A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

sábado, 11 de julho de 2009

Bonhoeffer, Lucy Ferry, e um problema antigo...

Uma das propostas do livro "Depois da Religião" de Lucy Ferry e Marcel Gauchet é o questionamento quanto à "saída da religião e a permanência do religioso". Semelhante a Bonhoeffer - ou aquilo que entendi do trecho deste teológo transcrito pelo Thiago -, esses dois filósofos franceses enxergam a situação atual da Europa Ociental, que é esse período de "arreligiação".
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No caso desses franceses a questão quanto a "Cristo ser o Senhor dos arreligiosos" e do lugar da igreja nesse contexto já não é discutido, apesar de que a existência humana é um dos assuntos em discusão - em segundo plano mais ainda em discussão. Nesse caso o debate gira em torno do reconhecimento de uma sociedade onde, nessa situação específica, a religião é algo do passado. Como se diz logo na página 7: "De fato o que se apaga, de modo definitivo, é uma visão do mundo inteiramente estruturada pela religião (como heteronomia), uma concepção em que o religioso impregna todos os setores da vida pública e privada."
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Se a plataforma de questionamento de Bonhoeffer for de fato o pensar teologicamente, levando o séc 19 a sério, poderíamos dizer que Lucy Ferry retomou essa antiga discusão. Obviamente que analise desse filósofo se torna imcompleta sob um olhar teológico, que analisará o metafísico em relação ao mundo natural. Porém, creio que - lembrando de nosso querido professor Osvaldo Luis - Bonhoeffer se encontra entre os teólogos fenomenológicos, portanto, seu olhar na teologia é puramente horizonta, não vertical.
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Não cabe a mim responder agora o que será do Cristianismo nesse mundo arreligioso - característico da europa, não do restante do mundo (por enquanto) - e como este deve se portar num mundo secularizado, onde a religião vem ditando cada vez menos as leis públicas e privadas de uma sociedade. Cabe sim continuarmos a fazer perguntas, e como é o caso do thiago, tendo intensas disenterias, para que essas perguntas possam fazer girar as engrenagens da mente e do pensar teológico.
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Termino por aqui deixando um trecho do livro "Depois da Religião", que retrata bem essa arreligião, mas a quase impossibilidade do arreligioso: "Muitos jovens sonhadores, que se querem modernos até o ultimo fio de cabelo e que se julgam libertos dessas velharias ( religião ) que mal podem imaginar, são místicos sem sabê-lo, em busca de uma experiência espiritual. Festa, trase, vertigem, estados alterados de consciência obtidos pela música ou por substâncias adequadas: o que sempre está em causa é o acesso a uma outra ordem de realidade [...] Diz respeito à aspiração de fugir da prisão do cotidiano." (p. 12)
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Alan Buchard

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