Paul Hutton, funcionário do zôo de Londres, foi trancado em um recinto - como os animais que vivem no local - construído de forma personalizada, onde mostrará a vida do ser humano no habitat natural. Além do quarto com mobiliário completo, o recinto possui uma espécie de pátio ao ar livre para Hutton representar as atividades diárias do homem, entre elas, a alimentação.
O intuito dos zoológicos é realmente este, demonstrar como os animais se comportam, permitindo que as pessoas observem o hábito destes em um ambiente que busca reproduzir o mais realisticamente possível o local onde tais animais são naturalmente encontrados. A proposta do zôo de Londres era justamente esta, apresentar os hábitos de um ser humano, de forma mais verossímil. Seria o início do Reality Show?
Reality show é um tipo de programa televisivo baseado na vida real. Podemos então falar de reality show sempre que os acontecimentos nele retratados sejam fruto da realidade e os visados da história sejam pessoas reais e não personagens de um enredo ficcional. Realmente chama a atenção os princípios motivadores dos “internos” na “casa mais assistida do Brasil”. Em site oficial, 76% dos participantes da edição BBB 2010 apontam o dinheiro como sua única e/ou principal motivação. Esta motivação não está apenas no Reality Show, ela se encontra disseminada nas sociedades brasileira e mundial. Pasmem, não são poucos os casos em que pessoas são motivadas pelas possibilidades de “dinheiro fácil” inclusive nas igrejas – basta mudar de canal que é possível acompanhar vários dos programas religiosos que abordam e se sustentam em tal temática. Infelizmente, com essa ação, poucos de nós sentem-se violentados.
Homossexualidade, agressividade, negociatas, mentira, exibicionismo, futilidade, sexualidade grosseira e dissimulação são algumas das tantas ações abordadas e apresentadas nos programas de realidade. São essas ações que nos incomodam como telespectadores, pois nos afrontam como cristãos. Mas não são estas as ações que formam e sustentam o mundo que conhecemos, vivemos e construímos nesse século XXI? Contra o mundo devastado por tais ações nós não nos indignamos, mas nos indignamos contra os programas de televisão que mostram em nossas casas, escancaram para nossas famílias, que valores como justiça, amor, domínio próprio, mansidão, caridade e benevolência são utópicos demais, distantes demais, inalcançáveis demais.
O que vemos nos shows de realidade são as ações que formam o mundo que nos cerca. Nossa indignação deve ser contra o mundo e todas as ações que nos afrontam como cristãos e, secundariamente, contra os programas televisivos. O BBB é nosso “zoológico televisivo”, lá observamos como a sociedade humana tornou-se banalizada pelo dinheiro e fama (23% das motivações restantes aos enclausurados globais). Observamos um mundo que se encontra em vias de um colapso originado pelo declínio das ações humanas, e agora, contra o eminente colapso, não nos indignaremos?
Os zoológicos não criam animais inexistentes, eles apenas os apresentam, tais quais são na natureza. O BBB não cria humanos hipotéticos, ele apenas os apresenta, tais quais são em nossa sociedade. Contra os programas de realidade e os princípios humanos em declínio abordados em suas programações já existe uma solução simples desde 1950, se gasta pouquíssima energia e não é necessário mais que uma fração de segundos, basta clicarem e mudar de canal (imenso o poder que emana de um simples controle remoto não?). Infelizmente a sociedade, o mundo e seus princípios degenerados continuarão nas ruas, nas esquinas, rondando escolas, trabalhos e igrejas. Infelizmente, contra os princípios degenerados que acometem a sociedade e o mundo em que vivemos ainda não há controle remoto possível. Contra a sociedade em declínio não há medida miraculosa, há apenas a necessidade de encararmos, dialogarmos e sonharmos que princípios como o amor e o respeito voltem a nos governar. Penso que devíamos começar por nós mesmos, mas isso é assunto para outro encontro.
Thiago Barbosa
(voltando a refletir sobre 1 João 5:4)
o falso moralismo nos faz usar dois pesos para uma mesma medida.O fato de nos indignarmos com os programas de TV e nem tanto com a realidade da sociedade em que vivemos cabe muito bem nisso.
ResponderExcluirque pena!
Obrigado por participar.
ResponderExcluirInfelizmente o falso moralismo sempre rondou o nosso meio evangelical.
Infelizmente a falta de critério em nossas análises relacionais sempre rondaram nosso meio evangelical.
Graças à possibilidade de mudanças. Talvez seja essa o maior legado de Cristo, indigne-se contra situações, não pessoas.
Seja esse nosso pensamento, se é que temos a autonomia libertária do pensamento.