CARTA ABERTA AO PASTOR CARLOS ELIAS
(na última reunião do Conselho da Convenção Batista Carioca,
o pastor Carlos Elias renunciou à presidência
por não ter conseguido levar a cabo mudanças necessárias
e há muito tempo esperadas no âmbito da Junta de Educação)
Pr. Carlos Elias,
irmão querido e bom amigo:
Desejo tão-somente apoiá-lo em público. E cumprimentá-lo por ter demonstrado ampla visão da realidade, agudo discernimento das oportunidades, lúcida compreensão das intenções, além da admirável coragem e contagiante ousadia manifestadas na reunião do Conselho da Convenção Carioca.
O caríssimo amigo demonstrou possuir as raras qualidades de um verdadeiro profeta. Por isso, não estranhe a reação de alguns colegas pastores e membros do Conselho. Há muito tempo essa Convenção não sabe o que é uma autêntica ação profética. Reúne apenas sacerdotes que cumprem o rígido costume litúrgico dos cultos, do púlpito e da administração. Quando uma atitude profética como a sua se ergue no meio da mediocridade sacerdotal, as pessoas se espantam, ficam com aquele olhar atordoado e abestalhado, sem entender o que está acontecendo.
O que está acontecendo, meu bom amigo, é que, depois de vários anos de silêncio cúmplice e omisso no plenário daquele Conselho, finalmente ouvimos uma voz clara e inequivocadamente profética. Parabéns. Isso está ficando cada vez mais raro num mundo de cristãos distantes de Cristo, de evangélicos que se afastam do Evangelho e de batistas que, justamente nos meandros do poder e da estrutura administrativa, negam e envergonham o passado e a história da denominação.
Compreendo plenamente a sua decisão. E, embora muita gente boa de Deus esteja avaliando a postura assumida como covardia, entendo que o irmão se cansou de perder tempo jogando pérolas a porcos.
Chega o momento em que é preciso sair de um ambiente contaminado e apodrecido, como o do Conselho da Convenção Carioca, batendo as sandálias para sequer levar nos pés o pó desse lamaceiro fétido.
Chega o momento em que, como disse Paulo a respeito do ímpio de Corinto, é melhor entregar a estrutura viciada e corrompida a Satanás para que o corpo seja destruído e, ao menos, os propósitos originais sejam salvos.
Quando um presidente imbuído do legítimo desejo de acertar os desacertos descobre que a sua própria diretoria toma iniciativas ambíguas e age na penumbra, começa a ter sua autoridade questionada pelos que almejam permanecer nas trevas porque com elas se identificam e nelas se sentem em casa, passa a ser ameaçado por ímpios de alma violenta e insana, recebe telefonemas anônimos que colocam em risco o bem-estar da sua família e - depois de se submeter a todas essas desgastantes situações - ainda percebe que o Conselho com o qual contava para operar profundas mudanças permanece, na verdade, indisposto a pagar o preço, alheio aos gritantes apelos do momento, lento como um paquiderme, infantil como uma criança de fraldas, passivo diante dos desafios e dócil como massa de manobra nas mãos dos que são reis porque têm um olho, então é mesmo hora de pegar o chapéu e ir cantar em outra freguesia.
Pode acreditar, meu caro Pastor Carlos Elias, que seu trabalho à frente da igreja que pastoreia é bem mais valioso, imensamente mais importante e incomparavelmente mais compensador do que lidar com a emperrada e enferrujada máquina denominacional.
Você tentou ser vinho novo nesse odre velho sem recuperação. O Mestre já havia nos alertado que isso não dá certo. Vinho novo precisa de odre novo. Não adianta remendar tecido carcomido. A Convenção Batista Carioca, meu amigo, é tecido roto. A situação é essa. Simples assim.
