Ministro da Guerra de Castelo Branco e integrante do "Comando Supremo da Revolução", Costa e Silva conseguiu impor-se como sucessor à presidência. Durante o ano de 1967, após a confirmação do seu nome, passou a agir quase como um candidato em campanha, viajando pelo país e comparecendo a cerimônias, tentando construir a imagem de um homem confiável, acessível, bonachão: "seu Artur". Ao contrário do seu antecessor, Costa e Silva considerava a importância de um serviço de relações públicas como forma de aproximar o governo do povo, e a criação de uma Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP) resultou, em parte, desta preocupação.
A instabilidade política acentuou-se ao longo de 1968. Passeatas nas ruas das grandes cidades, greves em Osaco (SP) e Contagem (MG), discursos contundentes de políticos como Carlos Lacerda e Marcio Moreira Alves - deputado do MDB/GB cujo discurso às vésperas do feriado da Independência foi considerado ofensivo às Forças Armadas - indicavam uma inquietação dos brasileiros, inclusive das classes médias que haviam inicialmente apoiado o golpe, em relação a um regime que ia muito mais longe do que se propusera.
O assassinato do estudante Édson Luís, em março, e a proibição da Frente Ampla - que reunia políticos de diversos matizes em prol da redemocratização - pareciam anunciar um ano em que a falsa tolerância seria deixada de lado. Se em sua posse, em março de 1967, Costa e Silva prometeu "respeitar o Legislativo", em dezembro de 1968 o presidente não hesitou em usar a recusa do Congresso Nacional em permitir o processo contra o deputado Moreira Alves - por causa do referido discurso - como justificativa para decretar o Ato Institucional n. 5, fechando a Casa por tempo indeterminado.
Durante os anos seguintes, o uso do AI-5 e da "doutrina de segurança nacional" permitiriam cassações, suspensões de direitos políticos, atos de censura, prisões, torturas e assassinatos por motivos políticos, que passaram a ocorrer com a omissão dos governos e a despeito das denúncias e protestos em foros internacionais.
Anos depois buscam calar as vozes que se levantam contra a hegemonia, mas não é esse o papel dos profetas? Não é esse o sonho dos idealistas? Não é esse o respirar dos subversivos pensadores pós-modernos em contraposição aos arcabouços obscuros do medievo eclesiástico?
Oro por esperança, esperança por uma voz que não se cale, e no desespero profetize. Esperança do sonho de um ideal que não morre, pois só é na atemporalidade do SER. Esperança por ares e luzes que reascendam as trevas medievais e finalmente sejamos "ECLESIA".
Thiago Barbosa
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