A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

terça-feira, 7 de julho de 2009

MICHAEL JACKSON - Um profeta?


Paul Tillich, preocupou-se com a compreensão e com a crítica da realidade nos aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos. Em função disso, como visto, estabeleceu amplo debate entre a teologia e diferentes campos do conhecimento, o que possibilitou refutar formas de reducionismo e de absolutismo religioso ou teológico. Nesse sentido, está a referência à sua produção como teologia da mediação.

As experiências de vida que o fizeram confrontar-se com a realidade de sofrimento humano vivenciado de maneira especial com o nazismo e no período das grandes guerras mundiais destruíram a mentalidade liberal e o otimismo que possuía em relação às iniciativas humanas. Todavia, não obstante a isso, Tillich sempre insistiu na participação compromissada em projetos de transformação social.

Isso foi possível devido, entre outros fatores, à formação cultural dele, em especial as influências filosóficas do existencialismo e do marxismo, que ofereceram substancialidade ao seu pensamento teológico. A síntese criativa e crítica dessas perspectivas filosóficas possibilitaram, por um lado, uma visão crítica da igreja e da sociedade e, por outro, participação ativa nos processos sociais, eclesiais e políticos de sua época.

Essa postura dialética, sintonizada com o profetismo bíblico, contribuiu para a formulação de conceitos que o autor aplicou para a compreensão da cultura e da história. Trata-se, principalmente, do princípio socialista, do princípio protestante, do Kairos, de teonomia, da situação-limite e da Comunidade Espiritual. A metodologia teológica do autor não poderia estar dissociada do conjunto de questões de sua vida, em função do peso da reflexão existencial por ele atribuída. A metodologia por ele proposta tentava oferecer respostas às indagações da situação humana, com a devida integração das dimensões existencial e social, o que garante relevância e substancialidade da produção teórica de Tillich, mesmo em outros contextos sociais e em outras épocas. O seu método da correlação procura explicar os conteúdos da fé cristã por intermédio de perguntas existenciais e de respostas teológicas em mútua interdependência.

As perguntas da existência humana e as respostas teológicas conduzem o ser humano a um ponto que não se refere a um momento no tempo, mas ao ser essencial do humano em sua unidade existencial que reúne a finitude humana e a infinitude divina. Nesse sentido, ficam destacadas as preocupações de Tillich com a cultura, com a história e com a busca do Incondicionado.

Tillich compreendia que somente as pessoas e os grupos que experimentarem o impacto da transitoriedade, a ansiedade gerada pela consciência de sua finitude, a ameaça do não-ser, as ambigüidades trágicas da existência histórica e questionarem radicalmente o sentido da existência, podem entender o que significam a Palavra e o Reino de Deus. Ainda que previamente, é possível concluir que o Reino de Deus, uma vez em correlação com o enigma da existência histórica, é o sentido, a plenitude e a unidade da história. A experiência de vida, o método teológico e a preocupação de Tillich em estabelecer uma relação da teologia com a cultura e com a história, e a busca incessante pelo Incondicionado, como Preocupação Última, são aspectos que o autorizam como interlocutor nas reflexões teológicas de hoje.

Utilizando de padrão os conceitos de manifestação da “divindade” nos aspecto cultural de uma sociedade podemos notar “insights” de ação e manifesto de um Deus que é símbolo para Deus. Em tempos modernos, onde a igreja paradoxalmente é medieval, notamos a insurgência de gritos proféticos dos “cultuados culturalizadores”. Os artistas, outrora subversivos e saltimbancos, assumem a voz profética de uma igreja que se cala frente à sociedade atônita. A igreja se cala mediante a sociedade e sussurra para Deus sem nada conseguir. Os artistas gritam para si mesmos, mas se tornam os profetas de uma sociedade sem Deus.

Quando seremos novamente profetas? Não sei. Alusivo ao proposto acima e relembrando o post sobre John Lennon do amigo Allan, gritou MICHAEL JACKSON!

