A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

terça-feira, 21 de julho de 2009

Igreja e escolas - Quando eu crescer quero ser Paulo Freire...rs...

Novamente convidado a falar perante a igreja e, novamente, não gostei. Sempre tenho a impressão de que poderia ter me doado mais, preparado mais, pensado mais. A certeza de que sou capaz de melhorar. Infelizmente isso me deixa um pouco mal depois, com a horrível sensação de serviço mal feito. Acompanha-me tal sensação sempre que falo em público, minhas aulas eram assim.

Acho primordial a troca de experiências, a possibilidade de relação e troca entre professor e aluno, da mesma forma como a relação de troca entre pastor (preletor) e ovelhas (fiéis) deveria ocorrer. Alguns mais ortodoxos devem imaginar que busco rebaixar a idéia de igreja aos patamares de escola. Na verdade, elevo o nível de igreja ao nível de escola, não como a conhecemos – tanto uma como outra – mas um nível que deveríamos conhecer. Uma elevação utópica, mas a utopia não é o que direciona e possibilita a vida?

O princípio Batista “reza” que fé genuína deve estar obrigatoriamente atrelada à uma busca racional da verificação dos textos e discursos religiosos. Aceitamos o mesmo platonismo epistemológico nas escolas e nas igrejas. Como já fui platônico...(ufff)... Assumo que tentei - ainda falho e falharei – mas tentei. A possibilidade de ser o líder, o ponto de referência, o patamar almejado, me seduziu e confesso foi meu objetivo durante anos a fio. Hoje apenas busco a fidelidade a uma busca pela verdade que seja minha, não a de outra pessoa ou instituição, mas que verdadeiramente seja minha verdade. Verdade que leva à liberdade.

Nas aulas, principalmente de pré-vestibular, era o detentor das informações biológicas. Nada de troca, apenas informação fria, calculista, estática, apelativa e “engraçadinha”. Os alunos adoravam, se iludiam na possibilidade de estarem sendo preparados para a vida. Mentira. Eram preparados para uma parte momentânea e frívola. Eles se iludiam que recebiam conhecimento, eu me iludia que fornecia conhecimento, e ambos caminhávamos para o ostracismo da ignorância da vida. Tentei mudar e confesso foi árduo. Como os alunos reclamaram. Gostavam do pseudo-conhecimento, da pseudo-busca. Queriam a faca e o queijo, lhes ofereci a fome, eles gritaram pela faca e o queijo, e quando obtiveram seus almejados utensílios notaram que sem fome de nada adiantariam a faca e o queijo. Tornei-me o carrasco, mas finalmente era sincero com minha busca pela verdade de “vir a ser”.

Nas igrejas não são idênticos os padrões epistemológicos? Somos frios ao discordar de posturas “pecaminosas”, calculistas nos axiomas de crescimento numérico, estático nos padrões de análise e critica de um mundo que se torna adulto, apelativos na distorção de verdades para sustento de visualizações pessoais de um líder e “engraçadinhos” para dissolver complexidades existenciais que regem a humanidade permitiindo uma sensação de torpor analgésico por mensagens instantâneas e pouquíssimo substanciosas. E como as ovelhas gostam, ah se gostam...

Ainda me resta a esperança de que as escolas formem pessoas e finalmente se desassociem das “linhas Fordianas”. A esperança de que as igrejas permitam que humanos sejam humanos, com todos os prós e contras que estão agregados a estas condições. A esperança de que todos (e logicamente me incluo nesse bolo) possamos notar a imperiosidade obrigatória da troca relacional, entre igreja e pastor ou aluno e tutor, para que efetivamente possamos nos encontrar – não apenas com Deus – mas com nosso próprio EU.







Thiago Barbosa

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