A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Eu e Tomás de Aquino

Conhecido na Igreja Católica como São Tomás de Aquino, este clérigo nasceu em 1225 na cidade de Roccaseca, no reino de Nápoles - Itália. É considerado o santo mais sábio, e o santo dos sábios. Representante áureo da Escolástica, linha dentro da filosofia medieval, de caráter cristão.

Teólogo e filósofo, Tomás de Aquino revolucionou a forma de se pensar o mundo e a metafísica de sua época. Diante de um contexto filosófico de predominância do sistema religioso neoplatônico, este monge reapresentou ao mundo Ocidental, a forma de pensar aristotélica, que surpreendeu todo o sistema vigente de seu tempo.


Aquino defende uma forma de pensar (gnosiologia) empírica e racional, sem inatismos e iluminações divinas¹, onde o intelecto ilumina o mundo para que possamos conhecê-lo². Um conhecimento que não nos advém de fora, como pretendia o iluminismo agostiniano. Além do conceito de verdade ser perfeitamente harmonizado com a concepção realista do mundo, que é justificado experimentalmente e racionalmente³.
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Tomás procura dar uma filosofia ao pensamento cristão, conciliando fé e razão. Contudo, diferentemente do Santo Agostinho que subordinava a razão à revelação e a experiência do divino. Além de ir contra o apriorismo intuicionismo platônico-agostiniano.
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Em sua metafísica, o Aquinate, afirma que primeiro sabemos o que Deus não é (teologia negativa); entretanto conhecemos algo positivo graças à doutrina da Analogia, onde o conhecimento de Deus se deve realizar partido das criaturas, pois o efeito deve ter semelhança com a causa. O que conhecemos a respeito de Deus é, portanto, um conjunto de negações e de analogias, não sendo falso, porém, incompleto. Ele sintetiza afirmando: conhecemos Deus unicamente mediante à razão, partindo da experiência sensível.
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Observando todas essas definições, ratifico minha posição contida nos post anteriores que Deus, tal como nossa limitação nos permite conhecer, é fruto de nossa experiência de mundo, portanto subjetivo e relativo, fazendo analogia com nós mesmo.
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Pensando assim, Deus em todas as religiões presentes no globo terrestre será apenas símbolo, representação dos próprios seres humanos, como Voltaire disse: à imagem e semelhança do homem.
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Se quisermos pensar num Deus realmente divino e absoluto, devemos considerar nossa incapacidade em concebê-lo.
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Referências Bibliográficas: ¹ - História da Filosofia, H. Padovani e L. Castagnola, p. 180-184
² - Idem
³ - Idem
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Alan Buchard

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