, daqueles cuja vida é marcada pela desvantagem, mas choram, também, os de primeiro mundo: França, Portugal, Inglaterra – quem diria! O que se poderia dizer? O feitiço virou contra os feiticeiros? Talvez esse fosse um diagnóstico, na mesma medida dos fundamentalistas, que os Latino-americanos poderiam proferir. Não. Não com a mesma medida. E, também, não se usaria de tamanha ignorância, não como em outros tempos, das infecções de uma teologia canônico-fundamentalista das “missões dos paises do norte”. Amadurecemos.
A tradição canônica, que por um longo tempo prevaleceu nas leituras dos textos sagrados – o que ainda se pode ver – distanciou o pensamento teológico das realidades imediatas, da leitura da vida, do “lugar vivencial”. O texto bíblico se manteve numa esfera mágica, projetando o futuro numa série de acontecimentos escatológicos, cujas catástrofes naturais seriam o prenúncio. Deus retribuirá a impiedade dos maldosos, daqueles que não aceitam a salvação. Se nossa leitura assim permanecesse, estaríamos reproduzindo a hermenêutica tradicional, dura, o que, penso eu, não responde às exigências da modernidade e não justifica a batalha travada desde os anos cinquenta em favor da emancipação do pensamento e do imaginário latino americano. “Germes de emancipação contagiaram uma série de cristãos que se formaram no interior da sociedade latino-americana, iniciando um processo de amadurecimento político e cultural”. (CABRAL. 2009)
O diagnóstico que poderíamos dar como religiosos latinos é, em si, uma crítica às políticas ambientais dos países de primeiro mundo, principalmente, os que acumulam a maior porcentagem de lucro industrial do globo. Responsabilizaríamos Deus por toda essa tragédia como o vingador dos oprimidos? Penso que não. E de fato, nossa teologia já caminha sozinha e tem consciência de que, nesse caso, a natureza responde às irresponsabilidades egoístas e abusivas dos homens. Ação e reação, assim dita a lei. Sem argumentos fossilizados numa “espiritualidade-político-imperalista”, levantamos nossas vozes num protesto racional, anunciador, denunciador e profético.
Lamentamos muito - não condenamos. Vidas perdidas, bens, sonhos. Triste. Angustiante ver pessoas, europeus ou afroindiolatinos, chorando seus mortos. Lamentamos o egoísmo do homem moderno e industrial, que deixa suas marcas, suas pegadas profundas no chão do planeta. Não há como não perceber sua passagem, o meio ambiente que o diga.
Em se falando de diagnósticos, numa plataforma, digamos, escatológica; o “fim das coisas” poderia ser fruto da ação transformadora/destruidora de uma sociedade capitalista desprovida de uma consciência planetária. A política neo-liberalista exclui de seus projetos a manutenção da vida, do bem comum, afixando suas ideologias de lucratividade, um veneno que, aos poucos, tem destruído as esperanças do bem que é comum a todos: nossa casa, Terra. Bem como afirma Leonardo Boff:
“Um dos efeitos mais avassaladores do capitalismo globalizado e de sua ideologia, o neo-liberalismo, é a demolição da noção de bem comum ou de bem-estar social. Sabemos que as sociedades civilizadas se constroem sobre duas pilastras fundamentais: a participação (cidadania) e a cooperação.Juntas criam o bem comum. Mas este foi enviado ao limbo da preocupação política. Em seu lugar, entraram as noções de rentabilidade, de flexibilização, de adaptação e de competitividade. A liberdade do cidadão é substituida pela liberdade das forças do mercado, o bem comum, pelo bem particular e a cooperação, pela competitividade.
