quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Autoridade até que ponto?
“... cientistas tem autoridade, sabem sobre o que estão falando e os outros devem ouvi-los e obedecer-lhes.”( Rubem Alves)
É assim que Rubem Alves descreve a posição daqueles que se especializam em qualquer ária do conhecimento nos dias de hoje. Uma especialização, deixa bem claro, nada a mais que isso. Nada mais do que o homem comum também possa alcançar. Nada superior, mas sim amparado por tecnologias e conhecimentos mais aprofundados, talvez mais organizados ou sistematizados.
Mesmo assim, mesmo que os conhecimentos do cientista são, nada mais nada menos do que conhecimentos especializados, a mídia e toda mitologia que se criou em torno dos “homens de jaleco branco e cabelos arrepiados” com aparência de loucos, delegou-lhes poderes e conhecimentos sagrados. Não se contesta as palavras dos médicos, por exemplo. Seus diagnósticos, suas teorias, suas proposições, são quase “oraculares”, incontestáveis! Algo empresta força a essa “classe de sábios”, e creio, assim como Rubem, que seja a mídia. Essa força midiádica exerce poder mitoplasmático sobre a sociedade, manipulando a realidade, dizendo o que é, o que não é.
Bem, porque estou dizendo tudo isso?
Essa política é muito próxima do que temos hoje em termos de relacionamento pastoral-comunitário. Os pastores se tornaram “cientistas” (não posso generalizar de forma alguma, há exceções!) sustentados em seu trono de autoridade, poder e sabedoria, pela tradição. Não que a trdição seja totalmente dispensável (repensando alguns desabafos exagerados), mas se tornou uma ferramenta de manutenção e legitimação de homens que, consciente ou inconscientemente se portam como “representantes de Deus na terra”, assumem a, literalmente, a forma de “anjos”. A esses devemos ouvir sem contestar, obedecer sem questionar.
Lembro-me de uma vez ter conseguido um emprego para um irmão que há muito precisava de uma oportunidade, pois estava bastante tempo desempregado. Eu havia combinado sua ida com a coordenadora da empresa para um dia x. Passado alguns dias perguntei a esse irmão como fora o encontro, ao que ele me disse que havia remarcado para um outro momento pois iria consultar seu pastor. Um tempo depois encontrei-o e quis saber como tinha sido o encontro, ele me respondeu:
“Irmão, não voltei lá pois meu pastor não gostou da idéia e eu prefiri deixar pra lá!!!”
Isso para mim é um tremendo absurdo, apesar de ser realidade hoje em muitas de nossas comunidades. O texto de Hebreus 13,17 é, a meu ver, mal interpretado pelos “protestantes” atuais e utilizado político-pragmáticamente pelos líderes.
Onde está nossa liberdade de consciência? Talvez você possa me dizer que não adiantaria nada aplicar conceitos da reforma em um povo que foi educado para ser colônia, para submeter-se sem questionar. Será? O que é mais precioso do que ser livre? Quem não gosta de liberdade? Quem não gostaria de submeter-se a sua própria consciência?
Como diz Lutero, se temos que servir submissos a alguém só poderá ser por amor. Como o próprio texto diz: “para que façam isso com alegria e não gemendo”. Não devemos criar problemas paras os líderes, mas sem deixar nossa liberdade em Cristo. Suas palavras não necessariamente são as palavras de Deus pois “ nem a maioria nem a minoria, tão pouco a unanimidade reflete necessariamente a vontade de Deus”
“Um cristão é um livre senhor de todas as coisas e não está sujeito a niguém.
Um cristão é um servo sujeito a prestação de serviços gratuitos em todas as coisas é submisso a todos”
Lutero
Jonathan
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muito bom essa parada que se escreveu mais fiquei com algumas duvidas
ResponderExcluirObrigado pela participação. Quanto às duvidas, a intenção desde "descarrego" cognitivo é ocasioná-las, até porque elas nos tiram o sono. Faça-mos o seguinte: você apresenta-se e expõe suas dúvidas, nós vamos postando e discutindo o assunto, ao final vemos se solucionamos as duvidas ou aumentamos as suas quantidades e profundades, mas isso só o tempo dirá.
ResponderExcluirMas realmente obrigado pela participação e continue...
Thiago Barbosa
ps. aqui respondo pelo Jonatham, mas ele já está ciente dos ditos aqui pronunciados...