A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Sobre crítica da tradição






Muitos conservadores, principalmente cristão, tem sérios problemas com a chamada "crítica das tradições". Confesso que em certa medida compreendo sua preocupação. Digo isso, pois, em sua maioria, os “críticos” da tradição se põem não a desestabilizar seu objeto de crítica, mas a inculcar uma nova espécie de tradição/ideologia, comprometida totalmente com seus umbigos.
Mas, não é por isso que se deva, penso eu, demonizar a atitude crítica. Até porque tudo o que não passa por um abalo sísmico tende a se tornar totalitário, dogmático e isso é perigoso. A história nos dá muitas evidências de que toda ideologia, doutrina, dogma, escola de pensamento, etc., que não tenha sofrido críticas bem direcionadas, tornaram-se um perigo de proporções gigantescas. Portanto, a tradição também deve sofrer a crítica, o abalo.
Todavia, a tradição não é um mal em si. Pode-se criticá-la, porém, deve se fazer um juízo justo. Quero dizer: deve-se reconhecer o que é positivo na tradição. Um exemplo: lembro-me de ouvir uma bela crítica a meu querido filósofo Nietzsche. Dizia: “Ele criticou ferozmente o Cristianismo, mas não podemos negar que ele era Ocidental. Sendo Ocidental, incontestavelmente, é filho da tradição cristã”. Nietsche falava a partir de uma sociedade cristã, a qual lhe formou. Além disso, sua crítica radical tem um colorido bem protestante, com uma ânsia de “não ser idólatra” e de ser “sacerdote de si”.
Considero, pois, que não se deva temer a crítica da tradição, no entanto, deve-se avaliar a “justiça” da mesma, ou, de outra forma, fazer uma “crítica da crítica” para perceber se o caminho é realmente o mais “excelente”. Cuidemos para que uma tradição dogmática não substitua a outra.

Jonathan

  

 

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