Por muito menos do que anda acontecendo em nossa Convenção e no Conselho, o povo de Israel saía desbaratado das batalhas e voltava para casa carregando o dolorido fardo da perda e da derrota. E amargava anos de vergonha até uma nova geração estar pronta para recomeçar a reescrever a história sobre novos fundamentos.
A Convenção Batista Carioca está derrotada. Encontra-se em frangalhos. E assim vai permanecer até que haja uma nova geração com novos propósitos, novas causas, nova ética, novas atitudes, novos caminhos.
Enquanto isso não acontece, volto a fazer a mesma sugestão que já tenho feito várias vezes a pastores e líderes insatisfeitos: as igrejas que não acreditam mais na recuperação desses ossos secos só têm um caminho a percorrer: devem reunir-se para traçar um caminho paralelo e usar o dinheiro do Plano Cooperativo no intuito de abrir frentes inéditas de ação e atuação, tentando resgatar a alegria da cooperação batista.
Veja bem: não estou sugerindo a criação de outra Convenção ou denominação. Seria mais uma no vasto e confuso panorama do evangelicalismo brasileiro. Proponho que caminhemos à margem. Porque é à margem dos caminhos oficiais que o Senhor revelado nas Escrituras costuma agir com mais vigor e força. É fora das estruturas institucionalizadas, como o sinédrio, o templo de Jerusalém, a tradição dos anciãos, as leis dos fariseus e os mosteiros dos essênios que o Evangelho costuma operar com maior eficiência e ampla eficácia.
Mas isso é assunto para debates posteriores. Por hora, meu intento foi apenas empenhar-lhe total apoio. Deixe que os mortos enterrem seus mortos, querido Pastor Carlos Elias. E vamos à vida, onde o verdadeiro Evangelho pode ser encontrado.
Um abraço carinhoso em Cristo,
aquele que não fundou nenhuma igreja institucional
nem organizou nenhuma denominação,
não estabeleceu nenhum credo eclesiástico
nem oficializou qualquer estatuto denominacional,
mas, pela graça divina, concede a paz que excede todo o entendimento
e guardará o seu coração e a sua mente em todos os momentos.
irmão querido e bom amigo:
Desejo tão-somente apoiá-lo em público. E cumprimentá-lo por ter demonstrado ampla visão da realidade, agudo discernimento das oportunidades, lúcida compreensão das intenções, além da admirável coragem e contagiante ousadia manifestadas na reunião do Conselho da Convenção Carioca.
O caríssimo amigo demonstrou possuir as raras qualidades de um verdadeiro profeta. Por isso, não estranhe a reação de alguns colegas pastores e membros do Conselho. Há muito tempo essa Convenção não sabe o que é uma autêntica ação profética. Reúne apenas sacerdotes que cumprem o rígido costume litúrgico dos cultos, do púlpito e da administração. Quando uma atitude profética como a sua se ergue no meio da mediocridade sacerdotal, as pessoas se espantam, ficam com aquele olhar atordoado e abestalhado, sem entender o que está acontecendo.
O que está acontecendo, meu bom amigo, é que, depois de vários anos de silêncio cúmplice e omisso no plenário daquele Conselho, finalmente ouvimos uma voz clara e inequivocadamente profética. Parabéns. Isso está ficando cada vez mais raro num mundo de cristãos distantes de Cristo, de evangélicos que se afastam do Evangelho e de batistas que, justamente nos meandros do poder e da estrutura administrativa, negam e envergonham o passado e a história da denominação.
Compreendo plenamente a sua decisão. E, embora muita gente boa de Deus esteja avaliando a postura assumida como covardia, entendo que o irmão se cansou de perder tempo jogando pérolas a porcos.
Chega o momento em que é preciso sair de um ambiente contaminado e apodrecido, como o do Conselho da Convenção Carioca, batendo as sandálias para sequer levar nos pés o pó desse lamaceiro fétido.
Chega o momento em que, como disse Paulo a respeito do ímpio de Corinto, é melhor entregar a estrutura viciada e corrompida a Satanás para que o corpo seja destruído e, ao menos, os propósitos originais sejam salvos.
