A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Até quando?

O Senhor não voltava, mas Constantino aparecera... Aleluia!... Gritavam os crentes!

Metido na sua corte, como seu escriba, estava um cristão chamado Lactâncio. Foi Lactâncio o “profeta” de Constantino, sim, pois foi dele a interpretação de que o meteoro caído diante deles antes do ataque a Roma, para tomar o poder, era um sinal de Jesus de que Constantino era o “escolhido”, o “cristo da história”, o Imperador que, pela espada, imporia o Reino de Deus, ainda que a proposta fosse a de que o império romano de Constantino não teria fim, sendo uma espécie de “reino davídico dos cristãos” — o que se tornou realidade/engano pelo fato de que a Igreja Católica Apostólica Romana é a Roma de Constantino viva até aos dias de hoje...

Lactâncio teve um papel fundamental na construção do Constantino Décimo Terceiro Apóstolo de Jesus, o apóstolo imperador, o apóstolo da espada, o apóstolo das glórias terrenas e da Igreja Triunfante na Terra, não nos céus.

Foi de Lactâncio a inspiração de que o “tamanho da igreja e sua presença em todo o império”, seria de grande valor político para Constantino. Foi dele a idéia de colocar a chamada Cruz de Constantino como novo Emblema do Império, substituindo a Águia.

Também foi dele a idéia de fazer da fé em Jesus uma Religião Oficial no Império. Sim, o escriba Lactâncio foi um cristão cansado de ser perseguido, e que estava próximo demais do poder para não tentar influenciar em nome de Jesus...

Ora, Lactâncio começou apenas buscando mais tolerância para os cristãos [...], mas depois de um tempo suscitou no Imperador a certeza política de que o grupo dos escravos amantes de Jesus era a melhor base de apoio que ele poderia ter no Império, dado ao tamanho e à capilaridade da igreja dos discípulos de Jesus.

Foi dele também a idéia de que o Imperador agradaria aos cristãos construindo Basílicas nos lugares mais históricos para a fé dos cristãos...

Ele foi a peça fundamental também na construção dos elos entre o Imperador e os bispos das igrejas locais, ainda escondidas e intimidadas.

Da noite para o dia os bispos viravam eminências pardas.

Depois Constantino aprendeu a andar com as próprias pernas, manobrando os bispos na medida em que lhes dava poder...
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Ilude-se aquele que pensa ser esse um relato vil do medievalismo. Aqui, na pós modernidade, estamos nós ainda reféns dos "profetas de Constantino", do uso do poder, da prepotência, da arrogância, do menosprezo pela consciência individual que forma e emoldura a saúde de uma possível consciência coletiva em nossas comunidades de fé.
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Aqui ainda vivemos nossos joguetes de poder, enquanto isso ovelhas são tragadas, ossos triturados como se fossem pão, no ardiloso jogo dos "falsos pastores", "falsos padres", "falsos pais e mães de Santo", que se utilizam da eterna busca pelo Sagrado, para que sua fome de domínio seja saciada.
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Até quando?
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Resta a oração que diz:"... mas livra-nos do mal. [Porque Teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém]" (Mt 6,13 b).
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Thiago Barbosa

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