We Are The World (tradução)
USA For Africa
Composição: Michael Jackson & Lionel Ritchie


We are the World (Nós Somos o Mundo)
Chega um momento, quando ouvimos uma certa chamada
Quando o mundo tem que vir junto como um só
Há pessoas morrendo
E está na hora de dar uma mão a vida
O maior presente de todos
Nós não podemos continuar fingindo todos os dias
Que alguém, em algum lugar irá mudar
Todos nós somos parte da grande família de Deus
É a verdade
Você sabe que o amor é tudo que nós precisamos

Refrão:
Nós somos o mundo, nós somos as crianças
Nós que fazemos um dia mais brilhante
Assim comecemos nos dedicando
Há uma escolha que nós estamos fazendo
Nós estamos salvando nossas próprias vidas
É verdade que nós faremos um dia melhor, só você e eu
Lhes envie seu coração assim eles saberão que alguém se preocupa
E as vidas deles serão mais fortes e independentes
Como Deus nos mostrou transformando pedras em pão
E por isso todos nós temos que dar uma mão amiga

refrão
Quando você está acabado, e não aparece nenhuma esperança
Mas se você acredita que não há nenhum modo que nos faça cair
Nos deixa perceber que uma mudança só pode vir
Quando nós nos levantamos junto como um só

Thiago Barbosa

4 comentários:

  1. Você disse:

    "Tillich compreendia que somente as pessoas e os grupos que experimentarem o impacto da transitoriedade, a ansiedade gerada pela consciência de sua finitude, a ameaça do não-ser, as ambigüidades trágicas da existência histórica e questionarem radicalmente o sentido da existência, podem entender o que significam a Palavra e o Reino de Deus."

    Creio q Michael, apesar de toda sua grandeza artística e representação como símbolo para o mundo sabia oq significava a palavra "DEUS"...o impacto de suas letras deixaram uma impressão doq ele prezava: Amor, compreensão, compaixão, amizade e juntos em amor podemos fazer um mundo melhor.

    Acredito q mesmo uma unânimidade como Michael JAckson (seja como pessoa, seja como artista), tinha plena noção de sua finitude, se assim não fosse, ele não teria deixado mensagens tão positivas, mensagens tão raras de se ver no MAINSTREAM atual...

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  2. Certa vez li no livro de Phillip Yancey - Alma Sobrevivente - que nos acostumamos tanto aos nossos profetas que não conseguimos ouvir os brados de justiça daqueles que não comunga de nossa fé!

    Michael, Lennon, Gandhi, Dalai Lama e tantos outros que lutam pela paz mundial têm mto a nos ensinar sobre como trazer o Reino de Deus dos céus para a Terra... Como parar de lutar por um grupo ou outro e lutar pela humanidade!

    Há um antigo ditado que diz: Deus não fará o que os seres humanos podem fazer. Sendo este verdade ou não, ilustra bem que nós seres humanos temos condições de sairmos da zona de conforta da "esta é a vontade de Deus" e criarmos um mundo mais humanitário! Onde o Amor, sim, este puro e eterno sentimento passe por cima da segregação por raça, sexo, posição social e/ou econômica, credo religioso...

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  3. Tantos compromissos, cada vez mais urgentes. Tantas atividades, cada vez mais imediatas, que nos cobram não perder nenhuma informação, não podemos nos desatualizar no cotidiano... Toda essa pressão por agilidade tem nos moldado para uma visão superficial das circunstâncias. Isso nos impede de sentir o que está a nossa volta, vez ou outra surge algem que clama pela razão em prol do sentimento.
    Graças a Deus por essas manifestações emergentes. Que nos relembram qual o sabor que o "sal" proporciona na vida. "Vós sois o sal da terra e a luz do mundo." Aproveitemos esses "insights" para proclamar a verdade que todos precisam ouvir.
    Uma hora a ficha cai.

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  4. Obrigado pela participação de todos...continuem mandando seus comentários...

    Abraços

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