A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Há esperança para a teologia brasileira?

Rubem Alves - o valor da repetição


A repetição produz conforto. Os crentes estão sempre em busca do conforto quando vão às igrejas aos domingos. A repetição conforta porque ela afirma a imutabilidade da verdade. E na medida em que a verdade dita no momento é a verdade que alguém já está acostumado a ouvir, cria-se a certeza de ser-se senhor da verdade.

Não é por acidente, portanto, que o protestantismo brasileiro não tenha produzido teólogos. Só pode haver vocações para tarefas possíveis. Quando tudo já está feito, como se sentir vocacionado para fazê-lo? Um jovem estudante de teologia procurou um dos seus professores para dizer-lhe de seus planos de ir para a Europa estudar teologia. E isto foi o que lhe foi dito: "Moço, para que estudar teologia? Não há novidades. A teologia só pode repetir aquilo que você já estudou aqui. Por que, em vez de estudar teologia, você não estuda psicologia pastoral?".

Quer isto dizer que no protestantismo não existe um estudo de teologia? De forma alguma. Desejamos simplesmente indicar que a teoria protestante de conhecimento não permite teologia como tarefa crítica, exploratória, criadora, pois isto pressupõe que o pensamento cristalizado no passado não é absoluto. A tarefa não é criar conhecimento novo, mas justificar o conhecimento velho. A teologia se define, portanto, como a aprendizagem dos processos dedutivos pelos quais o texto foi transformado em um sistema de doutrinas.

Rubem Alves em Religião e Repressão , Editora Teológica, p.139.


Espero ter força e perseverança para traçar meus próprios caminho, de forma que ao fim da jornada saiba que há suor, sangue e lágrimas nas minhas construções.

Até quando viveremos nas vãs repetições medievais que ainda insistem em reger o cotidiano da igreja como instituição? sim, como instituição, pois a igreja como comunidade é um ser metamorfo e recebe a forma que a ela damos. Seja a aparência boa ou ruim.

Thiago Barbosa

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