Muitos
conservadores, principalmente cristão, tem sérios problemas com a chamada "crítica das tradições".
Confesso que em certa medida compreendo sua preocupação. Digo isso, pois, em
sua maioria, os “críticos” da tradição se põem não a desestabilizar seu objeto
de crítica, mas a inculcar uma nova espécie de tradição/ideologia, comprometida
totalmente com seus umbigos.
Mas,
não é por isso que se deva, penso eu, demonizar a atitude crítica. Até porque
tudo o que não passa por um abalo sísmico tende a se tornar totalitário,
dogmático e isso é perigoso. A história nos dá muitas evidências de que toda
ideologia, doutrina, dogma, escola de pensamento, etc., que não tenha sofrido
críticas bem direcionadas, tornaram-se um perigo de proporções gigantescas. Portanto,
a tradição também deve sofrer a crítica, o abalo.
Todavia,
a tradição não é um mal em si. Pode-se criticá-la, porém, deve se fazer um
juízo justo. Quero dizer: deve-se reconhecer o que é positivo na tradição. Um
exemplo: lembro-me de ouvir uma bela crítica a meu querido filósofo Nietzsche.
Dizia: “Ele criticou ferozmente o Cristianismo, mas não podemos negar que ele
era Ocidental. Sendo Ocidental, incontestavelmente, é filho da tradição cristã”.
Nietsche falava a partir de uma sociedade cristã, a qual lhe formou. Além
disso, sua crítica radical tem um colorido bem protestante, com uma ânsia de “não
ser idólatra” e de ser “sacerdote de si”.
Considero,
pois, que não se deva temer a crítica da tradição, no entanto, deve-se avaliar
a “justiça” da mesma, ou, de outra forma, fazer uma “crítica da crítica” para
perceber se o caminho é realmente o mais “excelente”. Cuidemos para que uma
tradição dogmática não substitua a outra.
Jonathan