A arte de pensar livremente

A arte de pensar livremente
Aqui somos pretensiosos escribas. Nesses pergaminhos virtuais jazem o sangue, o suor e as lágrimas dos que se propõem a pensar com autonomia. (TeHILAT HAKeMAH YIRe'aT YHWH) prov 9,10a

sábado, 21 de janeiro de 2012

A educação da dúvida

Hoje sou professor. Gosto muito do que faço, embora ainda tenha coisas que me desagrada, mas são coisas menores, pequenas, muito insípidas perto do prazer de estar em sala de aula.
Sim, o grande prazer nem é tanto estar como professor, mas sim estar em sala, ali o ambiente me soa mágico, lúdico, é ali que está aberto o campo da dúvida e da autonomia, e essas são palavras importantes de serem resgatadas, ainda mais por quem se enxerga como professor.


Minha caminhada até aqui foi em sala de aula, fui pra lá muito cedo, com pais que têm uma longa jornada de trabalho fora do lar, a escola acaba sendo o refúgio dos órfãos de horário comercial. Creio ser essa impressão que torna parte das escolas depósitos de crianças, e não mais um lugar tão lúdico assim. Isso parece ficar mais grave à medida que a criança se desenvolve, as dúvidas são tidas como afrontas aos mestres. Pobres mestres, já não são mestres se perderam a percepção de que a dúvida é o combustível de sua profissão. Inverteram a lógica do aprendizado, disseram que as respostas são mais importantes. Mentira. As respostas, se vieram, vieram por intermédio de uma pergunta, assim, matar a noção de curiosidade, da busca, é aniquilar o senso motor da educação.


Bom será o dia em que poderei me calar, e mediante a chuva de indagações, eu ficarei em silêncio, aí sim as crianças terão tomado para si a educação. Não essa curricular, segmentada, aprisionada em afirmações assertivas e predispostas, mas antes a educação dos anseios e expectativas da humanidade.


Se uma oração pode ser feita por um professor ela mescla cristianismo e filosofia: “Deixai vir a mim os pequeninos” (...)”só sei que nada sei”.


E pra não dizerem que não falei de Edgar Morin, que se levante na sociedade a educação do PENSO LOGO EXISTO, assim como a do EXISTO LOGO PENSO.


Thiago Barbosa

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Os inimigos da razão

Eis mais um vídeo de Richard Dawkins. Certamente não concordo com todos os seus apontamentos, porém, creio ser tão importante aprofundarmos naquilo que concordamos quanto naquilo que NÃO concordamos. Na teologia devemos nos aventurar na dúvida, no questionamento, assim nossas percepções serão cada vez menos certas, porém, serão cada vez mais nossas, pessoais. Talvez assim tenhamos contato com um ser humano não segmentado, mas, completo, complexo, tanto biológico quanto noológico. Como os pés firmes no hoje, nas gentes, mas com a mente que transcenda a finitude  e apresente a esperança.

Creio que Dawkins seja tão fundamentalista quanto qualquer clérico cristão, porém o clérico olha para a casa e vê dentro um homem, Dawkins e seu ateísmo olha para a casa e não vê ninguem lá dentro. Sendo a casa uma metáfora para o metafísico, ambos têm fé, e muita, vendo ou não vendo o homem na casa. Aconselho sempre a leitura homeopática de A ESSÊNCIA DO CRISTIANISMO - Ludwig Feuerbach. 

Ps. Esta conduta esotérica teima em aproximar-se dos discursos proferidos nos púlpitos cristãos. Talvez seja a hora de visitar as vociferações de Dawkins, e mais, de tudo aquilo que o século XIX já nos dizia com seus pensadores, para construirmos um novo trilhar para a religião. Teimo em prosseguir na solidão de meu caminho, com o vento gélido no rosto, e o horizonte amplo e inóspito à frente; sei que não estou sozinho, mas mesmo esta multidão trilha o caminho autônomo, sós, enfim.





Thiago Barbosa