Quando um presidente imbuído do legítimo desejo de acertar os desacertos descobre que a sua própria diretoria toma iniciativas ambíguas e age na penumbra, começa a ter sua autoridade questionada pelos que almejam permanecer nas trevas porque com elas se identificam e nelas se sentem em casa, passa a ser ameaçado por ímpios de alma violenta e insana, recebe telefonemas anônimos que colocam em risco o bem-estar da sua família e - depois de se submeter a todas essas desgastantes situações - ainda percebe que o Conselho com o qual contava para operar profundas mudanças permanece, na verdade, indisposto a pagar o preço, alheio aos gritantes apelos do momento, lento como um paquiderme, infantil como uma criança de fraldas, passivo diante dos desafios e dócil como massa de manobra nas mãos dos que são reis porque têm um olho, então é mesmo hora de pegar o chapéu e ir cantar em outra freguesia.
Pode acreditar, meu caro Pastor Carlos Elias, que seu trabalho à frente da igreja que pastoreia é bem mais valioso, imensamente mais importante e incomparavelmente mais compensador do que lidar com a emperrada e enferrujada máquina denominacional.
Você tentou ser vinho novo nesse odre velho sem recuperação. O Mestre já havia nos alertado que isso não dá certo. Vinho novo precisa de odre novo. Não adianta remendar tecido carcomido. A Convenção Batista Carioca, meu amigo, é tecido roto. A situação é essa. Simples assim.
Por muito menos do que anda acontecendo em nossa Convenção e no Conselho, o povo de Israel saía desbaratado das batalhas e voltava para casa carregando o dolorido fardo da perda e da derrota. E amargava anos de vergonha até uma nova geração estar pronta para recomeçar a reescrever a história sobre novos fundamentos.
A Convenção Batista Carioca está derrotada. Encontra-se em frangalhos. E assim vai permanecer até que haja uma nova geração com novos propósitos, novas causas, nova ética, novas atitudes, novos caminhos.
Enquanto isso não acontece, volto a fazer a mesma sugestão que já tenho feito várias vezes a pastores e líderes insatisfeitos: as igrejas que não acreditam mais na recuperação desses ossos secos só têm um caminho a percorrer: devem reunir-se para traçar um caminho paralelo e usar o dinheiro do Plano Cooperativo no intuito de abrir frentes inéditas de ação e atuação, tentando resgatar a alegria da cooperação batista.
Veja bem: não estou sugerindo a criação de outra Convenção ou denominação. Seria mais uma no vasto e confuso panorama do evangelicalismo brasileiro. Proponho que caminhemos à margem. Porque é à margem dos caminhos oficiais que o Senhor revelado nas Escrituras costuma agir com mais vigor e força. É fora das estruturas institucionalizadas, como o sinédrio, o templo de Jerusalém, a tradição dos anciãos, as leis dos fariseus e os mosteiros dos essênios que o Evangelho costuma operar com maior eficiência e ampla eficácia.
Mas isso é assunto para debates posteriores. Por hora, meu intento foi apenas empenhar-lhe total apoio. Deixe que os mortos enterrem seus mortos, querido Pastor Carlos Elias. E vamos à vida, onde o verdadeiro Evangelho pode ser encontrado.
Um abraço carinhoso em Cristo,
aquele que não fundou nenhuma igreja institucional
nem organizou nenhuma denominação,
não estabeleceu nenhum credo eclesiástico
nem oficializou qualquer estatuto denominacional,
mas, pela graça divina, concede a paz que excede todo o entendimento
e guardará o seu coração e a sua mente em todos os momentos.
Carlos Novaes
retirado do blog do pr. Carlos Novaes (http://carlosnovaes.blogspot.com/2010/03/carta-aberta-ao-pastor-carlos-elias.html)
Nenhum comentário:
Postar um comentário