A participação e a cooperação asseguravam a existência de cada pessoa e a vigência dos direitos. Negados esses valores, a existência de cada um não está mais socialmente garantida nem seus direitos afiançados. Logo, cada um se sente constrangido o garantir o seu: o seu emprego, o seu salário, o seu carro, a sua família. Ninguém é levado, portanto, a construir algo
Neste contexto, quem vai pensar o destino comum da espécie humana e da única casa coletiva, a Terra? Quem cuidará do interesse geral dos 6,3 bilhões de pessoas? O neoliberalismo é surdo, cego e mudo a esta questão fundamental. Seria contraditório suscitá-la, pois defende concepções políticas e sociais diretamente em oposição ao bem comum. Seu propósito básico é: o mercado tem que ganhar e a sociedade deve perder. Pois é o mercado que vai regular e resolver tudo. Se assim é por que vamos construir coisas em comum? Deslegitimou-se o bem-estar social.
Um dos efeitos mais avassaladores do capitalismo globalizado e de sua ideologia, o neo-liberalismo, é a demolição da noção de bem comum ou de bem-estar social. Sabemos que as sociedades civilizadas se constroem sobre duas pilastras fundamentais: a participação (cidadania) e a cooperação.Juntas criam o bem comum. Mas este foi enviado ao limbo da preocupação política. Em seu lugar, entraram as noções de rentabilidade, de flexibilização, de adaptação e de competitividade. A liberdade do cidadão é substituida pela liberdade das forças do mercado, o bem comum, pelo bem particular e a cooperação, pela competitividade.
A participação e a cooperação asseguravam a existência de cada pessoa e a vigência dos direitos. Negados esses valores, a existência de cada um não está mais socialmente garantida nem seus direitos afiançados. Logo, cada um se sente constrangido o garantir o seu: o seu emprego, o seu salário, o seu carro, a sua família. Ninguém é levado, portanto, a construir algo
Neste contexto, quem vai pensar o destino comum da espécie humana e da única casa coletiva, a Terra? Quem cuidará do interesse geral dos 6,3 bilhões de pessoas? O neoliberalismo é surdo, cego e mudo a esta questão fundamental. Seria contraditório suscitá-la, pois defende concepções políticas e sociais diretamente em oposição ao bem comum. Seu propósito básico é: o mercado tem que ganhar e a sociedade deve perder. Pois é o mercado que vai regular e resolver tudo. Se assim é por que vamos construir coisas em comum? Deslegitimou-se o bem-estar social.
Um dos efeitos mais avassaladores do capitalismo globalizado e de sua ideologia, o neo-liberalismo, é a demolição da noção de bem comum ou de bem-estar social. Sabemos que as sociedades civilizadas se constroem sobre duas pilastras fundamentais: a participação (cidadania) e a cooperação.Juntas criam o bem comum. Mas este foi enviado ao limbo da preocupação política. Em seu lugar, entraram as noções de rentabilidade, de flexibilização, de adaptação e de competitividade. A liberdade do cidadão é substituida pela liberdade das forças do mercado, o bem comum, pelo bem particular e a cooperação, pela competitividade.
A participação e a cooperação asseguravam a existência de cada pessoa e a vigência dos direitos. Negados esses valores, a existência de cada um não está mais socialmente garantida nem seus direitos afiançados. Logo, cada um se sente constrangido o garantir o seu: o seu emprego, o seu salário, o seu carro, a sua família. Ninguém é levado, portanto, a construir algo
Neste contexto, quem vai pensar o destino comum da espécie humana e da única casa coletiva, a Terra? Quem cuidará do interesse geral dos 6,3 bilhões de pessoas? O neoliberalismo é surdo, cego e mudo a esta questão fundamental. Seria contraditório suscitá-la, pois defende concepções políticas e sociais diretamente em oposição ao bem comum. Seu propósito básico é: o mercado tem que ganhar e a sociedade deve perder. Pois é o mercado que vai regular e resolver tudo. Se assim é por que vamos construir coisas em comum? Deslegitimou-se o bem-estar social.” (BOFF. 2003)
Que tenhamos sempre no coração a esperança e a utopia do mundo onde “ a criança brinca com a serpente” onde não haverá diferença entre raças onde não haverá primeiro nem terceiro mundo. Onde todos tem a consciência de que a “casa” pertence à todos e todos tem responsabilidade com ela. Que as palavras escatologicamente geradas na mente do próprio homem, o faça repensar seus pecados.
Esse é o diagnóstico de um religioso afroindiolatino.
Jonathan
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